Selat - Sileus Sandorn Parte 3

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Selat e Kumbus passaram de novo pelo pátio do centro de treinamento, desta vez em direção ao Conselho Kinsor, a torre alta que se erguia acima de Alda Idrion e se localizava a apenas um quarteirão de distância. Quando os dois - ainda dentro do pátio - chegaram ao lado de uma sala aberta que parecia um ateliê, Selat percebeu que as paredes vermelhas emanavam um calor agradável. Dentro do quarto vários adolescentes estavam de pé analisando diversos objetos. Um menino da idade de Selat colocou um aparato parecido com um relógio em uma mesa próxima a ele e andou na direção dos dois observadores.

"Mestre Kumbus, vós ouvistes? Que porcaria! Mestre Sileus acabou de decidir em vossa ausência, que os mais recentes ataques de Ielgzeh nos arredores de Geniror apresentam um sério risco de segurança e que nenhum novo aluno deve ser aceito em Alda Idrion temporariamente."

O jovem tinha cabelos loiros, apenas um pouco mais escuros do que os de Ykia. Sua pele, porém, era mais clara do a do irmão de Selat. Ele olhou para o adolescente de cabelos castanhos e continuou com uma pergunta.

"Quem é você? Nunca te vi por aqui.", ele começou, observando o menino atentamente, "Sinceramente, eu nunca vou entender a moda dos Kinsain."

Selat olhou para baixo e um curto susto atravessou seu corpo.

Eu ainda estou vestindo a fantasia do Halloween com os olhos de plástico!

Kumbus simplesmente ignorou o último comentário respondeu confiante: "Ele é meu mais novo aluno. Seu nome é Selat Giarb. Basta eu virar as costas para Sileus e em menos do que 10 minutos ele começa com suas decisões dúbias."

"Que bosta.", disse o menino loiro lamentando antes de se virar de novo para o de cabelo castanho, "Bom, Selat, meu nome é Kinnay Tejoman. Da linhagem de sangue de Fisrahim, o Rei do Fogo. Se você precisar de ferramentas ou armaduras em algum momento... Vá para um ferreiro profissional. Tal como eu serei; em dois anos."

Ele riu e se despediu dos dois. Selat nem havia tido tempo de responder, pois ele ainda pensava naquilo que acabara de ouvir.

"Essa história das linhagens de sangue parece ser muito importante...", comentou Selat quando ambos continuaram a andar.

"Isso é um sistema de classificação para pessoas que não podem ou querem se destacar por seus feitos. Eu mesmo sou um Lumino, de uma das famílias da linhagem de sangue de luz de Heov, o grande espírito da vida e da luz. Na minha opinião, entretanto, o que conta não é o nosso status e sim o que criamos e fazemos. É verdade que os membros dessas famílias normalmente têm talentos para certas magias elementares, mas Kinsor que não vem de linhagens apresentam talentos da mesma forma."

As palavras do mestre se calaram quando a entrada para a torre apareceu diretamente diante deles. Selat não conseguia acreditar. No quadro e também de longe, ele havia visto uma parte mais gorda perto da base da torre, mas ele havia pensado que apenas era uma componente estrutural ou uma câmara de recepção. Agora, no entanto, ele percebia que se tratava da estátua de dois seres parecendo dragões enormes, com aproximadamente 50 metros de altura, que aparentavam estar entrelaçados em uma luta. A torre se erguia por dentro do centro do confronto, como se os seres fossem seu apoio e fundamento. Ao mesmo tempo eles pareciam abraçar a torre e não tinham jeito de serem apenas estátuas ocas.

Os dois seres tinham formas semelhantes a longas cobras com garras afiadas e enormes do tamanho de uma criança humana. Suas cabeças que se afunilavam na ponta do focinho e suas asas se entrelaçavam.

"Mestre Kumbus, o que são essas estátuas..."

Kumbus sorriu e respondeu: "Isso são os dois últimos Wornates que petrificaram durante a sua luta. Eles são a base para a história de fundação de Alda Idrion, mas você ainda vai ficar sabendo disso melhor."

Eles se aproximaram dos portões de madeira do Conselho e Selat pôde perceber que tanto estes mesmos, quanto as paredes de pedra dos arredores eram preenchidos por pequenos pictogramas gravados e pintados. No topo, o menino conseguiu ver uma representação dos Wornates e diretamente ao lado, havia um símbolo que lhe era muito familiar. Ele sentia como se já houvesse o visto anteriormente em casa. A insígnia era um triângulo com a ponta para baixo no centro da qual se localizava uma espiral levemente distorcida da qual uma das pontas se aproximava da ponta inferior do triângulo.

Muito mais abaixo, mais perto do campo de visão de Selat, ele observou um homem montado em um dragão. Ao lado havia uma cobra gigante se enrolando em volta de uma fortaleza. Ele via casas queimando e pessoas lutando. Em várias representações aparecia uma figura humana envolta por luz que surgia em todas as idades. Primeiro ela vencia um homem ensombreado como adolescente. Em outras ilustrações ela criava ventos e montanhas de proporções colossais e lutava contra todos os tipos possíveis de criaturas. Estranhamente ela apresentava grandes similaridades com Mestre Kumbus.

Será que realmente é o Mestre Kumbus?

O menino analisou seu acompanhante. As semelhanças eram realmente altas.

Isso significaria que ele é essencial para a história de Alda Idrion!

Lentamente o adolescente começou a entender porque ele conseguia sentir uma aura tão forte. Ele também compreendia agora, porque muitos Kinsor que eles encontraram na rua faziam saudações com reverência. Selat estava fascinado.

O mestre Kinsor fez um gesto com suas mãos e o portão abriu voando. Atrás dele ficava uma sala bem iluminada que tinha um pedestal no centro. Nele crepitava um fogo. Selat o observou melhor. As chamas cortantes dançavam por volta e dentro uma da outra em tons de vermelho, laranja e azul. Elas possuíam um efeito quase hipnótico sobre o menino. Kumbus avançou dois passos e pegou seu cajado Kinsor que ele havia prendido em seu manto na mão.

Selat olhou em volta e se perguntou, como prosseguiriam a partir daí. A sala não possuía portas e parecia ser aberta para cima. Ele olhou melhor para o teto. Havia uma luz flamejante à distância, talvez 200 metros mais para cima.

O mestre tocou o fogo com a ponta da madeira ornada e pronunciou: "Libonion, lugim onaîl eod dreo Oigonension Kinsiva."

As chamas soltaram um som de chiado e começaram a dançar como tentáculos. Um desses braços de luz agarrou mestre Kumbus pela caixa torácica e o fogo fluido começou a engoli-lo. Pouco a pouco o tronco do homem sumia até que ela estava envolto por completo pelo mar vermelho e azul.

Selat olhou estarrecido para a luz. Amedrontado, a visão do arco luminoso em volta de seu próprio corpo se marcava a ferro quente na sua memória.

"O que agora, mestre Kumbus?", perguntou o menino inseguro e sentiu seu coração batendo mais rápido e forte.

"Não se preocupe.", acalmou o Kinsor, "Apenas temos que subir."

A respiração de Selat paralisou e ele sentiu o sangue correr frio em seu corpo.

E em seguida o mestre e o aluno foram catapultados em direção à mancha de luz acima deles.

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O que vcs pensam que vai acontecer em seguida?

Eu me alegro com qualquer comentário, estrela ou teoria.

Magia de Kinsor: Trilha da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora