Mitomania, compulsão em mentir, pseudologia fantástica ou mentir patológico; é um transtorno psicológico caracterizado por contar mentiras compulsivamente, sem benefícios externos e geralmente restritos a assuntos específicos e alusivos (como famíli...
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New Jersey, 26 de maio de 2000.
Trenton High School
15h45min P.M
As crianças rodopiavam nos brinquedos do parquinho na hora do recreio em meio a risos e gritos, enquanto uma garotinha mais distante e introspectiva coloria seu livreto alheia as outras crianças. Mas obviamente não tão alheia quanto costumava transparecer. Era mais fácil fingir – se desinteressada, mesmo que na realidade tudo o que ela mais queria era estar ali no meio daquelas crianças que a ignoravam. Talvez por não ser tão inteligente ou não ter um brinquedo legal para trazer no dia do brinquedo, ela de fato não sabia, só não entendia porquê era sempre a última a ser escolhida nas brincadeiras, a última a ser escolhida pela sua professora, a Sra. Palmer, para ler o dever de casa, a última a cuidar do Mrs. Pink( o porquinho da índia da Sra.Palmer). Sempre em último lugar. Até seus pais achavam que ela devia ser esforçar mais para fazer amigos e que a culpa era exclusivamente de Donnatela por não conseguir interagir com outras crianças.
Donna largou o lápis cansada de colorir . Levantou os olhos verdes e ajeitou suas tranças loiras resolvendo por fim caminhar até as outras crianças, seguiria o conselho dos seus pais, afinal ela deveria se esforçar, a culpa era dela por não ter amigos.
Um grupo de meninas histéricas olhavam um álbum de fotografias de uma coleguinha de classe chamada Mary Jane Evans, com fotos de sua viagem a Disney, respirou fundo se aproximando mais das meninas risonhas que pararam ao confrontar o olhar curioso de Donna sobre elas.
— O que foi Testa de marquise? Perdeu algo aqui? — Mary Jane zombou fazendo com que Donnatela elevasse as mãos até sua testa sentindo as bochechas ruborizarem em claro sinal de constrangimento, afinal aquele apelido fora dado desde o jardim de infância por conta de um peteado que sua mãe Helena lhe fizera e que deixava em evidência sua testa ao repuxar todos os fios loiros para trás. Por mais que Donna estivesse acostumada a ser chamada daquela forma, ainda sim, sentia-se magoada por ser motivo de brincadeiras por parte das outras crianças.
Mary Jane era popular entre os alunos da escola, seu pai era dono de uma franquia de lojas de esportes radicais, influente, e de grande poder aquisitivo. A ruivinha era o centro das atenções nas brincadeiras e conversas, estava sempre viajando com o pai para todos os lugares do globo terrestre.
Já Donnatela era filha de um casal italianos rudes , proprietários de uma pizzaria no Trenton, herança de família, que rendia lucros suficientes para manter as contas em dia e sustentar sua filha de 8 anos de idade.
— Vai ficar ai olhando testão de nós todos! — Mary Jane riu observando as outras rirem junto a ela. Donna engoliu seco e sorriu mostrando seu sorriso banguela faltando dois dentes na parte da frente. — Além de testuda , tá banguela? Hahahahaha — as crianças explodiram em gargalhadas histéricas. Donnatela engoliu o incomodo ao se lembrar das palavras dos pais ecoando na sua mente: Se esforce... Se esforce... Se esforce...
