Outro grupo?

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Mais alguns dias se passaram, mais apresentações aconteceram. O rei Henrique não parecia satisfeito com nenhuma das apresentações seguintes. Até que... Um novo grupo aparece para se apresentar, para a surpresa de todos.

— Boa tarde a vossa alteza – disse o homem cujo cabelo era no mínimo curioso, curto, levemente bagunçado, e com quatro trancinhas vindas de sua nuca. — Soubemos ontem que um grupo conseguiu se apresentar aqui, então nós viemos tentar a sorte também – ele sorriu sem desgrudar os lábios.

Henrique, como não era bobo e nem nada, obviamente que permitiu ao grupo que se apresentasse. Já que teria se arrependido caso tivesse proibido o outro de se apresentar.

— Tudo bem, podem começar – ordenou.

— É... Antes de nós começarmos, iremos nos apresentar e explicar um pouco como funciona o que fazemos, e também iremos pedir a colaboração da família real – disse um mais moreno – o rei franziu o cenho, o que fez os rapazes sorrirem, e depois assentiu. — Meu nome é Marco Gonçalves – disse enquanto colocava a mão esquerda para trás, a mão direita sobre o peito e inclinava o corpo um pouco para frente.

—Márcio Ballas – disse o de tranças, e repetiu o movimento de Marcos.

— Evandro Rodrigues – disse o careca, repetindo também.

— Edu Nunes – disse o de bigode, finalizando as apresentações. — O que iremos fazer aqui é algo bem simples de entender. Iremos improvisar.

— O que é improviso? Tu deves estar se perguntando – disse Evandro dando um passo para frente, enquanto os outros se movimentavam aleatoriamente no espaço. — Na vida, quando precisamos improvisar algo, significa que não temos prévia preparação para aquilo que está acontecendo, certo?

— Mas o que iremos fazer aqui é o improviso teatral. E o que é o improviso teatral? – Márcio tomou a palavra, indo para frente e trocando de lugar com Evandro. — O improviso teatral nada mais é do que a técnica que consiste em fazer o ator interpretar aquilo que não foi previamente pensado, escrito, ensaiado ou elaborado.

— Isso quer dizer que não fazemos ideia do que irá acontecer aqui nessa sala. – Marco foi para frente, trocando com Márcio. — Pode ser que dê certo, pode ser que não. Pode ser que façam vocês rirem, mas também pode ser que não.

— É uma estratégia arriscada, nós sabemos. Mas tentaremos mesmo assim – retomou Edu. — Iremos fazer aqui três jogos de improviso, o primeiro se chama Troca – Evandro, Márcio e Marco se puseram um ao lado do outro, e Edu ficou mais afastado. — Eu serei o mestre, que guiará o jogo. O Troca funciona da seguinte forma, os jogadores irão começar uma cena, que vossas altezas irão sugerir, e quando eu disser "troca", o jogador tem que trocar a última coisa que eles disseram ou fizeram. Bem simples. Vossas senhorias entenderão melhor quando começarmos, e para isso, preciso que nos deem alguma sugestão de lugar.

— Padaria! – disse a rainha.

— Ótimo, padaria. Muito obrigado majestade – Edu fez uma pequena reverência. — Atenção... O tema do Troca é padaria, e... Valendo.

~

O rei não se aguentava de tanto que ria. Suas bochechas estavam doendo de tanto rir. E não só ele como todos que estavam presentes no salão, incluindo os guardas. Era simplesmente genial o formato diferente da apresentação deles. Mas o rei Henrique entrara numa grande dúvida: qual dos dois grupos iria entrar para o castelo e ser os novos Bobos da Corte?

— Bom, eu não sei o que foi que o outro grupo propôs, mas creio que a nossa proposta é bem mais interessante, já que as apresentações nunca irão se repetir e será sempre diferente – disse Marco, que logo pensou na prolixidade da sua resposta.

— Darei a resposta final em breve. Agradeço a participação, foi realmente muito engraçado e genial! – O sorriso de vitória apareceu nas bocas dos quatro rapazes.

Bianca, apesar de ter adorado a apresentação e os meninos, sentiu um frio na barriga e um medo tomou conta de si. Medo daqueles rapazes tomarem o lugar de seus amigos.

~

Ao final da tarde, o rei encerrou as apresentações, que continuariam no dia seguinte, o último. Foram todos para a sala de jantar. Bianca estava levemente preocupada e comia em silêncio.

— Estás tudo bem minha filha? Tu me pareces estar um pouco apreensiva.

— Oi? Ah, está tudo bem sim, pai – disfarçou.

— Gostaram das apresentações que tivemos até agora? Alguma que queiram comentar? As vossas opiniões é importante para mim.

— Eu, particularmente, gostei de quase todas, meu bem – comentou a rainha.

— Meu bem, tu és uma pessoa muito boa, gosta de todos! – O rei disse sorrindo e balançando a cabeça de um lado para o outro.

— Oras, mas eles eram engraçados.

— Você ri de tudo, meu bem – a rainha fingiu-se ofendida, o que fez o rei rir.

— Achei bem entediante a maioria, se queres saber pai – Bia se pronunciou. — Mas teve uma que eu particularmente gostei bastante.

— E qual foi?

— Aquele primeiro grupo, o trio, que fez a cena da Santa Ceia. Eu gostei muito, achei bem engraçado.

— Também gostei muito deles, diferente não é? – Bia assentiu e sorriu. — E tu, Jessica?

— Ah... Gostei bastante desse grupo que a Bia citou, mas o outro grupo também foi bem engraçado. Acho que gostei mais deles – Bia secretamente revirou os olhos. "Droga Jessica, agora o pai vai ficar em dúvida de qual escolher...".

— Eu gostei também muito deles... Estou com uma dúvida muito grande sobre qual escolher.

— Se for tão difícil escolher, então porque não junta os dois grupos? – disse cuidadosamente para seu pai, pois sabia que era uma ideia muito arriscada e absurda.

— Estás ficando louca, minha filha? Sete bocas para alimentar? Eu, que só esperava por um único funcionário, agora tenho que decidir entre dois grupos! Impossível!

A princesa suspirou, já sabia que não iria dar certo. Ela precisava ter alguma ideia, bolar um plano. Tinha que fazer o pai escolher o trio.

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