Capítulo 16

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I wanna be alone
Alone with you, does that make sense?
I wanna steal your soul
And hide you in my treasure chest
- Billie Eilish.

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Crystal Moon Kannenberg

- Olá, Rafael. - suspiro após pronunciar seu nome.

- Quanto tempo, Crystal. Achei que tinha me esquecido. Quer dizer... da sua consulta mensal. - passa a mão nos cabelos confuso e sorrio.

- Como o senhor está? - pergunto e ele sorri com seu charme natural.

- Por favor, senhor não. Já temos intimidade o suficiente. Estou bem, obrigado. - faz uma pausa e mexe em uns papéis na sua mesa.
- E você não preciso nem perguntar, seus exames falam por si só. - engulo em seco e antes que ele fale os resultados resolvo perguntar aquilo que estava em minha mente enquanto dirigia até o hospital.

- A dois dias atrás aconteceu uma coisa bem estranha comigo, quero dizer... com a minha memória. Sabe quando algo acontece e você simplesmente esquece? - ele abre a boca para me interromper mas eu prossigo. - Eu estava em uma luta com meu amigo, - ele sabia da La Família, pouco, mas sabia - e foi como se já tivesse acontecido em algum momento. Mas o estranho era que... eu não me lembrava e quando isso aconteceu, eu senti uma dor absurda no meu interior. Era como se tivesse perdido algo...foi então que percebi, eu realmente havia perdido algo. Eu perdi a minha memória, mas como? - tiro as costas do banco confortável me inclinando para frente.

- Como você me explica isso, doutor? - ele leva as mãos aos olhos e se levanta e eu o acompanho com o olhar.

- Você sofreu um grande trauma e o resultado disso está naqueles exames - aponta para a mesa. - e aqui na minha frente. - ele se refere a mim e dessa vez eu passo as mãos no rosto.

- Quando Jake me falou que queria "queimar" parte do seu cérebro eu ri, de desespero, é claro. Eu sabia que era possível fazer isso e que o processo seria pouco duradouro e que esse dia, chegaria. - suspira e cruza os braços. Eu esqueci isso por 3 anos, tecnicamente foi muito tempo. - Crystal, você foi violentada. Perdeu muito sangue e consequentemente teve um aborto espontâneo. Você chegou aqui praticamente desfalecida, mas com muita força de vontade para salvar seu filho, se lembra dele? - prenso meus lábios uns nos outros e olho para o chão.

- Não há como esquecer. Mas essa...essa é a única parte que me lembrava. Que eu e Jake o cremamos. - seco imediatamente as lágrimas de meu rosto, não por vergonha e sim por não querer que ele sinta pena.

- Crystal...seus exames. Você teve sequelas após o parto e ficou difícil de tratar as mesmas com você doente após o falecimento dele. Elas se agravaram, o que eu não entendo é como depois de três anos elas não se curam e sim se agravam. Crystal, você vai ter que ser internada. - ao escutar aquilo me levanto e paro bem em sua frente.

- Não. Eu virei quatro, cinco, seis dias por mês se você quiser, tanto faz. Mas eu não me interno. Eu não sou uma doente! - grito e o mesmo vira o rosto para janela.

- Eu sei que não, mas seu corpo sim. - me olha por uns instantes e volta para a mesa.

- Vamos fazer assim, você irá vir catorze dias no mês. Na primeira semana do mês e na última. Assim verei se tivemos algum progresso ou não no tratamento, faremos isso por três meses. Se os resultados não forem os esperados...eu te internarei. Você querendo ou não. - me olha nos olhos seguro de si.

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