Meu Colega de Quarto - Imagine Jung Hoseok

I

— Merda! Merda! Merda! — essas eram as minhas primeiras palavras ao perceber o desligamento impremeditado da televisão. Com o tempo, eu percebi que as coisas mais súbitas só ocorrem quando você não quer que elas aconteçam. Eu estava prestes a terminar meu seriado romântico favorito até que essa minha inconveniente e inútil televisão resolve parar de funcionar.

Na maior parte das vezes a minha vontade é de jogar tal aparelho no lixo aos chutes, mas isso não seria possível, a menos que eu estivesse com bastante dinheiro no bolso para substituí-la por uma com melhor qualidade. Enquanto infelizmente esse dia não chega, eu tento usar o escasso salário que eu ganho no meu emprego de entregadora de comida para sobreviver e pagar meu alto aluguel. Não era um dos empregos mais interessante dos ofícios disponibilizados por aí, mas ele me auxilia bastante. Principalmente por ser perto do meu apartamento.

Eu morava em um prédio um pouco alto, 3º andar, e da sacada de meu apartamento era possível observar a numerosa quantidade de carros que passavam pelas ruas, independente do horário. O aluguel era bem alto, mas era um preço compreensível. O prédio se localizava em uma das cidades mais movimentadas da Coreia do Sul, e era também muito fácil de se deslocar para qualquer lugar que quisesse, por ser perto de tudo.

Paro, então, de pensar demais e me levanto do macio sofá de minha sala de estar, seguindo até a televisão. Fico na frente dela por alguns míseros segundos até agachar e analisar melhor sua tela que, no momento, estava completamente escura.

— É uma pena eu não poder aposentar você, querida. — falo enquanto deixava minha mão esquerda escorregar pela lateral do aparelho, simulando um carinho. Pego então um impulso para levantar-me com meu rosto virado para meu novo destino, a cozinha.

Eu poderia fazer alguma comida diferente, ou então só beber alguma coisa para ir dormir, pois amanhã iniciaria mais uma cansativa semana de trabalho, no entanto, eu realmente resolvo fazer algo diferenciado.

O som de meus pés descalços ecoava pelo apartamento a cada passo que eu dava na direção do meu quarto. Nesse mês eu não tinha comido nada em nenhum restaurante ou coisa do tipo, isto é, tinha economizado bastante. Então, já estava mais do que na hora de aproveitar minhas economias.

Ao abrir meu armário, pego a primeira blusa e calça que vejo ali e jogo na cama, logo revirando o armário com os olhos a procura do meu casaco de couro preto. Ao achá-lo, jogo-o junto da blusa e da calça e começo a me despir rapidamente no quarto mesmo. Após isso, coloco as roupas escolhidas, me olho rapidamente no espelho que existia na parte interior da porta do armário e gosto do que vejo. Não sou o tipo de pessoa que adora se encher de adereços para sair, acho que o mais natural é sempre mais bonito, sem falar também que é sempre mais confortável.

Meu celular já se encontrava em meu bolso, e depois de uns 30 minutos arrumando as coisas que seriam necessárias levar para a rua em minha bolsa, saio do meu aposento. O elevador era bem pequeno, não possuía câmeras, uma coisa que eu discordo totalmente, porém, nem tudo na vida é como queremos.

Após um tempinho, já estou a caminhar na rua, que era iluminada apenas pelos postes, o farol dos carros e a luz da lua. Eu estava distraída com a luz da mesma, por ser mais bonita que muitas coisas, talvez por seu autentico e genuíno jeito de ser. Eu observava a mesma enquanto andava calmamente, sem preocupações, mas sou interrompida com um susto que levei do toque estridente de meu celular.

Quem poderia ser aquela hora da noite? Não estava na hora de criar suposições, e sim de atender e descobrir. Pego rapidamente meu telefone e fico confusa quando vejo o nome na tela:

"Cabinet's Restaurant"

Por que diabos alguém do trabalho estaria me ligando a essa hora? E no meu dia de folga? Eu já estava prestes a explodir de raiva, então, antes de atender, me sento em um banco que estava por perto e respiro fundo para conseguir transparecer calma.