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Saiu apressadamente e pego um Uber.

*Mensagens*
Eu: Amor estou indo para aí, cuida da minha mãe até eu chegar por favor.
Amor: Tudo bem Ali, mas vem logo.
*Mensagens Off*

Cada segundo que se passava meu coração apertava ainda mais. Faltando uma hora para chegarmos senti meu coração acelerar, estava soando frio e não sabia o que fazer. Pedi para que o motorista parasse o carro em algum lugar calmo para eu poder sair um pouco.
Abro a porta do carro e desço correndo, com uma distância boa do carro coloco tudo que tinha em meu estômago para fora e começo a chorar.

-Moça, está tudo bem? Disse o motorista do carro chegando até mim.
-Está... Tudo bem. Eu só preciso de um pouco de água você tem?
-Sim, espere só um minuto

Estava tendo mais uma de minhas crises de ansiedade, eu nunca tinha ido em uma psicóloga, tinha medo dos diagnósticos, porém não conseguia me controlar muito bem quando acontecia.

Era horrível, era sentir como se estivesse morrendo, seu coração acelerado, suas mãos suadas, frias e trêmulas, e em questão de segundo perder o controle total de si mesmo. Seu corpo tremendo, sua visão embasada, eram esses meus sintomas.

-Moça, aqui está. Ele abre uma garrafa de água e me entrega. Mal conseguia beber a água de tão nervosa que estava.

-Licença  deixe-me ajudar. Ele toma a garrafa de minhas mãos e leva até minha boca, bebo um pouco e ele segura minhas mãos que estavam fechadas fortemente. Logo se via as marcas de minhas unhas na palma de minha mão.

-Vai ficar tudo bem. Respirar e solta. Disse ele ainda segurando minhas mãos e demonstrando como respirar e soltar.

Após uns cinco minutos fazendo aquele exercício de respiração me sentia um pouco melhor.

-Estou melhor, vamos preciso ir até minha mãe. Disse olhando para o motorista.

-Primeiramente, prazer meu nome é Maycon, e você está bem mesmo?

-Estou, sim. Muito obrigada Maycon por me ajudar, tenho crises de ansiedade e quando elas são fortes eu não consigo me controlar, geralmente tenho o apoio de Taylor.

Tudo fica silencioso por um estante.
-Tudo bem, vamos então. Quer ajuda para levantar? Disse Maycon estendendo a mão para que eu pudesse me apoiar e levantar.

-Obrigada. Respondi.
Ao entrar na rua vejo muitas pessoas na frente de minha casa.
-Moça, vai ficar tudo bem ok? Olha pra mim. Disse Maycon tocando em meu braço. -Respira fundo e solta tá bom?

-Tudo bem Maycon, obrigada por tudo.
Dou o dinheiro e desço do carro.
-Moça, espere. Ele desce do carro e me entrega um papel. -Este é meu número, caso precise de um amigo no interior. Ele sorriu.

-Obrigada. Respiro fundo e entro em casa. Logo me assusto ao ver minha mãe. Estava pálida deitada na cama parecia estar morrendo.

Corro até ela e me jogo de joelhos no chão ao lado de sua cama, seguro em sua mão e pergunto o que aconteceu. As lágrimas não se seguravam em meus olhos, estava cada vez mais difícil olhar para ela naquele estado.

-Ali... Eu estou muito doente, desde antes de você ir para a faculdade, mas não disse nada por que se não você não iria. Disse ela num tom baixo de voz, quase não dando para escutar.

-Mae, o que você tem? Perguntei chorando ainda mais.

-Ali, estou com câncer. Não tem cura, e estou no estágio final, me prometa que você vai continuar na faculdade, que vai se casar com Taylor e vai ser feliz. Que você vai ter filhos lindos e que vai contar minha história de vida para eles. Prometa-me  que vai seguir em frente, que não vai entrar em depressão de novo muito menos bulimia.

-Mae... Você vai sair dessa mãe.

Não aguentava ver ela daquela forma, chorava como se fosse uma criança, não estava preparada para ficar sem minha mãe, não podia perde-la.

-Ali, eu... Te... Amo..
Foram suas últimas palavras antes de segurar minhas mãos , dar um sorriso e fechar os olhos.

-Nao, não mãe, não!!!

Jogo-me sobre seu corpo e à abraço fortemente chorando e gritando para que ela voltasse. Logo sinto alguém me puxando e me abraçando ainda mais forte, era Taylor.

-Amor, amor, deixa ela ir.
-Nao amor, ela não pode me deixar.

Largo-me de seus braços e deito na cama junto de minha mãe.

***
My Diary-

Hoje completa 7 dias de morte da minha mãe, eu não vejo mais sentido para nada, não como, não durmo, tenho crises de ansiedade a todo momento, e não sei mais o que fazer.

A vontade de estar perto da minha mãe a todo momento me assombra. Será que devo? Não aguento mais essa dor. Ela pediu que eu fosse forte, que aguentasse, mas não sei se consigo.

Minha única motivação é Taylor, ele está tão preocupado comigo. Pegou férias no trabalho para ficar comigo, mas não gosto de ser um encosto pra ele.
***

-Amor, quero te levar pra um lugar, vamos? Disse Taylor sentando na cama ao meu lado.

-Ai amor, eu não quero sair. Digo cobrindo o rosto com a coberta.

-Por favor Alii. Respondeu ele levantando e abrindo as janelas da casa.

Sento na cama e me ponho a chorar ao lembrar das palavras de minha mãe. "promete que você vai seguir em frente"

-Amor, vai ficar tudo bem tá bom?. Agora vem eu te ajudo a levantar deve estar fraca né, não come direito, não dorme. Diz ele puxando meu braço. -Você precisa ser forte agora. Disse Taylor.

Taylor me ajuda a levantar e me leva até o banheiro para que eu tomasse um banho.
Coloco uma camisa preta de Taylor bem grande e larga, uma calça jeans preta e um tênis preto. Faço um coque e coloco meus óculos. Desço apoiada nas escadas até a cozinha, estava fraca mas não podia demonstrar a Taylor.

-Amor, senta aqui vou fazer um lanche pra você, você precisa comer.
Diz Taylor pegando uma penela iria fazer ovos mexidos.

Bebo um pouco do café e como um pedaço do mexido. Mas aquilo me incomoda, subo para o quarto, tranco a porta do banheiro e forço aquela comida sair do meu corpo, não tinha a mínima vontade de comer. 20 minutos depois eu desço e entro no carro. O clima era tenso, suava frio, mas Taylor sabia fazer eu me acalmar. Parou o carro numa praia, pegou em minha mão e me levou para sentar na areia.

-Amor, vai ficar tudo bem. Ele me abraça e ficamos ali por um tempo.

-Amor, eu tenho uma notícia para você.
-Que notícia ?
- Eu larguei o serviço e consegui entrar na mesma faculdade que a sua, meus pais vão pagar para mim e eu vou poder ficar com você.
-Aaaai Taylor, você não existe. O abraço fortemente e selo um beijo nele. Ficamos ali o resto do dia, olhando o por do sol.

My Diary-

Taylor vai se mudar comigo, vai estudar comigo, ainda nem acredito. Vou parar de me sentir só, e quem sabe seja melhor. Preciso sair dessa casa, as lembranças da minha mae estão me matando aos poucos. Não consigo comer nada que ponho para fora, e todas as vezes que estou aqui eu choro, por que as lembranças tomam conta de mim.

Minhas crises de ansiedade estão cada vez mais fortes, e a vontade de me juntar a minha mãe está cada vez maior. Preciso sair da qui antes que eu faça besteira. Coitado de Taylor, ele não merece ver isso tudo que está acontecendo comigo, ao longo das noites quando acordo gritando e chorando só ele consegue me acalmar com seus abraços que fazem sentir-me segura, faz eu sentir que está tudo bem.
***

Quando Tudo Mudou -Diario De Alice-Onde histórias criam vida. Descubra agora