Capítulo 13 - "Apaixone-se mais vezes..."

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Os dias foram passando sem grandes mudanças. Remo percebeu que Tiago andava miserável. Aquilo não podia ser só por causa de uma aposta perdida. Em um dia de manhã cedo, quando estavam apenas os dois no dormitório, ele acabou perguntando:

-Pontas, afinal o que aconteceu durante a aposta.

Tiago, que estava ajoelhado no chão em frente a seu malão procurando uma camisa, suspirou antes de virar para o amigo.

-No começo, eu era arrogante o suficiente para achar que poderia ensinar alguma coisa pra ela e cego o suficiente pra não ver o quanto ela podia ser encantadora. Em pouco tempo, eu esqueci a aposta, já nem lembrava porque tinha começado a falar com ela, eu só... gostava da companhia dela. Aí ela contou que era o pássaro da Casa dos Gritos, e minha admiração por ela só aumentou. Quando percebi que tinha me apaixonado... eu a perdi.

Remo o conhecia, sabia que era sincero. Pela primeira vez, lamentou que Lílian tivesse ficado sabendo da aposta, pelo menos da forma como ficou sabendo.

-Dê um tempo, Pontas. Pode ser que as coisas se resolvam.

Tiago balançou a cabeça e pegou sua camisa.

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Duas semanas depois da descoberta, a lua cheia apareceu no céu novamente. Bem no início da noite, Remo ouviu o bater de asas na Casa dos Gritos.

-Lily? Você veio.

Ela pousou ao seu lado e se transformou.

-Claro que eu vim.

-Achei que não viria depois do que aconteceu.

-Você não tem nada a ver com o que aqueles... Desculpe, - ela interrompeu a si mesma – sei que são seus amigos.

-São meus amigos, mas não sou idiota. Sei que fizeram besteira. Obrigada por estar aqui.

-Por nada.

Ele ficou subitamente mais pálido, mais fraco e se apoiou na mesa.

-Remo. – ela se aproximou colocando a mão nas costas dele.

-Lily, se transforma!

Ela obedeceu imediatamente e voou para o alto do armário. De lá, assistiu ao amigo se contorcer e logo se tornar um lobisomem.

"Remo.", pensou aflita.

Em seguida, os outros três animagos apareceram. O cervo bateu os olhos no alto do armário. Ela costumava ficar... ela estava lá. Não pôde evitar ficar olhando para ela alguns segundos. Imaginando, porém, que isso a irritaria, desviou sua atenção para qualquer outra coisa. A sabiá o olhava com um ressentimento altivo e respirou fundo antes de se empoleirar no encosto da cadeira.

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Na tarde do dia seguinte, Lílian carregava dois livros em direção ao Quadro da Mulher Gorda, quando, por azar, Sirius passou perto dela.

-O que faz o despeito na mulher. – ele provocou

-O que disse? – ela estreitou os olhos parando de andar

-Despeito. – ele se colocou na frente dela – Por achar que foi só o motivo de uma aposta.

-É mesmo? – ela disse em uma voz perigosamente suave – Por que diz isso?

-Prendeu os cabelos de novo. E não faz outra coisa a não ser estudar.

-Despeito sou eu prender os cabelos no verão e estudar para os N.I.E.M.s que são daqui uma semana, ou é o seu amiguinho, no quinto ano, a cada "não" que recebia de mim, correr para convidar outra pessoa para sair?

Apenas um SorrisoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora