Capítulo 28

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Eu só queria uma música

Pra lembrar daquele dia que marcou para nós dois

Eu só queria uma música

Pra dizer tudo o que eu quero sem me arrepender depois

(para nós dois)

Até faria uma música pra você e ninguém mais

Pra gente viver em paz


— Fresno, "Uma Música".


Camila POV


Estava num ritmo frenético com Nath e DJ. Depois de três dias, desde a chegada em Miami, nós começamos a gravar sem parar. Agora, quinze dias depois, estávamos quase proibidas de aproveitar os intervalos de poucos dias. Nossa rotina se resumiu a acordar às cinco da manhã e dormir à meia-noite. Sair? Beber cerveja com amigos? Muito raramente. Eram entrevistas por cima de entrevistas, sessões fotográficas, planejamento dos shows e muito ensaio. O clima era tão insano que até Nathalie, que, em geral, era uma mulher controlada, estava estressada.

— No três. — Pediu Dinah, no teclado. — Um. Dois e... vai!

Ela estava tentando encontrar uma maneira de iniciar seu solo sem que o baixo, tocado por Chang, um dos caras que Stu contratava como suporte para os instrumentos que faltavam, atrapalhasse o ritmo. Pelo visto, a improvisação que Dinah estava tentando criar ia por água abaixo, pois os instrumentos anulavam um ao outro.

— Não tem como, JD. — O chinês que adorava inventar apelidos para as pessoas disse. — É a hora do baixo ali. Você não pode começar a dedilhar feito louca e interromper.

— Eu posso fazer a merda que eu quiser, coreano. É só você encurtar sua aparição que eu puxo meu solo. — Resmungou, com o cigarro de menta quase caindo dos lábios. — Foda-se. Tenta fazer o que eu pedi.

— Nessa música não cabe solo de teclado, DJ. — Interrompeu Nathalie, girando as baquetas da bateria nos dedos. — Não inventa moda. E Chang é chinês.

— Estamos sem tempo para replanejar a música. Ela foi feita assim. Se está insatisfeita com ela, tiramos do CD até encontrarmos algo melhor. — Garanti e vi seus olhos escuros rolarem por trás das pálpebras.

— Você sabe que eu estou certa, Camila. — Rebateu e deixou o teclado de lado puxando mais um cigarro. — Preciso de uma pausa.

— Vamos almoçar... — Opinou Nathalie. — Meus braços estão com câimbras também.

Saímos do estúdio e escutamos a reclamação do Stuart sobre o fato de estarmos adiantando a hora do almoço. Tínhamos uma entrevista marcada para às quatro da tarde, que ia ser ao vivo em escala internacional. Era um talk-show com Jimmy Fallon, um jovem que conquistou a América com sua maneira divertida e despojada de conversar com os famosos.

Muitos estavam dizendo que ele ocuparia o lugar da Ellen Degeneres um dia, mas eu duvidava que alguém pudesse roubar os tabloides daquela mulher. De qualquer maneira, estava ansiosa para esse encontro específico, porque as perguntas seriam espontâneas e sentimentais; esse foi o acordo que Jimmy fez conosco, como se fosse uma ideia valiosa nos pegar no pulo.

E, porra, eu não era boa com sentimentos.

Lembrar-me disso automaticamente me fez lembrar de Lauren Jauregui. A maneira como as frases se perdiam quando eu estava perto dela, o modo como seus olhos se tornavam gentis quando percebia que eu falaria qualquer coisa, menos o que deveria realmente dizer. Seu carinho era um suporte imenso e peguei-me desejando que ela estivesse aqui, que fizesse parte da minha vida, que ela pudesse ficar nos bastidores e abrir um sorriso quando eu precisasse.

Heart on Fire - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora