palavras não são suficientes

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Pov narrador

Mais precisamente às 9h da manhã a campainha de Dinah tocou, a pegando completamente de surpresa. Primeiro, ela não estava esperando por ninguém e segundo, poucas pessoas tinham o seu novo endereço. Então, provavelmente era a Lauren ou o síndico do prédio.

Se enrolou num roupão, pois só usava uma calcinha cobrindo quase nada do seu corpo.  Se arrastou como uma lesma até a porta. E seus olhos se arregalaram em surpresa quando deu de cara com Normani parada em sua porta. A mulata vestia uma calça de malhar, um moletom e usava óculos escuros.

-Normani, o que faz aqui?- Dinah perguntou com a voz rouca, apertando o roupão contra o seu corpo.

-Eu queria conversar um pouco...- passou a mão na nuca, trocando o peso de uma perna para outra.- Será que eu posso entrar?

-É, claro, entra ai!- deu espaço para que a menor pudesse adentrar em seu apartamento.- Não repare a bagunça!

-Seu apartamento é muito bonito, Dj! Combina com você.- disse olhando em volta de forma avaliativa.

-Obrigada! Se importa de esperar um pouquinho aqui enquanto eu tomo um banho rápido?

-Não, pode ir lá eu te espero!

-Certa, estou de volta em cinco minutos.

Enquanto Dinah estava no banho, Normani permaneceu sentada no sofá. Esfregando o pano da sua calça diversas vezes tentando disfarçar o nervosismo. O que foi difícil! Tinha passado metade da noite anterior acordada, pensando no que realmente iria dizer, mas acabou que só conseguiu algumas olheiras e poucas horas de sono.

A verdade era assim desde que Dinah tivera ido embora, ela não conseguia dormir direito nenhuma noite. E depois de conversar com sua mãe ela teve a certeza de que precisava correr atrás do seu amor. Mesmo que não fosse a tarefa mais fácil do mundo. Mas pelo menos Dinah não tinha batido a porta na sua cara. Talvez era um bom sinal.

-Já tomou café da manhã?- Dinah perguntou, entrando novamente na sala depois de quase dez incontáveis minutos, com uma toalha presa na cabeça.

-Na verdade sim! Vim para cá assim que terminei o café.

-Sobre o que você quer conversar comigo que não poderia ser por celular?- questionou sem rodeios. Mas antes que Normani pudesse pensar numa resposta, ela se adiantou.- Vamos para cozinha por que eu estou morrendo de fome.

A mulata seguiu a loira, tentando manter sua postura segura de si. Era certo de que a presença de Dinah mexia consigo, mas não podia vacilar no seu objetivo.

-Se importa de falar enquanto eu cozinho? Sou todos ouvidos.

-Claro!- Dinah não viu pois estava de costas, mas os músculos das negras ficaram rígidos por alguns momentos.- Eu vim aqui para falar sobre todas essas coisas que aconteceram entre a gente durante essas meses que se passaram.

-Sobre o que exatamente você quer falar?- perguntou equilibrando dois ovos e um pedaço de bacon nas duas mãos.

-Sobre tudo! Olha, nós sabemos que tudo começou de uma maneira errada e maluca também. Sabe, até pouco tempo atrás eu tinha certeza de que era apaixonada por paus. De que caras eram a minha praia. Dai vem você e tudo começou a ficar confuso para mim. Aconteceram coisas que não deveriam acontecer e você diz ter se apaixonado por mim.- Dinah deixou seus ovos e bacon na frigideira dando total atenção para a outra agora.- Eu surtei, fiquei louca! Era inusitado para mim a ideia de ter outra mulher apaixonada por mim, mas daí eu percebi que era a melhor coisa que já tinha me acontecido. E também me apaixonei por você! Mas só me dei conta disso quando você foi embora e eu fiquei sozinha.

-Quer dizer que você percebeu que estava apaixonada por mim só quando eu fui embora?- Normani apenas balançou os ombros e sacudiu a cabeça concordando.- Nada do que eu te disse ou fiz por você antes não tinha sido o suficiente para você perceber que eu era louca por você? Nadinha mesmo? Porra, Normani! Eu sofri tanto por tudo que passei e mesmo assim fiquei, porque eu entendi que era difícil para você descobrir se gostava de mulheres ou não. Eu te deu seu tempo. Te dei espaço. E derrepente te vejo aos beijos com um mulher. Você sabe o quanto aquilo me machucou? Foi como uma traição em um relacionamento de anos.

-Eu sei que eu fui a maior idiota de todos os tempos com você, Dinah! E eu me arrependo a todo momento por ter sido tão burra ao ponto de perceber que eu não gostava de mulheres, eu gostava de você. Eu sou apaixonada por você! Apenas você!

-Não, Normani! Você não é apaixonada por mim! Você só se acostumou com uma campainha para não ficar sozinha naquele apartamento enorme. E agora que não estou mais lá, você sente minha falta. E eu entendo! Também é estranho para mim morar aqui sozinha depois de morar com você durante esse tempo. Mas daqui a pouco a gente se acostuma e começamos a seguir a vida normalmente.

-Dinah, não é isso!- disse de forma desesperada, sentindo um nó se formando na sua garganta.- Eu gosto da sua campainha sim! Você é legal, inteligente, divertida, entre outras coisas. Mas o que eu quero dizer e que eu me apaixonei por você, assim como você por mim. E não aguento passar um segundo se quer sem você por perto.

-Sabe o que é engraçado? Eu demonstrei o meu amor por você o tempo todo e você não deu importância. Beijou quem tinha que beijar quando te deu na telha e eu assisti e sofri. Agora eu não quero mais sofrer, Normani! Eu cansei disso! Quem me garante que você não vai fazer a mesma coisa de novo?

-Eu, eu te garanto, Dinah! Eu estou aqui te dando a minha palavra!

-Esse é a porra do problema, Normani! Palavras. São só palavras! E elas mudam a todo o momento. Eu não preciso das suas palavras!

-O que você quer então? Eu faço qualquer coisa!

-No momento eu só quero que você sai daqui...- Dinah não queria mais olhar para aquela carinha de cachorro abandonado que Normani estava fazendo. Não podia seder, não naquele momento.

Ela caminhou até a porta da sala, abriu e ficou esperando que Normani entendesse o seu pedido, sem precisar ser mais grossa.

-Dinah, por favor, eu te amo!

-Só sai antes que eu chame o porteiro para te tirar daqui.

-Você não faria isso!

-Está duvidando de mim?- perguntou de forma ameaçadora.

Normani escolheu os ombros e suspirou derrota. Sabia que não seria fácil, mas doía do mesmo jeito. Ter Dinah a tratando daquele jeito era pior do que qualquer dor que já tinha sentido.

-Saiba que eu não vou desistir de você!- disse passando pela loira que evitou olhar em seus olhos.

Assim que Normani passou pela porta, Dinah fechou a mesma com toda força, sentindo um lágrima involuntária rolar pelo seu rosto. Não sabia se chorava de raiva ou por ter ouvido tudo o que a outra tinha lhe dito. Mas seu momento durou poucos segundos, assim que sentiu o cheiro de queimado vindo da cozinha e o alarme de incêndio disparar.

Normani entrou no seu carro arrasada. Com lágrimas grossas transbordando de seus olhos. Mas não podia desistir. Essa tinha sido apenas a sua primeira tentativa. E como Dinah disse, ela não precisa de palavras. Precisava pensar em alguma coisa que pudesse ligar ela e Dinah de uma vez por todas.

E então mores? Não demorei dessa vez, viram?

Me digam o que acharam!

Beijos e até a próxima!!!

Casadas in Las Vegas (correção)Onde histórias criam vida. Descubra agora