Roupa rosa

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Era tão delicada
Vestia rosa e saias rodadas
Chorava lendo romances
E suas nuances eram todas
Perfumadas, sua presença
Impregnava, todos a admiravam.
Mas de repente, sua fineza ruiu
Seu riso deu lugar a choro
Fechou seus portões, e desligou
O som, vestiu calça  e blusa preta.
Desapercebida queria passar,
Mudou o perfume, calçou tênis
E tomou seu vinho.
Jogou suas bonecas no lixo
Queimou seus livros, trocou as fronhas, estavam marcadas
Com suas lembranças, pela primeira
Vez, deixou a cama bagunçada,
E debaixo dela empoeirada
A delicadeza do perfeito não era
Mais seu repertório, ela só queria
Dormir sem maquiagem.
Acordou tão livre que esqueceu de pentear os cabelos, logo percebeu
Que esse bagunçado era ela,
Estava leve, sem precisar da balança
Sua segurança lhe embelezava,
Já não tinha tantos admiradores
Mas tinha ela, naquela existência.
Quando lhe perguntavam porque da mudança?
Ele ria é respondia:
Só tirei a maquiagem e a roupa rosa
Porque me intoxiquei com esses componentes que me escondiam.

                 Laura Pinheiro

Insana'MenteOnde histórias criam vida. Descubra agora