Quando o amor vai além dos olhos

Quando a curiosidade é maior que a razão

Ao chegar em casa, vou logo tomar um banho e preparar algo para comer, pois na House Of Cards eu apenas bebi e encarei as outras apresentações da noite, e em todas aquela mulher parecia se destacar das outras, ela parecia ter em volta dela uma aura alegre e inebriante, é como se ela fosse a razão de eu ir àquele lugar hoje.  Depois de quase meia hora de banho saí de lá com uma vontade louca de comer uma lasanha, não é estranho, afinal eu só sou magro porque malho, senão eu seria uma bolinha de gordura de tanta besteira que eu como. Ponho a caixinha no microondas e encaro a imensidão do meu apartamento vazio. Eu moro sozinho há uma no mas ainda não me acostumei, eu sou acostumado a casa cheia de quando eu morava com os meninos, mas eu precisava de privacidade pra poder, você sabe, namorar. Os meninos não me deixavam em paz quando eu levava uma menina pra lá, se bem que eles sempre acharam que eu era gay antes de pegar alguém.

O bip do microondas foi ouvido e eu corri até lá, tirando a caixinha e pondo a lasanha num prato. Enquanto eu terminava de arrumar a mesa eu voltei a pensar naquela garota, no como ela era maravilhosa ao dançar, sentei na minha cadeira, olhei pra lasanha e pensei: essa lasanha é tão gostosa quanto aquela garota. Que? Que pensamentos são esses Jeongguk, voltou a  ter 17 anos de novo? Para de pensar naquela garota, eu ein, parece até que já se apaixonou em apenas um dia! Meio impossível, não?

Começo a comer e tento lembrar de projetos da empresa que tenho  que corrigir, os iniciantes não sabem muito bem mexer em AutoCAD e isso atrasa um pouco nossas entregas de projetos. Eu tenho que ajudá-los a entender o software e a desenhar manualmente, além de ensiná-los o inglês que o programa necessita, além de passar tudo para o Scketch Up, fazer o 3D e entregar para os contratantes sem nenhum erro, senão vidas serão perdidas. Pelo menos não somos nós que fazemos o cálculo estrutural, é onde mais dá  problemas.

Lembro que amanhã tenho as reuniões que adiei hoje, e provavelmente vou sair tarde do trabalho, de novo. Não costumo fazer o que fiz hoje, levo meu trabalho a sério bem mais que a minha vida. Olho pro relógio e vejo que já se passaram das 11 e meia, meu Deus, eu devia estar na cama há tempos!

Corro pro quarto e deito, tento relaxar antes que as paranoias da noite me atinjam, e acabo pensando novamente na dançarina. Caraca, será que dava pra parar de me lembrar daquela maravilhosa dançarina e aquela dança, em como ela mexia seu corpo com uma perfeição hipnotizadora, como ela olhava para mim e em como ela parecia que estava no seu lugar preferido, como se o palco fosse a vida dela.

Não percebi quando acabei dormindo.

 Pego o celular e vejo a hora, porra tô atrasado 15 minutos já! Corro pro banheiro tomar o banho mais rápido da minha vida, e escovando os dentes ao mesmo tempo. Me vesti mais rápido do que o Barry Allen seria capaz de acompanhar e saí sem nem tomar café, peço um chocolate quando chegar na empresa. Dirigi com um certo afobamento pelas ruas de Seul, até que num cruzamento perto da casa noturna de ontem parei no sinal vermelho e acabei vendo a dançarina de ontem, ela parecia tão melhor de jeans e moletom do que com as roupas de ontem, ela virou a esquina, parecia alegre e tinha uma caixa de presente na mão. Foi quando uma buzina atrás de mim me despertou e percebi que eu estava ferradíssimo quando vi no relógio do carro 9:55, meu pai vai me matar se souber!

Estacionei de mal jeito na minha vaga da empresa e saí esbaforido em direção aos elevadores, minha sala ficava no 7° andar e essa droga não abria, quando finalmente abriu saiu de lá quem eu menos esperava ver neste momento, meu pai. Ele saiu do elevador e veio bem perto de mim.

- Olá, Jeongguk. - engoli em seco, afinal, pelo tom que ele usou, eu estou prestes a ser punido de alguma forma.

- P-Pai, como vai? Eu gostaria de falar mais, porém eu tenho projetos a ver e reuniões a participar, com licença. - entrei logo no elevador desviando dele e fechando as portas na cara dele, se ele estava bravo, imagine agora! Mas eu realmente não quero conversar agora, tenho milhares de coisas a resolver.