XIII

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Aperto o trinco do armário para trancá-lo e terminar definitivamente o turno de hoje. Em meu corpo já estavam as roupas normais, e em meu braço esquerdo uma bolsa escura de couro. Olho pela última vez a hora no visor do celular e ergo minha cabeça, enfiando o aparelho no interior da bolsa.

Seis e quarenta. Será que eu espero mais uns minutos? Só pra não causar uma impressão errada de desespero... ou então eu vou logo? Isso demonstraria que eu sou devidamente pontual...

Um barulho alto é propagado entre as quatro paredes da sala ao bater com força minha testa na porta de ferro do armário.

Deixei que minhas pernas perambulassem ao redor de um banco sem encosto no meio da sala enquanto pensava em coisas aleatórias e deixava mais alguns poucos minutos passarem. A todo o momento uma pergunta se formava em minha cabeça, e na maioria das vezes ela tinha relação com "será que vale realmente a pena?", mas eu não deixava elas se fixarem em minha mente por muito tempo.

Estava mordendo a parte interior de minhas bochechas, arranhando por completo o tenro e úmido pedaço de pele superficial do músculo da boca com as pontas dos caninos. Meus dedos apertavam com força o fundo da bolsa, tudo em uma simples tentativa de amenizar as sensações de nervosismo.

Ao pegar o celular novamente dentro da bolsa, percebo que haviam se passado apenas três minutos, que mais se pareceram uma eternidade.

Respiro fundo com o intuito de oxigenar cada célula de meu corpo e saio da sala, traçando um caminho até a porta de saída do local e ajeitando as duas alças de couro da bolsa em meu ombro esquerdo.

— Eu vou indo. — aceno para Namjoon, que terminava de lavar suas mãos com o sabonete líquido perto da pia, e transmuto a posição de minha cabeça, direcionando-a para Taehyung. — Até amanhã para os dois. — abro um sorriso e ganho em troca uma dupla de covinhas e um aceno molhado de Nam, que agora havia espalhado gotas de água para todos os lados da pia. Já de Taehyung, recebo um sorriso rápido, indiferente, e logo uma cara emburrada.

Viro meu corpo na direção da porta com um belo giro de calcanhares e caminho até a mesma. Sinto meu coração a mil dentro do peito, e volto a apertar a bolsa, porém disfarçadamente.

Quando meu corpo sai por inteiro do café e se posiciona na calçada, sinto um vento gélido e árduo bater contra a pele de meus braços descobertos, fazendo meus pelos se eriçarem quase que automaticamente. Minha cabeça procurou algum sinal de Hoseok por perto, mas não encontrei nada. Tento esquentar meu corpo, exercendo uma fricção da palma de minhas mãos sobre a pele superficial dos meus bíceps não definidos.

Estava meramente arrependida de não ter ficado mais algum tempo dentro da sala além dos três míseros minutos. Faltava pouco tempo para meu maxilar começar a se mexer sozinho, fazendo com que minha arcada dentária se chocasse diversas vezes, originando um barulhinho fino.

Eu não podia ficar ali naquele frio absurdo esperando por ele, então logo meus pés passaram a caminhar pelo chão firmemente. Meus dedos estavam completamente encolhidos dentro do tênis surrado, os dentes superiores prendiam o lábio inferior dentro da boca, fazendo com que a pele ao redor ficasse esbranquiçada devido a força utilizada.

Minhas mãos esfregavam toda a extensão de ambos os braços à procura de uma forma de esquentá-los, mas parecia não adiantar, já que a todo o momento uma brisa fria se chocava contra mim.

Eu olhava para a calçada construída com bloquinhos retangulares, tentando pensar o mínimo possível, só precisava andar e chegar até o conforto do meu apartamento rápido, porém algo interrompeu toda a minha estratégia. Eu simplesmente sinto algo, uma espécie de pano me envolver, de ombro a ombro, deixando apenas a minha cabeça e parte das pernas de fora do tecido sedoso. Um susto me toma por completo, e quando me viro, consigo captar o que acabara de acontecer.

Meu Colega de Quarto - Imagine Jung HoseokOnde histórias criam vida. Descubra agora