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My Diary-
Faltavam três dias para que minha vida mudasse totalmente
Faltavam apenas três dias para que eu começasse minha faculdade de medicina, e eu ainda não tinha preparado minha mala, muito menos separado meus cadernos e outros materiais que levaria.
Minha faculdade será integral, então vai mudar totalmente minha rotina, e até me acostumar com o ambiente e dividir quarto vai ser estranho.
Alguém interrompe meus pensamentos, é minha mãe me chamando para jantar.

-Alice vem jantar agora, se não descer em dois minutos eu vou guardar a comida na geladeira e você não vai comer mais nada até amanha cedo.

My Diary-
Se você está pensando: nossa que mãe ruim. É impressão sua, ela é uma ótima mãe, mas no momento anda meio estressada com os problemas que meu pai tem causado para ela ainda. Às vezes paro e me pergunto como seria a vida se ele não tivesse aparecido em nossos caminhos. Como seria se eles nos deixasse em paz. Por que é tão difícil viver em paz? Sem ter um alcoólatra como pai, sem ter que ver sua mãe passando por tantos problemas e você não fazer poder fazer nada?
Bom, mas vamos ir lá jantar. Beijos lili.

Lili era meu diário, não o largava por nada  neste mundo, principalmente no ensino médio. Foram os três piores anos letivos da minha vida. Os anos em que eu pedia misericórdia.
Estudava em uma escola, que aparentava ser um presídio. Os professores eram péssimos, mal conseguiam explicar o conteúdo de cada bimestre. Fora isso, eu era nomeada a suicida da sala, os três primeiros meses de aula do primeiro ano. Ou melhor: A isolada.
Sofria bullying desde meus sete anos de idade na escola, eu me sentia uma péssima pessoa, por deixar aqueles meninos idiotas acabarem com meu estado emocional, mas minha mãe dizia: filha não liga para isto, você sabe que você é muito melhor que tudo isso. Então aprendi a lidar com esses tipos de situações.
Quando eu começava a escrever era pior do que quando ficava isolada. Eles tentavam pegar meu diário, uma vez conseguiram e foi péssimo.Cheguei em casa com altas crises de ansiedade e nervosismo. Chorei por uma semana seguida. E adivinha? Depressão.
15 anos de vida, nunca imaginaria que minha vida mudaria do avesso.
Eu me separei das minhas amigas, minha família não era uma família, e eu sofria bullying. Os meninos que me violentaram estava estudando na mesma escola que eu. Foi o momento ideal para uma depressão.
Comecei a Perder a vontade de fazer as coisas, perder a vontade de conversar, de interagir, de reagir.
N

em comer eu tinha vontade. Ia para escola por obrigação, mas era meu corpo na escola e minha mente e minha alma viajando. Só contava as horas para sair da escola o mais rápido possível. Até que parei para me perguntar em qual lugar eu me sentia menos pior se era minha na minha escola, ou se era na minha própria casa?. Não conseguia definir, só queria me perder nos meus pensamentos. Já não dormia mais, passava as madrugadas em claro( ainda tenho sequelas disto).
Até que conheci Taylor,e tudo mudou.
Eu continue sofrendo, mas tinha uma motivação para continuar, e não desistir de tudo ainda.

28 de julho de 1999-

A casa estava uma bagunça, eu estava de 39 semanas de Alice, não conseguia fazer quase nada direito. Andar? Era um sacrifício se eu mal chegava ao  portão e meus pés ficavam enormes.

-Denni, me ajuda a dar uma geral na casa por favor?

Ele apenas virava-se acomodando-se ainda mais no sofá e mal me ouvia. Denni era meu marido, mas ainda pergunto-me se casei com um homem ou com uma garrafa de cachaça, pois era a única coisa que ele cheirava, cachaça, todas as noites. Todo santo dia Denni chega bêbado, não sei mais o que fazer.
Começo então a arrumar a casa, quando logo me assusto com uma forte dor em minha barriga e um estalo vindo da mesma com um pouco de água escorrendo sobre minhas pernas.

-Ai Alice, calma que mamãe já vai te levar para nascer, para vir ao mundo minha pequena.

Pego minha bolsa e na mesma coloco meus documentos e pego oito reais, o dinheiro necessário para pegar dois ônibus e chegar no hospital, eu estava de licença maternidade do serviço mas todo o dinheiro que eu recebia Denni pegava para a bebida, era assim ou ele me batia, me pego pensando as vezes como não perdi minha filha, todas as vezes que eu comprava algo para a neném e ele me espancava por gastar o dinheiro de sua bebida. Mal tinhamos comida na mesa, as coisas já não iam bem a meses, e minha única vontade era de me separar, mas meu medo de que ele fizesse algo comigo era maior, ainda mais agora esperando um bebe.
Saiu de casa sem acordar Denni, apenas vou lentamente ao ponto esperar o ônibus, com as contrações vindo cada vez mais fortes, mas tento não demonstrar para não assustar quem fosse que estivesse ao meu lado.

***

Pronto lili como estava dizendo

-Alice vai dormir, já esta tarde.
Paro o que estava fazendo e vejo minha mae na porta de meu quarto chorando e dizendo para deitar.

-Ei mãe, vem cá.
Vou até ela e á abraço, levo para sentar comigo na cama.

-O que houve mãe?

-Nada Alice tá tudo bem, vai dormir tá tarde já. Diz ela enxugando suas lágrimas que corria sobre seu rosto.

-Sempre tá tudo bem né senhora Polly. Conta mãe, o que aconteceu? É o pai de novo?
Ela balança a cabeça dizendo que sim.

-Ei mãe, olha pra mim, vai ficar tudo bem tá bom?
Abraço ela e deito sua cabeça sobre minhas pernas fazendo carinho em seus longos cabelos escuros, enquanto a mesma chorava. Ali fico até que ela adormecesse.

My Diary-

Ai Lili as coisas estão tao difíceis aqui em casa, minha mae está trabalhando muito, e meu pai mesmo separado esta dando problemas, não sei mais o que fazer para ajudar, me parte o coração ver minha mãe neste estado. As vezes me sinto egoísta sabendo que vou pra faculdade e deixar minha mãe qui sozinha, será que devo ficar?
Boa noite Lili.

Fecho meu diário e vou dormir ao lado de minha mãe.

Quando Tudo Mudou -Diario De Alice-Onde histórias criam vida. Descubra agora