O DOMÍNIO DO REI BASTARI

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Amanhece o dia em Esdronte, na terra baixa no vale conhecido como Ed-Asdote que significa vale do sol. O amanhecer é sempre coberto de uma névoa leve onde o brilho atravessa com vigor, isso porque é o segundo período do ano conhecido como ciclo do sol. Esse reino é cercado de províncias.

O povo de Esdronte é um povo sereno e muito calmo, pois o reino vivia há muito tempo em paz, não se ouvia falar em guerra e nem em rumores de guerra, nem mesmo em contos, a não ser a que está escrita por mestres letristas nos antigos livros do reino e que para muitos não passava de uma lenda - a batalha de Esdronte contra os guerreiros da Montanha Negra, um reino distante e que depois dessa batalha não se teve mais notícias, nem desses guerreiros e nem mesmo do povo que lá vivera.

Contam os livros que a batalha aconteceu no princípio do reinado de Bastari. O rei até os dias de hoje governa toda Sidron. Seu reino, desde aqueles tempos tem sido muito desejado, porque sempre houve nele grandes obras, construções magníficas, árvores frondosas, rebanhos de todas as espécies, campos verdes e plantações diversas em suas províncias. Sendo assim, um povo feliz, não lhes faltava nada. O reino era guardado por um grande e temido exército, por isso não era facilmente atacado. Mas isso não impedia que outros reinos desejassem conquistá-lo.

E não tardou para que isso acontecesse... Um povo muito poderoso chamado cartanianos, povo da Montanha Negra, montanha cuja imagem era absurdamente extraordinária, de tão alta parecia uma extensa muralha escurecida pelas grandes sombras que se formavam em seus cumes, com seus habitantes, criaturas acima dos três cabos, corpo revestido de escamas com garras nas mãos e nos pés e que apesar dessa aparência monstruosa eram bem organizados, muito leais a Cartariam, líder do império dos cartarianos e muito conhecidos por serem grandes em estatura e força. E assim, a montanha já não era mais suficiente para eles, achavam que sua força e seu poder poderiam conquistar todos os reinos.

Então Cartariam reuniu seu exército que embora não fosse numeroso, era extremamente poderoso. Ele chamou Beitron, seu leal general cuja força era de vinte homens do reino de Esdronte e falou em conquistar outros reinos, pois há muito viviam na Montanha Negra e seu poder era muito grande para ficar somente ali:

- Beitron, basta, chegou o momento que tanto esperávamos! Nosso povo já está aqui há séculos! Temos autoridade e força, nosso exército é conhecido e temido por toda Sidron; podemos e devemos conquistar coisas ainda maiores e nossa primeira conquista será o reino de Esdronte!

- Sim, grande Cartariam! Faremos isso e que a cidade de Esdronte seja toda nossa!

No reino de Esdronte, Bastari era um rei generoso e de uma sabedoria inigualável, havia formado um reino consolidado e com isso, outros reinos iam até ele para fazerem aliança, reinos próximos e de muito longe. Ainda assim, alguns reinos se recusavam serem submissos a Esdronte e teimavam em não fazer aliança e o rei Bastari se via obrigado a se informar sobre esses reinos, o que faziam e tudo o mais, mantendo espias nessas terras ou o mais próximo delas. Os cartarianos eram um desses povos que não fizeram aliança, e pelas suas condições geográficas não era possível observar de perto suas ações, a não ser de longe.

Depois de se reunir com Cartariam e receber ordens, o general Beitron preparou seu exército e começaram a marchar para seu destino: o reino de Esdronte do rei Bastari. A descida da Montanha Negra, a partir de onde eles moravam, tinha que ter uma habilidade incrível, uma escalada para baixo de dois mil cabos (cada cabo equivale a um metro e meio). A descida era de tirar o fôlego para os que não estavam preparados. Suas garras gigantes seguravam nas fendas das rochas e desciam com grande rapidez o abismo, em meio a imensidão de sombras, até o chão. A visão de longe era assustadora, as tribos mais próximas que contemplavam essa imagem tremiam e temiam por suas vidas, nunca tinham visto os guerreiros da Montanha Negra saírem assim todos de uma vez, pois sabiam que eles eram um povo que não incomodava ninguém. Algo estava errado. E ali na tribo de Sardânia, ao noroeste de Sidron, na colina encontrava-se um espia de Bastari e logo que viu a movimentação montou em seu cavalo e correu para avisar o rei de Esdronte.

Ninguém gostaria de estar numa guerra contra eles. A marcha daqueles gigantes fazia o chão tremer, eles empurravam as árvores pelo caminho como se fossem ramos de trigo. A caminhada seguia pelo vale de Tartos, ao noroeste de Sidron, o caminho é de três tempos de um período, porém aqueles gigantes não gastavam um tempo de um período.

Quando os guerreiros da montanha chegaram próximo do reino de Esdronte, houve grande temor, pois o que se via era algo que ninguém nunca tinha visto até então. O espia não chegou a tempo de avisar o rei. E do alto de seu castelo, Bastari avistou a grande massa de monstros se formando. Estavam com Bastari seus generais Talmo, primeiro general e Sézamos, seu segundo general.

No mesmo instante os dois generais juntaram o exército de Esdronte, com correria vestiram as armaduras e pegaram suas armas, os mancebos foram até o campo e ajuntaram todos os cavalos de guerra e os soldados foram pegando cada um o seu animal, apenas os de Bastari, Talmo e Sézamos foram levados até eles, prontos para a guerra com peitoral de metal e uma capa trançada de fios de têmpera, um fio muito resistente das árvores de Esdronte, assim os cavalos foram vestidos, eles fumegavam pelas ventas, sua vontade de ir à guerra era natural, parecia que nasceram para isso.

Assim foi contado nos antigos livros.

Em menos de um quarto de tempo o exército estava todo perfilado e sob a ordem de Bastari saíram todos em disparada para o vale de Tartos. Os soldados como fossem um só homem desceram em direção ao vale.

O confronto foi colossal, grandes guerreiros e gigantes contra um exército muito poderoso de um rei com habilidades incríveis que foi treinado pelo grande Sardani, mago com poderes incalculáveis, cuja magia era temida, assim também foi descrito nos pergaminhos antigos do reino de Sidron.

O confronto durou dois tempos de um período atravessando toda a noite, o que não é comum numa batalha, mas continuaram porque estavam na segunda lua de Saram, e essa lua não deixa a escuridão chegar, sua luz é quase comparada ao sol. Todos do reino de Esdronte já estavam exaustos e os guerreiros cartarianos já os estavam sobrepujando, a vitória deles já era quase certa, quando, de repente, o rei Bastari no meio da batalha se elevou de um poder, uma grande luz bastante poderosa que saiu de dentro dele e de uma só vez derrubou todos os guerreiros da Montanha Negra que ainda estavam de pé. E os soldados de Esdronte não sentiram coisa alguma.

Assim o grande rei Bastari venceu os cartarianos e com a vitória dessa batalha, sua fama ultrapassou os confins de Sidron e todos os povos temeram o rei de Esdronte. Ele estabeleceu seu reino, criou decretos e governou sobre toda Sidron. Todos estes acontecidos e muitos outros estão escritos nos livros do reino.
Está em destaque o que fez o rei, bem grifado com pintura e desenhos para contar qual foi o tamanho desse poder do rei Bastari. Este fato curioso - seu poder, que nem mesmo Sardani sabia, e nem o próprio rei, nem nos treinamentos com o mago, em momento algum o rei revelou tal poder, foi algo realmente repentino, bem natural e involuntário.

Sobre os guerreiros da Montanha Negra, ou dos que restaram, o que se sabe é que fugiram e não foram mais vistos. Provavelmente se esconderam ainda mais alto ou para dentro da montanha e ali ficaram quietos. Não foi visto o corpo de Cartariam, mas somente o de Beitron, o grande general dos cartarianos.

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E MUITO OBRIGADO POR LER!

A MONTANHA NEGRAOnde histórias criam vida. Descubra agora