Selat - Inversão imponente Parte 1

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Da cama o menino de cabelos castanhos olhou o relógio e percebeu que estava acordado já bem antes do horário normal. Ele procurou seus óculos, que ele normalmente só usava para conseguir enxergar melhor o quadro na sala de aula, e pegou uma maçã. Quando com um rangido as persianas se abriram, ele percebeu que o sol ainda nem havia nascido.

Hum, pensou Selat, eu preciso sair para respirar um ar fresco.

E com esse pensamento ele saiu de casa depois de mudar apressadamente de roupa e vestir um casaco. No fim da sua rua se estendia a floresta, colorida pelas folhas tingidas de outono.

Selat começou a correr e sentiu uma força desconhecida crescer nele. Nem 40 segundos mais tarde Selat chegou na entrada do bosque da cidade de Zoberhagen. Ele olhou para trás e se admirou com essa nova agilidade. Segundo seu pulso e sua respiração tranquilos, jamais se poderia pensar que este menino acabara de correr muito mais rápido que o seu normal.

Seu corpo parecia apreciar o movimento e o adolescente se espantava com este sentimento totalmente novo para ele. Esporte nunca foi uma paixão. Acordar cedo para fazer exercícios físicos menos ainda.

Mas, se é essa a sensação eu finalmente posso entender estas pessoas que sempre estão praticando esporte e treinando.

Ao adentrar o ambiente marrom dourado da floresta ele começou a perceber muitos pequenos detalhes. Os pássaros estavam todos quietos e pareciam o observar tranquilamente. As folhas se aconchegavam umas nas outras como num melódico bailar alaranjado se deixando cair em direção ao chão. Mas o que espantava Selat era a qualidade da sua visão. Ele parecia enxergar e captar detalhes e cores como nunca teria imaginado ser possível,

Um pensamento muito estranho passou pela sua cabeça: O que está acontecendo comigo? Será que uma aranha radioativa me picou??

Ele teve que rir ao pensar isso. Mas de repente ele pensou em outra coisa.

Será que isso tem a ver com o estranho presente de Samira? Eu preciso conversar com ela sobre isso.

Mas antes de fazer o caminho de volta, ele ainda queria aproveitar esta visão bombástica.

Não muito longe dali existia uma velha e alta torre de caçador. Fazia muito tempo que estava abandonada, pois entre os caçadores de Zoberhagen corriam boatos que aquele local não era mais propício às atividades de caça. Segundo algumas superstições, ao redor da construção costumavam aparecer constantemente pessoas estranhas e com isso os caçadores tomaram a decisão de transferir suas atividades mais para dentro da floresta.

Ao passar pela construção Selat foi em direção à escada de madeira. Ele começou a subida íngreme. Até o topo seriam uns 20 metros. Mas Selat não se importou com esta altura. Ele deu um passo a frente e segurou o degrau de madeira começando assim a escalar a escada rústica.

De repente o adolescente agarrado à escada de madeira parou. Alguns degraus acima de sua cabeça ele avistou um pardal que o encarava fixamente. Saltitante o pardal voou dois degraus para cima e voltou a encarar o menino. A impressão que dava era que o pássaro queria chamar o humano que ali subia. Selat seguiu aquele chamado e continuou subindo. O pardal voou e pousou dois degraus acima e tornou a encarar o menino e assim foi se repetindo esta brincadeira até que ambos chegaram ao topo. O adolescente aturdido olhou para o pardal que o espiava com olhar de satisfação. Porém no momento em que Selat tentou acariciar o pequeno pássaro, este voou assustado e amendrontado.

O panorama do posto de caça era fantástico. À direita se via uma enorme clareira onde à noite vários animais poderiam ser observados. A nova capacidade visual de Selat era fora do normal. Ele era capaz agora de identificar os mínimos movimentos no campo e reconheceu ao longe em meio a um mar de árvores uma raposa. Ele examinou surpreso os arredores e observou como o vento acariciava as folhas e o capim.

De repente ele viu um movimento brusco em uma árvore próxima à torre de caça, ele olhou naquela direção e por um segundo teve a impressão de ter visto um macaco em uma das árvores.

Um macaco não tem nada que estar aqui!

Selat olhou de novo. Onde pouco antes ele avistou tal vulto não se via mais nada. Porém embaixo da mesma árvore surgiu um coelho. Selat o olhou fixamente e de repente começou a sentir uma dor de cabeça insuportável. Era como se ele visse uma coisa e ao mesmo tempo outra. A sensação era de estar vendo duas imagens sobrepostas e fora de foco o que causavam um cansaço na vista. O menino desviou o olhar e esperou de olhos fechados que a dor de cabeça cessasse.

Se eu contar isso a alguém ninguém vai acreditar em mim.

Ele parou e disse como num sussurro: "...fora Samira..."

Uma antecipação da alegria que seria encontrá-la em breve tomou conta dele. Com isso ele decidiu ir para a escola para ver isso se realizar. Selat desceu do seu ponto de observação e ao se encontrar de novo em terra firme sentiu-se relaxado e revigorado.

Um pensamento interessante veio a sua mente. Ele começou a correr para testar suas estranhas novas forças. O vento batia gelado no seu rosto à medida em que Selat ficava mais rápido foi observando que seus músculos se regozijavam, como um cachorro jovem que finalmente era solto para seu passeio da tarde.

Quando o jovem depois de poucos minutos já se encontrava na calçada de frente a sua casa se viu obrigado a fazer uma pausa e ofegante pensou que até seu novo fôlego tinha um fim. Selat esperou um momento até que sua respiração voltasse ao normal. Ele levantou o olhar e percebeu que os carros dos pais ainda estavam na frente da garagem. Os dois BMWs brilhavam em cima do alsfalto ostentando suas curvas e cores na luz do sol matinal. O brilho polido exagerado se devia à mania excessiva que sr. e sra Giarb tinham por limpeza e ordem.

Selat suspirou.

Ai,ai... Esqueci de avisar que eu ia dar uma volta na floresta. Espero qeu eles não estejam furiosos.

Mas eles estavam furiosos sim, ao verem que Selat vinha da floresta. Ele mal abriu a porta e eles já foram perguntando o que ele foi fazer lá.

"Eu fui correr um pouco, não conseguia mais dormir.", ele explicou com um certo sentimento de culpa e abraçou os dois. "Agora eu tenho que me vestir para ir à escola."

O menino se retirou da sala deixando lá seus irritados e espantados pais de frente à escada, totalmente perplexos. Os dois encolheram os ombros e voltaram à sua rotina.

*

Agora finalmente chegou a hora de trocar ideias com Samira, pensou o garoto ao entrar na sala de aula.

Mas Samira não estava lá.

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E pessoal, como este capítulo é mais longo, eu vou postá-lo em 3 partes.

Onde vocês acham que a Samira está?

Qualquer estrela, comentário e teoria são bem vindos.

Magia de Kinsor: Trilha da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora