Capítulo 22

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POV Andréia

O casamento foi lindo, me emocionei imaginando o meu. É perceptível o grande amor entre Larissa e JC, e estão radiantes de felicidade. O casal viajará em lua de mel para Angra dos Reis e morarão na linda casinha que Manoel reformou.

O sr. Magalhães acompanhou vovó Severina como padrinho e só aumentou as brincadeiras sobre o casal. Ela fica muito irritada, mas penso que ele gosta. Quem diria que aquele velho ranzinza mudaria tanto...

A pequenina Lívia esteve encantadora e até Toninho conseguiu manter-se limpo, pelo menos até o final da celebração. Já na festa é outra história.

Apesar de toda a alegria por conta do enlace, estou preocupada com Edmilson. Ele convidou Janaina para ir, porém ela está muito fraca e não conseguiu. Quase já não sai da cama, e dói ver uma jovem vida se esvair assim.

Ele passa todo seu tempo livre junto com ela, em sua casa. Há uma melhor amiga chamada Patrícia, que sempre está presente, e formam um trio triste de se ver. Seus pais estão desolados, mas a medicina já fez tudo o que podia, apenas um milagre agora.

Por causa de meu jovem cunhado, fiz amizade com a família e visito a menina com frequência, tentando levar conforto e carinho. Deixei meu telefone pessoal, para caso ocorra alguma emergência, e hoje recebo uma ligação.

Entro em sua casa após poucos minutos e a cena é comovente. Por mais que não queira, é inegável que sua hora chegou. Encontro Edmilson em prantos segurando sua mãe de um lado da cama enquanto seus pais ficam do outro. Patrícia chora nos braços de minha sogra.

Aproximo-me da menina e vejo lágrimas descendo lentamente por seu rosto. Ela pede um momento a sós com Edmilson, e peço a todos para saírem.

Alguns minutos doloridos correm antes que ele saia de seu quarto, e peça para que a amiga Patrícia entre.

Ela despede-se de seus pais por último. Só posso imaginar quão doloroso é perder um filho e não desejo essa dor nem para um inimigo.

Janaina morre serenamente, tendo as pessoas que a amam ao seu redor. Para os que ficam, a dor é insuportável, mas ver o sorriso angelical em seus lábios é um consolo.

D. Maria abraça Edmilson, que chora no colo da mãe. Ela envolve Patrícia também, que estava sozinha em um canto.

Choro no ombro de Manoel, que chegou pouco antes da menina falecer. Mas me recomponho rápido e tomo as providências para a remoção do corpo. É uma tarefa difícil que sua família não tem condições de cuidar.

A menina é levada pela funerária e o enterro é marcado para o dia seguinte, pela manhã. Vou com Edmilson e família para sua casa e o menino vai para seu quarto e fecha-se em seu sofrimento.

Meu primeiro amor também foi o único e começou jovem também. Por isso, não subestimo seus sentimentos e posso imaginar quão duro está sendo.

O sepultamento é desolador. Sua mãe precisa ser medicada, pois está inconsolável. Seu pai está destruído e seus irmãos pequenos choram sem parar.

Patrícia não sai um minuto de perto de Edmilson, e um é o apoio do outro. É bonito ver uma amizade que se fortalece num momento de dor.

Uma semana depois, há a missa de sétimo dia. Observo que a mãe ainda precisa ser amparada, mas o desespero deu lugar à tristeza. Converso com ela e a oriento a procurar alguém para conversar, o padre ou mesmo um grupo de apoio. Indico minha psicoterapeuta Aline. Ela agradece-me com um longo abraço e volta para os braços do marido.

- Amor, como Edmilson está?

- Cada dia mais calado. A única que tira ele do quarto é a Patrícia. Penso que Janaina pediu para ele cuidar da amiga.

- Acho que pediu o mesmo para os dois, pois a menina tem o apoiado muito.

- Sim, se uniram na dor. Ambos acompanharam toda a doença de Janaina e estiveram com ela no fim.

- Muito difícil passar por tudo isso tão jovens.

- Estou preocupado com meu irmão. Sempre foi quieto, mas agora... – deixa no ar, e sei bem do que ele está falando. Edmilson está numa situação preocupante.

- Podemos levá-lo para conversar com a Aline. Talvez eu receba alta na próxima consulta e meu horário ficará vago.

- Fale com ela, por favor. Temo que entre em depressão.

- Será que ele irá querer?

- Ele é um menino dócil, não reclamará se o levarmos. Só não sei se abrirá a boca com ela.

Converso com minha psicoterapeuta que aceita atender o menino. Recebo liberação do tratamento, já que estou bem melhor e até durmo toda a noite. Matias continua preso, o que colabora para minha paz de espírito.

Miriam me procura para se desculpar e a perdoo-a, pois não quero carregar sentimentos negativos em meu coração. Júlia era a favor de eu dar uma surra na garota e só depois perdoar, mas não sou agressiva igual minha amiga esquentada.

Recebo uma nova carta de meu amor. Só ele para tirar o peso do meu coração pelos eventos dos últimos dias.

"Coração,

Ver meu irmão sofrendo tanto nestes dias, só me fez ter ainda mais certeza do quanto te amo e preciso de você. Se te perdesse, perderia toda a luz da minha vida, toda cor, todo sabor. Te amo além das palavras. Vivo por você, querida. É minha inspiração, minha motivação, a razão do meu existir.

Segue uma música do Jota Quest, para apenas tentar ilustrar meu amor por você:

Não esperava que fosse encontrar

Uma maré tranquila ou luar

Foi quando a vida que só me dizia não, não

Veio e me abriu as portas do teu coração

Como é bom morrer de amor

E continuar a viver

É muito mais que só existir

É se afastar da dor

A tua presença veio iluminar

Energias cinzas de lembrar

E daqueles tempos só de escuridão

Você abriu as portas do meu coração

Como é bom morrer de amor

E continuar a viver

É muito mais que só existir

É se afastar da dor

É tão bom você aqui

Flores a brotar do meu chão

É muito mais que só existir

É pura imensidão, imensidão

Com amor, Manoel"


O que estão achando? Comentem. Obrigada

PS: Está escrito em itálico porque o Wattpad não está deixando-me alterar e texto principal. kkkkk

Readquirindo sonhos - Livro 2 - Série SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora