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TOMANDO CONSCIÊNCIA DE que pessoas andavam a volta, Alexis olhou os seus rostos, buscando algum que pudesse fazer com que seu coração parasse de errar tantas batidas, mas só achou normalidade e ninguém minimamente conhecido ou semelhante a alguém que ela já tivesse esbarrado alguma vez.
Ali só havia homens exibindo seus corpos suados e outros, com semblantes plácidos, carregando pilhas de livros e papiros; crianças correndo; casais rindo e até mesmo idosos sentados em bancos mais afastados. Parecia ser mais um dia qualquer em suas vidas.
As túnicas – vestes claras amarradas por fitas mais claras ainda – que trajavam eram iguais às que seu pai costumava mostrar a ela nos livros. Começava a embarcar nas lembranças da infância quando uma cantina chamou à sua atenção, fazendo-a encarar quem cantava.
— Éna Xióvi péftei sto édafos.
Os olhos da mulher fitavam o céu; seus lábios formando um sorriso ao contrário enquanto as palavras fluíam de dentro dela sem esforço.
Alexis reconheceu aquela canção. Sua mãe já a cantarolara algumas vezes no seu linguajar de origem.
"Uma Xióvi cai no chão", pensou, trasladando as palavras para sua língua.
— Eínai lekiasméno me aíma. Prépei na to elénxete.
"Mancha-se de sangue. É preciso a controlar'', traduziu, não evitando a curiosidade de entender aqueles versos.
Os braços da mulher abraçaram o próprio corpo, protegendo a si mesmo. Na sua voz, a música usada para ninar crianças parecia mais uma profecia. Chegava a ser doído ouvir.
Algumas lágrimas escaparam da desconhecida. A mulher soltou um dos braços e deslizou a mão pelo outro; as unhas claras se cravando na pele pálida e aos poucos afundando e deslizando pela superfície. Um pequeno momento de paz onde a dor física ultrapassava a emocional.
Alexis cambaleou, sentindo uma pontada forte no peito. As rosas queriam falar. Ela não sabia ouvir.
Estava tão concentrada em se manter de pé, já que a força que a trouxera ali parecia querer levá-la embora, que não notara uma menininha se aproximando. Quando a viu, deduziu que fosse um pouco mais velha que sua irmã e quase sorriu ao perceber que tinha os cabelos tão longos, lisos e negros quanto os da pequena Lamía.
— Você me lembra minha mãe.
A menina sentou-se no banco. A estranha tomou um susto. Seu corpo reagiu, prendendo o ar e o soltando devagar; estava fingindo tranquilidade. Ela limpou o rastro das lágrimas e voltou-se para a criança, sorrindo, mas antes que pudesse dizer algo, tão rápido quanto se aproximou, a garotinha se levantou e fincou-se na frente da desconhecida. Os olhos dela, antes claros, se tornaram escuros como a noite.
— Me mostre seu epilegméno, Xióvi.
A voz que Alexis e a desconhecida ouviram não era da garota. Era áspera, dolorosa e impulsivo de não ser obedecida. A mulher respirou fundo, entendendo o propósito daquela criança ali. "As trífles não falham", o conselheiro de sua mãe a avisou certa vez. Ela ainda tentou recitar um feitiço de proteção na mente, mas não demorou para contrair seu corpo, como se sentisse uma descarga elétrica percorrê-lo, e erguer a mão.
Das pontas dos seus dedos fluiu uma fumaça branca e gelada, que ela rodopiou, manipulando-a. Os olhos piscaram, perdidos entre o real e a ilusão, tentando encontrar a saída do labirinto. Não encontraram.
Formas surgiram na fumaça, ganhando os contornos necessários para que a menina pudesse admirar um casal sentado onde a neve cobria a coloração esverdeado da grama. Alexis curvou o pescoço, tentando ver melhor a cena. Parecia como uma chamada mágica, mas não refletia o presente, e sim o passado.
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🌷Xióvi🌷 - A lenda das que se perderam (EM ANDAMENTO)
Fantasy~ Postagens as quintas e, eventualmente, as sextas. ~ ~ OBRA DIVIDIDA EM FASES, TENDO ALGUNS CAPÍTULOS DIVIDIDOS TAMBÉM. ~ Alexis cresceu ouvindo as antigas lendas nkrianas serem narradas pelos pais. Quando criança, costumava imaginar-se como as Tri...