Nove

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Nos deixamos escorrer pela parede sentando lado a lado, e eu apoiei minha cabeça contra o ombro dele. Minha mão, anteriormente deixada na lateral esquerda do meu corpo, foi tomada pela dele, e ele deixou no dorso um beijo, o que me fez sorrir. Em seguida, ele beijou minha testa, descendo para minha bochecha esquerda, depositando beijos leves em toda a extensão.

Imediatamente entendi sua intenção e sorri, juntando nossos lábios apressada, ansiosa para sentir de novo tudo aquilo que ele despertava em mim.

- O que nós vamos fazer sobre isso? – ele perguntou fazendo um carinho no meu rosto e cortando o beijo.

- Isso? É tão ruim que você não consegue nem dizer? – eu perguntei sem perder a oportunidade da brincadeira.

- Você sabe o que eu quero dizer, Flora.

- O que vamos fazer sobre isso? – eu repeti a pergunta e ele revirou os olhos. – É uma pergunta importante! – eu exclamei em meio a uma gargalhada.

- O que você quer fazer? Você precisa pensar. Sua vida pessoal vai estar em jogo. Você sabe como os tablóides são em relação a nós jogadores, e mesmo que eu não tenha tanto reconhecimento quanto Sergio ou Cristiano, eles ainda são abutres. Eu preciso viver com isso, você não.

Ele tinha razão. Era praticamente uma nova vida. Exposição, mídia, tudo o que eu não gostava sobre o ramo futebolístico.

Mas meu coração estava completo demais para que eu tomasse qualquer outra decisão.

- Eu sei o que eu quero. - eu disse a ele apertando sua mão de leve. - O que você quer?

- Eu quero... eu quero estar do seu lado. Junto de você. Como sempre estivemos. Só que dessa vez quero chegar em casa, bejiar você. Quero segurar sua mão. Quero sentir esse frio na barriga que eu ando sentindo quando falo com você. Eu quero estar com você, Flora. Acima de qualquer coisa.

Eu sorri, satisfeita com a resposta. Marco Asensio parecia sempre saber o que dizer.

- Eu quero a mesma coisa, Marco. E quero, se isso não der certo, que nós continuemos amigos. Antes de qualquer coisa, acima de qualquer coisa. Somos amigos, e nada nesse mundo, nenhum beijo, nenhuma situação pode mudar isso.

- Desde quando você diz essas coisas tão sensatas?

- Eu sempre fui um poço de sensatez, querido. Fico feliz que tenha notado finalmente.

Ele sorriu e me beijou mais uma vez.

Droga, como eu estava gostando daquilo. Como eu estava gostando dele.

- Não fique tão convencida, Flora.

- Falou o senhor modesto, que se acha melhor em todas as coisas do mundo mas queima a pipoca de microondas.

- Eu não queimo a pipoca de microondas.

- Aposto 20 euros que você vai queimar.

- Feito. Você quer pagar agora ou mais tarde?

Eu não queria perder aquilo. Não queria perder meu melhor amigo.

E por alguma razão, eu sabia que aquilo não aconteceria.

🍀

- VOCÊS O QUÊ?! - minha melhor amiga gritou, me fazendo afastar o telefone do ouvido, tentando evitar um possível rompimento do meu tímpano graças àquele grito agudo.

Jade era assim: exagerada, escandalosa. Mas eu a amava. Como ela fazia falta no meu dia a dia.

- Grita mais alto, Jade. Acho que uma boa parte de Turim ainda não ouviu. Você está pedindo pra tomar uma advertência. Não são, sei lá, duas da manhã aí?

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