O início de semana correu bem, aliás muito bem, passei a segunda-feira e a terça-feira com o Tiago, foram momentos em que o sorriso dele valia mais que tudo, e quando ele sorria a minha floresta, cobria-se de flores de todas as cores, nasciam arvores verdes com uma copa longa que com o passar do tempo não envelhecia, nasceu um grande lago, com uma água límpida que continha o nosso reflexo. Tudo isto acontecia quando estava com ele, quando ele me sorria de um jeito que só eu sabia, me tocava e só eu sabia o que sentia, que me dava amor e aí só eu sabia que o amava de um jeito forte, de um jeito diferente, de um jeito que só ele sabia.
Na quarta-feira ele foi para a secundária e convidou-me á tarde para ir com ele e com a Natália para a casa do Martim. Eu estava um pouco nervosa pois era a primeira vez que iriamos estar com pouca gente á nossa volta, com pouca gente a dizer o que deveríamos ou não fazer, onde deveríamos ou não estar.
Foi o melhor momento até aí vivido com ele. Foi deveras perfeito que eu nem conseguia pensar, nem conseguia descrever o que sentia, não me conseguia expressar e é hoje o dia que não sei o que senti, é hoje o dia que penso naquele dia e dá-me vontade de o viver de novo, dá-me vontade de o abraçar todas aquelas vezes de novo, de o sentir comigo, de o ter ao pé de mim, de sentir a sua respiração, de sentir os seus lábios junto aos meus, de sentir que estava a viver o melhor momento com ele, apesar de não saber o que eu sentira apenas tinha a certeza que me sentira-me bem aliás muito bem, sentira medo de o perder para alguém que não o amava tanto como eu, sentira segura, sentira calor aos sentir os seus braços apertando-me contra ele num abraço tao longo que não dava vontade nenhuma de o largar, sentira vontade de nunca mais regressar ao mundo maioritário em que todos criticam todos, em que a nossa própria felicidade incomodava os outros, não queria sair dali, ele era o meu ponto fraco e ao mesmo tempo o meu ponto seguro.
E apesar das discussões e apesar de não sermos um casal perfeito, lá estávamos nós, a compensar tudo, a esquecer todos os maus momentos, a viver aquele como se fosse o último dia das nossas vidas. E apesar de tudo ainda ouço todas as palavras que ele me dissera, todas as frases que me consolavam, ainda sinto todos aqueles abraços apertados, ainda leio todas aquelas mensagens que só ele sabia que me derretiam, consigo sentir todos os beijos que ele me roubara, sentir a minha cabeça encostada ao peito dele. Ando na rua e é como se as paredes contassem a nossa história, pormenor por pormenor. Parede entre parede contasse todos os meus medos, o chão contava todas as discussões e o céu contasse todos os bons momentos e tudo aquilo que passamos, e apesar de não se voltarem a repetir-se ficaram marcados.
Como já era previsto as poucas horas que a tarde tinha, passaram em poucos minutos e a despedida foi a mais complicada, foi o abraço mais apertado e o beijo mais longo, foi o seu sorriso que eu relembrei por mais tempo e o “amo-te” que ainda me entoa nos ouvidos.
Achei um pouco estranho ser o André, o irmão do João que me tinha vindo buscar, pensei que ele tivesse um pouco cansado ou teve um imprevisto qualquer. No caminho para casa não ouve uma única palavra, já não era a primeira nem a segunda que o André me vinha buscar, mas assim sem me dizer o porque de ser ele a vir-me buscar nunca tinha acontecido. Passou o caminho que dava para minha casa e não virou, decidi olhar para ele a única palavra que ele me conseguiu dizer foi: “Bruna o João pediu para não te levar lá mas como acho que devias saber ele sofreu um acidente há mais de 2 horas.” Eu entrei em choque total, comecei logo a discutir com ele porque é que não tinha sido avisada, perguntar se ele estava bem, onde é que ele se tinha aleijado, onde fora o acidente… todas estas perguntas ficaram sem reposta.
Chegamos ao hospital e como já era costume só podiam entrar 2 pessoas… só estava uma pessoa lá dentro… então entrei eu. Cheguei lá cima e ele quando me viu soltou um grande sorriso e pediu á mãe dele para nos deixar sozinhos. Abracei-o e perguntei se eles tinha muitas dores ele apenas responder que eu curava todas as dores dele. Ele iria ter alta daqui a dois dias. Como sempre tivemos a falar bastante tempo de tudo aliás eu contei-lhe o que se tinha passado com o Tiago, ele tinha ficado contente, disse que não tinha que me preocupar com facto de ele nunca responder às mensagens e que ainda bem que tinha passado uma tarde com ele e que estava realmente feliz. A única coisa que eu lhe disse era que iria passar a noite ali com ele e que quinta não iria ir á escola. Realmente eu sabia que ele queria isso, sabia que o ia fazer relembrar de todos os nossos momentos e de todas as conversas que tínhamos.
Era quinta-feira de manha e a médica dirige-se a mim e diz que ele irá ter alta hoje porque o braço estava bom em relação ao que se esperava. Liguei para a mãe dele para ela nos vir buscar. Ajudei-o a fazer a mala e em pouco tempo já tínhamos chegado a casa. Fiquei na conversa com ele o dia todo, a brincar com ele, a ajuda-lo em tudo o que ele precisasse. E assim continuou o resto da semana. Sei que se algum dia eu precisasse ele fazia isto e muito mais.