Rua Sem Saída

Capítulo 12

Depois do momento da cozinha, os dois subiram para o quarto dela e começaram a fazer a pesquisa. Não mencionaram sobre o assunto durante o dia inteiro, que foi o tempo que demoraram para deixarem todo o trabalho finalizado e salvo em PDF no e-mail dos dois e com duas cópias impressas, por precaução.

Ao descerem para a sala de estar, notaram um bilhete em cima da mesa de centro, com os dizeres "Vi que vocês estavam muito focados nos estudos e não quisemos atrapalhar. Fomos levar os gêmeos para a casa da vovó, e pode ser que cheguemos tarde, pois vamos jantar depois. Deixamos dinheiro no vaso da cozinha para pizza. Convide o Victor para jantar com você! Qualquer coisa nos ligue, papai e mamãe."

- Que tipo de pizza você gosta? - Gaby se vira para Victor, já esperando alguma defesa da parte dele.

- Eu não sei se eu deveria ficar aqui para jantar também - ele está claramente com vergonha - já fiquei o dia inteiro aqui, aproveitando da sua hospitalidade...

- Ahh, por favor, não fale isso! Eu fiquei o dia inteiro aproveitando do seu cérebro! Não sei como conseguiu entender a temática desse trabalho até agora... estou confiando totalmente em você e na sua habilidade mágica de desvendar textos enigmáticos.

- Eu não fiz nada além da minha obrigação. O trabalho é em dupla, não é mesmo?

- Não me venha com essa. Além disso, você não vai me deixar sozinha em casa em pleno sábado, não é mesmo? Já são... - ela procura por um relógio em volta e localiza o relógio de ponteiro que fica em cima da cristaleira - 18h20. Se a gente pedir uma pizza, você ainda irá conseguir ir para qualquer balada ou rolê às 23h tranquilamente.

- Eu não tenho nenhum lugar para ir hoje...

- Então não tem motivo algum para não ficar! Me diga qual é seu sabor predileto... porque se não me disser nos próximos segundos ou até atenderem o telefone, será inteira de mussarela.

- Tuchê! Eu amo mussarela! - Victor se rende às suplicas da amiga e se convence de que talvez seja uma boa ideia ficar um pouco mais e curtir depois de tantas horas estudando.

- Uhh, que ótimo. Senta aí, vou fazer o pedido pra gente.

Depois de dois minutos, Gaby se joga no sofá, do lado contrário ao que o Victor está sentado, ficando com a cabeça quase encostando as pernas dele - os cabelos com certeza estavam no colo de Victor.

- Aí, acabei de me lembrar em te oferecer uma bebida, mas se quiser, terá que levantar e pegar por si só, porque não me levantarei daqui pelos próximos trinta minutos...

- Haha, eu não quero nada, obrigado.

- Ah, pode admitir, está com mais preguiça que eu, não é verdade? Se quiser, pode deitar no outro sofá, eu não ligo não... mi casa, su casa!

- Estou bem aqui, muito obr...

- Chega de formalismo, cortesia e gentileza... pode ficar tranquilo que eu sei que você está bem agradecido.

Os dois riram brevemente e de repente o silêncio se instaura na sala. Ambos não poderiam dizer, com certeza, quanto tempo demorou todo aquele silêncio. Poderia ser horas, poderia ser minutos, mas o que o silêncio não dizia era que a mente dos dois estavam a todo vapor. Gaby estava pensando no que Victor achava dela depois do surto que teve no café da manhã. Tanto que não conseguiu se concentrar no trabalho em nenhum momento do dia, a obrigando a 'se fingir de burra desentendida' sobre o assunto do trabalho, apesar de saber exatamente do que tratava. Victor, por outro lado, não podia evitar a curiosidade em saber mais sobre o caso de Clara e a relação que ele tinha com a Gaby. Ainda assim, manteve-se focado durante o dia todo, exceto por esse breve momento de solidão que se instaurou entre os dois.