Realidade Improvável

Encontro inesperado

Alguns dias se passaram e as cartas com os formulários já haviam sido enviadas. Várias já tinham sido entregues no castelo e o rei estava bem empolgado, além é claro, das suas filhas. Jéssica nem tanto, continuava desanimada e triste.

Já Bianca, queria sair do castelo para saber como andava a movimentação e o falatório referente à competição, mas com os guardas na sua cola seria muito difícil. A única maneira que ela tinha de fazer isso era escapando pela na janela de seu quarto, já que os guardas eram proibidos de entrar, e sim só acompanhá-la até a porta.

Então, Bianca disse que iria para o seu quarto para ler um pouco. Após trocar suas roupas, colocando algo mais simples e surrado para se infiltrar no meio dos plebeus, escapou pela janela do quarto e foi rumo ao povoado. O burburinho era alto e claro, e o povo estava excitadíssimo. Alguns falavam o que iria fazer, outros estavam preocupados de serem mortos pelo rei caso não o fizesse rir, enquanto outros ainda comentavam a morte de Carlos.

Bianca tentava escutar as conversas disfarçadamente, até que uma delas chamou sua atenção. Era um grupo de rapazes que estavam conversando sobre a competição. Eles estavam discutindo o que iriam fazer para o rei, e um deles parecia estar muito pensativo, dava quase para ver as fumacinhas saindo de sua cabeça, maquinando e pensando em ideias. Ficou mais um tempo esperando para ver o resultado daquela conversa. Após alguns minutos, o rapaz que estava pensando se pronunciou.

— Acho que já sei. Estava aqui matutando em alguma maneira diferente de fazê-los rirem.

— Diga-nos, Dani, qual a tua ideia? – disse o mais alto deles.

— Nós poderíamos... – e enquanto Bia tentava escutar, uma mulher com sua filha passaram apressadas por ela, esbarrando e empurrando todos que estavam pelo caminho. — ...permissão para isso, de criticar – os outros se entreolharam. "Droga, não escutei o que eles falaram!", esbravejou consigo mesma.

— Certo, mas... Como que iríamos fazer isso funcionar? A primeira vez teria graça, a segunda até iria fazê-los rirem ainda, mas depois disso iria ficar muito chato. Não tens como sustentar isto por muito tempo – disse o mais cabeludinho.

— Faz sentido o que o Lico disse... Ficará mais difícil com o tempo, e no final nós iremos parar com a cabeça separada do corpo – Lico riu do comentário.

— Sim, mas depois que estivermos lá dentro pensamos nisso. O importante é conseguirmos sair dessa miséria! Eu estou cansado de comer essa comida horrenda – disse Dani enquanto apontava para as comidas expostas nas barracas.

— Não sei não... Isso irá dar um problema lá na frente – Lico continuava contra.

— Eu acho que damos conta – Dani insistiu.

— Vamos pensar nisso com mais calma – disse o mais alto, cujo nome Bianca não descobriu.

Os três então saíram andando e deixou uma Bianca extremamente curiosa para trás. E de volta para o castelo, para o seu quarto, ela deitou-se na cama e ficou tentando imaginar o que aqueles caras iriam aprontar. As audições começariam dali a uma semana e ela estava bem ansiosa.

~

Um dia antes do início das apresentações, o castelo e o reino todo estava bastante agitado. Os preparativos estavam nos estágios finais e Bianca achou que seria uma boa dar mais uma escapada para o vilarejo.

De roupas trocadas, saiu pela janela e foi rumo longe do castelo. Ela tinha uma amiga secreta de muitos anos que era plebeia, que conheceu em uma dessas escapadas quando era criança. Bianca andava em direção a casa de Mariana, olhando preocupada para traz para ver se nenhum guarda a tinha visto. Distraída, trombou com alguém que a segurou nos ombros.