Antes que eu esqueça 5

Capítulo 15

Mateus

O Cara que eu tinha salvo a vida no refeitório era o chefe de uma facção forte lá dentro, o que eu não sabia era que também tinha ajudado outro da linha inimiga que estava passando mal na sela,

Caveira: por muito menos eu já arranquei a cabeça de  gente, cada caveira desenhada é uma morte assinada, mas...como está em nossa conta vou relevar o que disse, me diz o que precisa?

Mateus; não preciso de nada

Fumaça: pode dizer meu chapa

Caveira: o que quiser, se tiver algum desafeto fora daqui, é apenas dizer e basta um telefonema meu pra ele sumir do mapa

Fumaça: pode até ser aquele mané que veio hoje aqui

Confesso que fiquei tentado com a proposta, mas eu não era um assassino e também não queria que soubessem que eu tinha uma família, não sei ainda quem era quem ali dentro

Caveira: então?

Mateus: na verdade eu só preciso de uma coisa

Caveira: pode dizer, o que é?

Mateus: uma bíblia

Doidão: pra que quer uma bíblia?

Fumaça: pra comer é que não é seu burro

Doidão: pior você que nem sabe ler

Fumaça: não sei ler mas não sou burro

Mateus: (sorri) vão me conseguir ou não?

Caveira: com tanta coisa pra pedir e pede logo um bíblia?

Mateus: você me perguntou o que eu precisava e eu preciso de uma bíblia

Caveira: esta bem, fumaça consegue uma bíblia pro doutor mauricinho

Fumaça: já é

Passei a ter um pouco mais de tranquilidade durante o banho de sol, isso porque nem uma facção nem outra mexia comigo

Apesar das dificuldades, aos poucos fui conquistando o respeito dos outros detentos

Apesar de estarmos sempre sobre constante vigilância e de estar sendo cada vez mais perseguido e colocado pra fazer tarefas durar e cansativas

Sempre alguém me dava um mão, isso porque passei a cuidar deles mesmo que escondido dos agentes, eu sempre era colocado pra limpar os banheiros das selas e a cozinha também, todos os dias e um dia fui mandado pra fazer limpeza na enfermaria, foi quando acabei ajudando o enfermeiro a fazer uma sutura na perna de um detento que tinha sido esfaqueado

Enfermeiro: entende disso?

Mateus: sim, eu estava no último ano de medicina

Enfermeiro: se importaria de me ajudar aqui todos os dias?

Mateus: claro que não

Ele falou com o diretor do presídio e ele me deu autorização pra passar a trabalhar na enfermaria, bem melhor que limpar banheiro e  cozinha todos os dias, além do mas o enfermeiro me deixava usar o banheiro dele pra que eu pudesse tomar banho, todos os dias eu acordava bem cedinho pra ler a bíblia e orar, do meu jeito mas orava, eu lia sempre o salmos 91 pela manhã,

Doidão: o que você esta lendo?

Fumaça: a bíblia não esta vendo?

Doidão: falei com tu?

Mateus: (sorri) estou lendo a salmos 91

Doidão: porque você lê isso?

Mateus: porque é a palavra de Deus e também porque me acalma e me da forças

Fumaça: você pode ler um pouco pra nós ouvir?

Mateus: os outros presos podem não gostar

Doidão: se alguém reclamar eu desço o braço, leia aí mauricinho

Comecei a ler o salmos 91 e pra minha surpresa todos os detentos não somente da minha sela mas das selas próximas, se sentaram e começaram a ouvir, depois fiz uma oração por todos nós, isso passou a ser diário e ao passo que fazia isso elas começavam a me fazer perguntas sobre Deus que nem eu mesmo sabia, mas de alguma forma na bíblia eu encontrava a resposta, passei a ler mais a bíblia e também a ler sempre um salmos na hora do almoço, começaram a se fazer uma roda pra ouvir, foi justamente em um desses momentos que de uma hora pra outra estourou uma rebelião e eu que pensei que já tinha visto de tudo, acabei entendendo que não, mas mesmo em meio ao caos  já um propósito
Continua.......
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