Capítulo 7

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A Liberdade

Dei início a uma nova era em minha vida. Os desafios eram grandes, mas o desejo de superá-los era ainda maior e ainda assim muitas vezes encontrei-me em crise. Descobri o quanto eu poderia ser engraçada e dramática ao lidar com os acontecimentos, sorria comigo mesma quando cogitava jogar-me da ponte Rio-Niterói ou atirar-me da janela de meu apartamento, minha vida muitas vezes pareceu sem sentido, porque acompanhada das mudanças vieram as dúvidas e os medos, mas também um desejo incontrolável de ser feliz.

Era uma luta diária onde sempre estabelecia as regras aquele que fosse mais forte, por isso aprendi a fortificar todos os motivos que eu tinha para ser uma pessoa contente, as razões para que eu ficasse na lama eram legítimas, mas eu preferi acreditar no sonho, não que eu fosse viver em um mundo paralelo à realidade, mas eu viveria a esperança de superar minhas dificuldades de tal forma que ela já não ditaria se eu deveria ficar alegre ou triste!

O tempo ia passando e conforme isso acontecia, ia me firmando ainda mais como pessoa, estava administrando relativamente bem a minha parte na empresa e aos poucos as coisas iam entrando em seus devidos lugares dentro de mim. Sentia-me bem acomodada em meu minúsculo apartamento e feliz com as descobertas que estava fazendo ao longo dos dias. Eu ainda não podia fazer grandes extravagâncias financeiras por conta do empreendimento comercial que a empresa estava realizando, mas tinha o suficiente para algumas noitadas se não fossem muito caras. Tinha conseguido eliminar três quilos, embora parecesse pouco em apenas dois meses, para mim isso representava uma vitória incalculável.

Arrumei três novas amigas na academia e duas no trabalho, saíamos para happy hours, visitávamos museus — afinal de contas eu gostava —, íamos a shows e curtíamos alguns barzinhos. Eu estava vivendo uma vida aparentemente normal.

No primeiro sábado de maio, estávamos sentadas em um bar onde costumávamos ir para distrair a mente e dar umas paqueradas. Eu ainda estava um pouco fora de forma, aliás, acho que nunca estive, mas estava sempre observando à procura de uma grande relação, uma que me fizesse caminhar sobre as nuvens. Nesse dia, em especial, o que encontrei foi algo muito diferente disso, deparei com realidades distintas e objetivos iguais: se sentir feliz!

— Olha Alice — disse Lena, apontando-me discretamente uma mesa com três caras, localizada duas mesas depois da nossa. — O de blusa listrada está olhando pra você — afirmou ela.

Todas as mulheres que estavam à mesa se contorceram para olhá-los.

— De onde você tirou isso Lena, ele pode estar olhando para qualquer uma de nós — eu disse disfarçando a satisfação de acreditar que era comigo.

— Alice, pelo amor de Deus, né? O loirinho que está ao lado dele está me comendo com os olhos, e ele quando olha pra cá olha em sua direção, já que Carla está de lado e na ponta e elas duas estão de costas. É óbvio que ele está de olho em você... Amiga, ele é um gato!

— E o terceiro, Lena, é um gato também? — perguntou Juliana, empolgada.

— O terceiro... — Lena esticou-se toda e, fazendo algumas manobras, completou: — é um pouco gordinho!

Simplesmente amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora