Os homens trocaram um olhar inquieto e quando eu estava prestes a me levantar, o guarda me pediu que voltasse ao meu lugar.
- Como a chamam? Onde a senhorita vive?
- Meu nome é Ailsa White. - Respondi a contragosto. - Eu cresci num lar para crianças abandonadas, um convento...
- Então a senhorita pretende ser freira? - Questionou o guarda.
- Nunca tive vocação religiosa. - Respondi com um sorriso. - A desobediência sempre foi um dos meus maiores defeitos. Mas cresci sob as leis religiosas... Espero ter algum dia, uma vida comum. Casar-me, como mandam as escrituras.
Os dois ficaram em silêncio e se entreolharam, não sabia a ideia que tinham ao meu respeito, no entanto. por seus olhares, ouvir que cresci num convento pareceu, de certo modo, um alívio para ambos.
- Senhorita White, minha irmã tem 17 anos, ela acaba de ser prometida em casamento a um comerciante muito importante. Contudo, ela não aceitara se casar com o homem e fugiu de casa, ninguém pode descobrir que minha irmã não está sob nosso teto.
- Sem querer ser rude Sir. Brown, mas não vejo razões pelas quais isto seja do meu interesse.
- Você é muito parecida com a Srta. Brown, se o noivado não acontecer, será um escândalo. - O guarda explicou.
- Este noivado precisa acontecer. E o homem disse que só poderá permanecer na cidade até amanhã, se o noivado não acontecer tudo será cancelado.
- E ele sabe que vossa irmã fugiu?
- Não... Ele acredita que minha irmã está acamada.
- O senhor entende a dimensão do que está me pedindo? Tenho obrigações com o lugar onde vivo, não posso largar tudo. Vosso pai não vai acreditar que eu seja sua irmã. Ele espera que o senhor retorne com uma lady, como explicará uma serva maltrapilha em seu lugar?
- Meus pais terão de saber de nosso plano, mas além deles ninguém mais. Não podemos correr o risco de isso se tornar público.
- Quanto as suas obrigações, não esperamos que faça isso gratuitamente. O Duque tem muitas posses, ele pode recompensá-la pelo serviço e a senhorita pode ajudar as crianças.
Encarei o guarda sem acreditar em suas palavras. Precisávamos de dinheiro, isso não podia ser negado, mas até onde eu seria capaz de ir por isso? Questionei-me.
- Como posso saber se o qie dizem é verdade? - Inquiri.
- Angus, por favor, mostre o retrato de minha irmã. - O nobre pediu ao guarda.
O homem retirou um pequeno objeto do bolso. E lá estava o meu rosto, com um elegante penteado e lábios repuxados em um sorriso que nunca me pertenceu. A semelhaça era tamanha que seria como me olhar em um espelho, se não fosse por um pequeno sinal que a garota tinha abaixo do lábio.
- Meu Deus! - Exclamei surpresa.
- Vocês são exatamente iguais. Por favor, Srta. White, eu jamais lhe pediria tal coisa levianamente.
- Eu preciso pensar senhores. - Avisei devolvendo o retrato. - Esta não é uma decisão simples...
- Entendo perfeitamente, mas lhe rogo, não se demore. Como eu lhe disse, temos até amanhã.
Assenti e fiquei de pé, deixando a caneca vazia sobre a mesa. Os homens me observaram enquanto fiz uma reverência e caminhei para fora, a igreja não era tão longe, não havia caminho o suficiente para que eu analisasse todas as minhas opções.
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A Sósia de Uma Lady (Degustação)
Ficción históricaNo século XVIII, entre nobres e plebeus, terras e dotes possuíam o sinônimo de poder. Ailsa White não possuía bens e nem família, a jovem fora abandonada há muito por quem deveria dar-lhe conforto. E quando tudo em sua vida já parecia desastroso o s...