As flores do meu jardim

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Perfeição. Era isso que eu queria nessa festa e acho que consegui chegar perto. Depois tenho que agradecer melhor Larissa por ter deixado eu fazer a festa aqui, no salão de seus pais. Ricaços são ricaços, afinal.

Passo os dedos acariciando uma das flores que suspensa no teto.

Uma festa de primavera no verão.

O salão está com as luzes coloridas já ligadas. A música não estava muito alta, estavam fazendo alguns testes no momento. Passo a mão por um coluna adornada com margaridas descendo em espiral.

Larissa, uma jovem loira, baixinha e um pouco acima do peso, vem a longos passos para onde eu estou. Vestida como uma das musas do filme Hércules, noto as suas sandálias simples de couro. Ela realmente se comprometeu com a festa. Sorrio. Larissa pega a minha mão e noto o contraste dos nossos tons.

— Está maravilhoso! — exclama admirando o salão ostentoso.

— Tudo graças a você. Obrigada. — Abaixo a cabeça numa pequena reverência.

— De nada. Mas não foi nada demais. — diz diminuindo o seu próprio valor.

Olho com tristeza para ela. Ela, uma moça tão bonita e bondosa, sente-se inferior tantas vezes, comparando-se com a "grandeza" dos outros ao redor, que mal percebe que tem o seu próprio valor.

Larissa foca-se em algo atrás de mim. Para ser mais exata, nas minhas costas. As minhas asas. Ela passa a mão com cautela pelo arame que sustenta as penas colocadas delicadamente. Parecia uma garotinha impressionada, não uma quase mulher adulta.

A música aumenta. Vejo o relógio no meu pulso, de um rose gold cuidadosamente trançado no meu braço. Está na hora dos nossos colegas aparecerem. A qualquer minuto eles entraram e nos encontrarão nesse lindo salão.

As primeiras pessoas que encontro foram a minha Ariel, Marisia parecia desconcertada. Aproximo-me com passos cautelosos. Seus olhos esbugalhados apenas analisavam com admiração toda a decoração.

— O que achou? — pergunto. Sem ser a minha intenção, Marisia solta para o lado, assustada com a minha aparição. Tentando esconder o rubor em seu rosto pelo susto, ela evita olhar diretamente para o meu rosto. Aguento a vontade de rir. Ela é uma graça, um doce de pessoa.

— Deslumbrante. — diz verdadeiramente impressionada. Arfa ao sentir o toque macio da margarida entre os seus dedos. — Simplesmente deslumbrante. Tão belo quanto os próprios bailes que imaginava quando lia nos meus livros. — Sorrio com o elogio.

— Bem, sinta-se a vontade aqui para virar uma heroína das sua própria história hoje, aqui. — digo dando meia volta.

Primeira parte do plano já está funcionando, pois, ao longe, um jovem de cabelos negros, vestido como um verdadeiro príncipe, entra no salão. Ao ver-me aproximando-me dele, noto que o peito de Marisia parou de subir. Um certo par de olhos puxados chamou-lhe a atenção. Edwin está aqui.

Cumprimento-o. Ele parecia tão desconcertado quanto Marisia, mas escondia melhor do que ela. Soco o seu braço ao jogar-lhe na cara que foi sim uma boa ideia termos apostado.

— É uma pena que eu tenha chegado tão cedo. — diz falsamente decepcionado. Ele pensa que não notei como seus olhos não se desgrudam da nossa Ariel.

— Você chegou na hora, até um pouco atrasado eu diria. Os outros que não são pontuais... Hum... Tenho que ir agora. — aviso dando um abraço rápido. É um abraço desajeitado, por causa das asas. — Se quiser companhia eu aconselharia a de Marisia. — digo apontando para a moça de cabelos alaranjados.

A Cada Badalada dos CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora