O jovem homem guiava gentilmente a jovem mulher em direção ao quarto. As mãos de Rômulo tampavam os olhos de Olívia, de modo que ela não conseguia ver nada além da escuridão. Ela tinha de confiar nele. E confiava. O casal namorava há quase 8 meses e Olívia tinha a certeza de que haviam nascidos um para o outro.
− Não me mate de curiosidade!− protestou ela, sorrindo.
− Só mais alguns passos, minha querida... segure a curiosidade.
Olívia deu mais três passos adiante. Sentia estar próxima de sua cama. Seus pais, que também estavam na casa, jamais permitiram que ambos entrassem sozinhos no mesmo quarto. Desta vez, porém, foi diferente. Por conta disso, ela sabia que algo de muito importante aconteceria naquele momento.
− Pode abrir os olhos− pediu ele.
Os olhos de Olívia demoraram um tempo para se reacostumarem com a luz. A vista embaçada, porém, não fora o principal motivo para que não acreditasse no que via. Aos poucos, quanto mais a nitidez voltava a seu olhar, menos razões ela tinha para contestar o que via. Olívia viu sua cama forrada por pétalas vermelhas e, no centro, um buquê com um cem número de rosas amarradas delicadamente entre si. Ela adorava rosas e aquele era um dos arranjos mais bonitos que já vira.
− Tudo isso é pra mim? Eu não pensei que... − Ao virar-se na direção de Rômulo, mais uma surpresa: ele estava ajoelhado, com um pequeno estojo de madeira aberto. Dentro do estojo, duas alianças reluzentes.
− Eu te amo, Olívia. Você é a mulher da minha vida. Por isso, gostaria de saber se aceita ser a minha esposa. Quer se casar comigo?
Ela não podia acreditar no que acontecia. Pensava que esse pedido demoraria pelo menos mais alguns meses. A jovem abriu uma sorriso tão reluzente quanto as alianças que simbolizariam essa união.
− É tudo o que mais quero na minha vida!
Rômulo se levantou e os dois se deram um beijo quente e longo, como todo beijo apaixonado deve ser. Depois, se abraçaram fortemente.
− Fico muito feliz com o seu sim − afirmou ele. − Nos casaremos em duas semanas. Já estou adiantando as coisas na igreja e...
− Duas semanas?− questionou Olívia, confusa.− Mas em tão pouco tempo não conseguiremos nem convidar a todos os nossos familiares mais próximos, meu amor. Não acha melhor...
Ela fora interrompida pelo choro de Rômulo. As lágrimas dele caíam copiosamente no seu ombro.
− O que foi, meu amor? Por que está chorando?
− Eu fui convocado, Olívia...− disse ele.
− Convocado?
− Para a guerra contra Torim. Serei obrigado a partir em pouco mais de três semanas. − O mar de lágrimas se intensificou.−Não quero sair daqui antes de nos casarmos. Eu... eu não sei se teremos outra oportunidade. Eu... não sei se voltarei vivo da guerra.
Olívia abraçou seu amado ainda mais forte.
− É claro que voltará, meu amor. É claro que voltará.
Duas semanas depois, o casamento aconteceu. No mesmo dia, a noite de núpcias. Dez dias depois, Rômulo partiu para a guerra. Em três meses, Olívia descobriu que estava grávida. A criança nasceu sem a presença do pai. E o pai foi para a guerra sem saber que tinha uma filha.
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O Regresso da Alma
Misterio / SuspensoMenção honrosa no 6º Concurso de Suspense promovido pelo perfil @SuspenseLP É noite do Dia dos Mortos no Reino de Lume. Olívia decide rezar pela alma de seu marido. Ela, porém, não sabe exatamente se Rômulo está morto ou não. Três anos após ter part...