Domingo não é um bom dia para se reunir com seus amigos quando se está bêbado e de ressaca por causa de uma noitada de sábado. Max e Jane estavam claramente morrendo com os efeitos da farra, pois fecharam as cortinas da sala e não se permitiam mover nem um músculo sequer naquele sofá.
Gaby e Victor preferiram deixar os dois vegetando no sofá e foram para a cozinha descobrir o que Jane tinha pensado em preparar para o grupo. Por sorte tinha massa congelada, molho de tomate e muito queijo na geladeira, coisas que exigiam o mínimo de conhecimento culinário para preparo e que ficaria delicioso.
- Bom, parece que seremos os cozinheiros da vez - diz Gaby ao se virar para o armário à procura de onde ficam as panelas.
- E massas é a minha especialidade - Victor levanta uma panela que achou, em sinal de vitória - você verá, ficará incrível!
- Tomara que rapidez também, porque estou começando a sentir fome.
- É rápido de se preparar, relaxa.
Victor enche uma panela de água e coloca o molho semipronto na outra.
- Então Victor, me conte o que está achando da escola - sentando na ilha da cozinha, Gaby se inclina para Victor, tentando alcançar a garrafa de água.
- É legal - ele ajuda Gaby com a garrada de água - vocês meio que me acolheram no grupo, e sou muito agradecido por isso. A escola é grande, tem muita gente legal com quem conversei essa semana.
- Acho que você vai se dar super bem ainda. É bonito, simpático e novato. As características preferidas das meninas da escola.
- Ah, bom... - ele fica meio sem graça, se encolhe dentro dos ombros e esboça um sorriso envergonhado enquanto encara o caminho até a sala, onde Jane está - eu meio que estou começando a gostar de uma pessoa, você sabe...
- E faz muito bem! Desde que vi vocês juntos da primeira vez sabia que ia ser sucesso.
- A é? Você tem tanta certeza das coisas assim? - ele encara ela com um sorriso misterioso.
- Não diria certeza, mas sou bem decidido em relação ao que eu acho. E eu acho que você e Jane fazem um lindo casal.
- Que bom que tenho o seu aval, sinto que agora sim posso continuar essa relação.
Ambos caíram na gargalhada, que foi interrompida com a panela de água que começou a borbulhar. Depois de colocar a massa para cozinhar, Victor se vira para Gaby com uma cara mais sério de quando virou.
- Gaby, quando mudei para cá, fiz umas pesquisas sobre a cidade e a escola, e um evento em especial me chamou a atenção.
- Hm, sim, imagino do que irá falar.
- Se você imaginou o acidente, então está certa. Pelo que consegui extrair em minhas pesquisas, uma garota foi encontrada morta há dois anos em uma casa abandonada, acho que perto da casa da Cindy né? O mais macabro é que ela tinha algumas indícios de ter participado de uma ceita, ou algo assim. Você sabe de alguma coisa sobre o assunto?
Gaby se ajeitou na banqueta da ilha, terminou de beber a água que tinha posto em seu copo e fez como se escolhesse as melhores palavras para abordar o assunto.
- Esse caso foi o maior acontecimento de todos os tempos, parte porque aqui não acontece muitos assassinatos e parte pelo fato de ser totalmente misteriosa a forma como se desenrolou as investigações. A menina que foi achada morta se chamava Clara, e se estivesse viva ainda teria a nossa idade. Ela foi encontrada morta na casa abandonada da rua sem saída, perto da casa da Cindy. Aliás, foi constatado que a morte aconteceu durante uma das grandes festas da Cindy. Nem preciso dizer que todos os participantes da festa - que podemos gentilmente resumir para todos os jovens da cidade - foram considerados suspeitos, mas as investigações não levaram a muitos lugares. No final, a investigação segue em aberto, pois não conseguiram evoluir nenhuma teoria para uma possível suspeito.
- Nossa, que triste. Parece que você acompanhou de perto as investigações - Victor estava de costas agora, terminando de preparar a refeição deles.
- Na verdade sim, minha mãe foi advogada dos pais da menina. Eles ainda tentam processar a polícia, por falta de empenho nas investigações e pela falta de resolução do caso.
- Não consigo imaginar o que a família está passando.
- É, foi uma barra para todo mundo - ela abaixa a cabeça, como se esse assunto tivesse mais desdobramentos para ela do que realmente falou.
Victor percebe o desconforto que o assunto trouxe para Gaby, e trata de mudar de assunto rapidamente. Ali não era o lugar ideal para falar sobre isso.
- Uma barra vai ser você comer esse prato sem me elogiar no mínimo duas vezes - e entrega para Gaby um prato de ravioli com molho e muito queijo por cima - tenho certeza que ficou uma maravilha.
- Victor, pelo amor de deus, você fez massa congelada, sua dificuldade foi tipo, 5%.
- Esses 5% foram o suficiente para preparar essa maravilha, mas apenas com as mãos de um chefe de cozinha que o sabor é evidenciado.
- Incrível - Gaby indaga ao provar uma porção do prato - está com o mesmo gosto de sempre.
Os dois caem na gargalhada, que acaba despertando Jane e Max. Eles se juntam na cozinha e apreciam a massa congelada que Victor preparou.
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Rua Sem Saída
Mystery / ThrillerHá alguns anos, um acidente aconteceu naquela rua sem saída. Muitos diziam que eram práticas do tipo satânica, misteriosa, bruxaria, etc... Eram apenas histórias para assustar crianças, pensava Gaby. Para ela, tudo não passava de mitos para esconde...