Capítulo 19

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POV Manoel

Começo a me desesperar quando se passa 1 hora sem sinal algum dela. Procuramos por todo o parque e já está bem escuro. Liguei em sua casa, na minha, para suas amigas e ninguém sabe dela.

Vou até a base da polícia, mas eles dizem que é cedo para iniciarem buscas. Meus irmãos, seu pai e os meus correm para me ajudar a procurá-la, enquanto sua mãe e minha vovó ficam nas respectivas casas para o caso de ela chegar lá.

Mário e Júlia continuam as buscas comigo também. Sinto estar estragando a noite deles, mas minha menina está em perigo, sinto isso.

Estou tentando decidir qual meu próximo passo quando Miriam surge chorando novamente.

- O que foi? Não me diga que perdeu a menina novamente?

- Eu juro que não queria fazer mal a ela – diz entre soluços – tem que acreditar em mim.

- Do que está falando? – pergunto já com um mal pressentimento.

- Ele disse que só queria conversar com ela, que iria levá-la para um passeio.

- Ele quem? Fale com clareza – tenho que me conter para não sacudi-la.

- O Matias... Ele ouviu você e Andréia falando sobre o plano do Mário para hoje e me pediu para distrair você por uns momentos.

- E onde está a Andréia?

- Eu não sei. Falei com ele após encontrar a menina falsamente desaparecida, mas ele me assustou – seu olhar angustiado me deixa apavorado.

- Como assim?

- Pa-pareceu que estava se-sequestrando ela... Não foi-foi o que combinamos... Eu ju-juro... – gagueja em seu nervosismo.

- Onde ele ia pegá-la?

- No caminho do coreto até o seu carro, não sei direito, ele não me deu detalhes – peço para que me espere ali e saio correndo em direção ao local indicado. JC e Mário me seguem, sem entender.

- Vá mais devagar, Manoel. O que está acontecendo? – meu irmão me questiona enquanto corre ao meu lado.

- A Miriam disse que o Matias está com a Andréia. Não sabe detalhes, mas não parece bom.

Chegamos ao caminho por onde ela deveria passar, já vasculhamos o local antes, mas olhamos novamente com mais atenção, porém não há ninguém, como era de se imaginar, e nem nada que indique o paradeiro de minha namorada. Grito alto seu nome, mas não escuto resposta.

Volto para onde Miriam está e a levo até a base policial. Ante seu relato, resolvem iniciar as buscas, porém já é noite, o parque e o bosque são grandes, e não há grande expectativa de encontrá-la antes do amanhecer.

Vou até sua casa para contar as novidades pessoalmente e ver sua mãe em prantos, desesperada, só torna este pesadelo mais real.

Pelas onze horas, encontram Matias andando a esmo pela mata, com um ferimento na têmpora. Está confuso devido à pancada, e é levado para o hospital. Minha vontade era tirar a verdade na pancada, mas meu irmão me segura e deixa que a polícia conduza a situação.

As buscas continuam madrugada adentro, e não há sinais de minha menina. Os vizinhos se mobilizam para ajudar. Provavelmente atacou seu agressor e fugiu, mas agora está perdida no bosque e são muitos metros quadrados de mata para procurar. Seu celular continua sem sinal.

- Filho, vou levá sua mãe, Inês e Edmilson para casa e olhá como estão Toninho e mãinha. Já volto. Quer que traga algo para comê?

- Nem consigo pensar nisso, pai, mas obrigado.

- Não se angustie, meu filho. Ela logo vai aparecê.

- Deus lhe ouça, pai. Vou falar com o policial responsável, ver se tem notícias do Matias.

Sou informado que aquele desgraçado foi atendido e está medicado, mas não disse nada que possa ajudar nas buscas.

Quando o sol começa a nascer, minhas esperanças se renovam. Porém a manhã se prolonga e não a encontramos ainda. Almoço por insistência de minha mãe, mas nem sinto o sabor dos alimentos e meu estômago embrulha, pensando que minha menina está sem alimento, talvez ferida. Uma equipe médica está à disposição, pronta para quando nós a encontrarmos.

Miriam prestou depoimento e foi liberada. Ficou para ajudar nas buscas, mas fugiu quando viu Matias. Minha avó organiza a oração de um terço entre suas amigas da igreja, rezando para que minha namorada seja encontrada logo e bem. Até o sr. Magalhães se ofereceu para ajudar.

No final da tarde, estou no meio da mata quando escuto o sinal combinado para quando ela fosse encontrada. Porém, a ambulância já partiu levando-a, quando chego até nossa base de comando.

Mário me leva em seu carro para o hospital, pois não tenho condições de dirigir. Não consegui muitas informações no local, então estou desesperado.

A atendente me deixa esperando por meia hora antes de me dar informações concretas. Já estou fora de mim quando o médico me chama. Andréia foi encontrada muito fraca na mata, pelo longo tempo sem comida e água, e pelo estresse a que foi submetida.

Salvo alguns arranhões, está bem fisicamente. Mas ficará internada até o dia seguinte e o médico indica acompanhamento psicológico após o evento traumático que viveu. Quando finalmente me permitem vê-la já é noite e a encontro deitada chorando baixinho. Corro até ela e a abraço forte. Ela se aconchega em meus braços e deixa o choro lavar toda a angústia e medo que sentiu.

- Chora, amor, ponha para fora tudo o que te machuca. Estou aqui, está segura agora. Te amo, coração.

Ela se agarra mais forte a mim, mas percebo seu alívio por finalmente estar a salvo, e me sinto forte por ela. Serei sempre seu suporte e apoio, e sinto ainda mais a certeza que a quero na minha vida para sempre, para cuidar, amar e proteger.


Comentem e me ajudem a melhorar como escritora. Obrigada

Readquirindo sonhos - Livro 2 - Série SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora