Dezoito

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Minha mãe me encarava, incrédula, ao lado de tio Gilberto, que tinha a mesma expressão no rosto.

- Mãe?! – eu exclamei sem perceber meu alto tom de voz. – Vocês não chegavam no fim da tarde?

- Resolvemos fazer uma surpresa. Consegui mudar o voo pra hoje de manhã. Combinei tudo com Gilberto. Entramos pelos fundos pra não chamar a atenção.

- O que está acontecendo aqui? – meu sogro soou autoritário e eu senti as lágrimas tomarem meus olhos. Marco olhou pra mim e antes de esclarecer as dúvidas de todos. Ele sorriu, tentando me tranquilizar, e assumiu as rédeas da situação.

- Nós iríamos contar pra vocês hoje a noite. Pensamos em um jantar antes de Paris e tudo. Mas sim, a Flora está grávida. Vamos ter uma filha, e estamos muito felizes com a notícia. Esperamos que vocês também fiquem.

Os dois ainda nos olhavam espantados, mas eu podia ver um esboço de sorriso no rosto de tio Gilberto.

- Oi, meu amor! Como você está? – meu pai disse, puxando as malas pra dentro, seguido por Antonio, que carregava Daniel nos ombros. – Que caras são essas?

- Papai. – eu corri para seus braços e ele me abraçou forte. – Eu estou grávida. Você vai ser avô.

Os olhos do meu pai marejaram assim como os meus.

- Você está falando sério, querida? – eu assenti de leve com a cabeça contra seu peito e ele eu senti ele rir. – Ah, meu amor. Isso é incrível! Você... você está feliz?

- Estou, papai. Estamos muito felizes.

- É o que importa, certo? – ele beijou meus cabelos e eu sorri, me afastando dele, mas ainda segurando suas mãos. – Vou ser avô. Lena, vamos ser avós!

- Há quanto tempo vocês sabem disso? – tio Gilberto perguntou, abraçando o filho e me puxando em seguida para o mesmo, sussurrando um “parabéns” baixinho no meu ouvido.

- Desde a final. Eles descobriram no hospital, quando passei mal. Precisamos de nosso próprio tempo para processarmos a ideia, mas está tudo ótimo. Comigo e a neném.

- É uma menina? Vocês já sabem?  - tio Gilberto e meu pai perguntarem praticamente ao mesmo tempo, e eu e Marco sorrimos assentindo.

- Vocês vão ter uma netinha! – Marco disse comemorando e eu ri, enxugando as lágrimas.

Antonio e Daniel, que agora entendiam tudo o que tinha acontecido, vieram em minha direção e me abraçaram forte, o mais velho alegando que queria saber padrinho. Enquanto isso, o caçula da família Conte colocou uma de suas mãozinhas pequenas sobre a minha barriga protuberante, cena que me levou as lágrimas novamente e que não passou despercebida aos meus olhos, ao ponto que fiz um registro da mesma e postei em meu Instagram.

Minha mãe era a única ainda sem uma boa reação. Meu pai, ao perceber a minha preocupação, me abraçou de lado e beijou minha têmpora.

- Vou conversar com ela. – ele disse carinhoso. – Não se preocupe, ela vai ser uma avó muito babona.

Eu sorri e abracei o mais velho, contando com isso.

🍀

- Podemos conversar? – eu ouvi a voz de minha mãe soar à porta do quarto depois de duas batidas.

Depois de um almoço apressado, os homens da casa se acomodaram no carro de Marco, e foram para um passeio. Fui convidada para o programa, mas acabei por me sentir indisposta e resolvi deitar. Acabei cochilando e encontrei um bilhete de Marco preso à cúpula do abajur, dizendo que eles não queriam me incomodar, e preferiram sair para entreter os dois mais novos. Concordei imediatamente: eu sabia muito bem como Antonio e Daniel juntos eram agitados e podiam destruir facilmente uma casa.

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