Rosalinda, a Cupida

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Legado. Uma marca. A marca que deixarei quando sair do ensino médio. Um ato tão incrível que será lembrado pelas próximas gerações, ou apenas pelos meus colegas. Mas, se apenas uma única pessoa me mantiver na memória, já estarei satisfeita. 

Hoje, daqui algumas horas, descobrirei se consegui mesmo. Tem que ser tudo perfeito. Sem falhas. Um plano infalível!

Uma festa fantasia. Não qualquer festa fantasia, e sim a festa que fará que eu fique na mente de todos, ou de Marisa, Edwin, Sofia e Juan. Se eu mudar o caminho da vida deles já estarei feliz, pois, se tudo der certo, eles entenderão os próprios corações.

Marisa, um típica nerd, ruiva, isolada, que ama ler, audaciosa, mesmo não querendo admitir, extremamente inteligente, menos quando se trata das próprias emoções.

Edwin, popular, um jogador de handebol maravilhoso, o nosso príncipe. Só não é tão bom quanto o Carlo, esse sim é o brilho os olhos de todos. Com cabelos grossos escuros, olhos redondos perspicazes, só não o suficiente para entender que a nossa nerd gosta dele, e ele dela. Tão óbvio que me deixa embasbacada como nada aconteceu até hoje. Mas nessa noite isso mudará.

Sofia, melhor amiga de Edwin, uma típica maloqueira. Ela é intuitiva, entende o sentimento dos outros, ótima conselheira, exatamente o que Juan precisa, mesmo sem saber. Não sei muito sobre ela, apenas o suficiente, que vai ajuda-lo mesmo sem eu pedir e quem sabe no futuro role um romance.

Já o meu Juan. Oh, Juan. O primo introvertido do nosso príncipe. Toda vez que observo os seus olhos castanhos claros percebo um turbilhão, um furacão constante que um dia o arrastará, sufocará e o matará se não manter num lugar seguro. Talvez esse lugar seja na verdade uma pessoa. Talvez seja Sofia.

O som da campainha traz-me de volta a realidade. Vou até o interfone e descubro pela voz metalizada do outro lado que Carlo chegou. Estou cheia de energia. Em poucos minutos ele está no apartamento de dois quartos. Seu cabelo castanho, que já está precisando cortar, enrolado nas pontas está molhado.

— Onde estava? — indago. Vou no meu quarto e pego a sua fantasia.

— No treino dos Águias. — O nosso time de handebol. Reviro os olhos.

— Vocês têm noção como seu grupo é pomposo? — indago sarcástica. — Nenhum outro colégio tem um mascote ou nome! Vocês têm os dois! Geralmente usam apenas o nome do colégio. Cleomes, Cherdiak, Martin Lunter King, Álvares de Azevedo. — nomeio.

Volto para a sala, onde encontro com ele jogado no sofá aguardando-me com um sorriso bobo. Carlo em geral é uma boa pessoa, bom líder, só um pouco apaixonado demais pelo nosso time para o meu gosto.

— E ficar naquela mesma coisinha, tedioso? Jamais! Nunca seremos como os da Carolina Maria de Jesus! — O único colégio que vem a ser uma dor de cabeça ao nosso time campeão.

Meu celular toca na cozinha. Ainda com a fantasia de Carlo no braço, pego o meu Samsung J5. Ele está um pouco velho, lento, todavia, essa não é melhor hora para desapega-lo. Sorrio pela ironia ao ver quem me liga. Percebendo que algo estranho envolvia o ar ao meu redor, Carlo pergunta quem é. Segurando a vontade de rir, respondo:

— Só a sua garota favorita do Carolina Maria de Jesus. — respondo. Seu rosto fica extremamente vermelho. Carlo é um pouco branco demais para quem gosta de passar tanto tempo ao ar livre, sendo um pouco bronzeado, porém, permanecendo mais claro do que o resto do grupo. Não queria nem saber como ele ficaria na praia. Bronzeado ou camarão torrado? — Blanda. — digo ao telefone. Ouço um cacofonia ao fundo. Uma confusão de secadores de cabelo, música eletrônica alta e conversas paralelas.

A Cada Badalada dos CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora