O livro aparentava ser velho e mau cuidado, o que já era de se esperar de um objeto que ficou sabe-se lá quanto tempo abandonado debaixo de uma estante. O título da obra, escrito sobre a capa marrom esverdeada devia ter desbotado a anos, talvez décadas, tornando-se um borrão ilegível.
Ao puxar o livro para si, obstruindo algumas teias de aranha no processo, uma sensação estranha tomou conta de Jason e não foi foi por causa do chão empoeirado da biblioteca que fazia suas narinas coçarem (ele precisava varrer mais). O sapo acreditava que conhecia cada canto daquele lugar como a palma da sua pata, e por mais bobo que pudesse parecer, o desconhecido alimentava sua ansiedade.
-O que você achou ai? - A voz animada de Rã o pegou desprevenido, fazendo-o levantar rápido demais e bater a cabeça.
-É só um livro, Rã - Explicou secamente.
-Então por que você estava olhando pra ele com uma expressão bizarra?
Rã, a perereca sempre fazia as coisas com uma intensidade um pouco maior do que o necessário. Seu tom de voz era levemente mais alto do que o normal, seus abraços sempre duravam um segundo a mais do que o esperado e ela sempre perguntava um pouco mais do que precisava saber. Era assim que Jason a via: um pouco demais.
-É um só um livro - Rendeu-se ele - Mas é um que eu nunca tinha visto antes.
Nas semanas nas quais trabalharam juntos, o sapo aprendeu a nunca subestimar a curiosidade de sua colega. Sua habilidade de ser irritante era incontestável e ele sabia que seria questionado incansavelmente até que ela conseguisse o que queria, não valia a pena prolongar o debate. Além disso, ele nem sabia dizer ao certo o que naquela situação o incomodava tanto.
-Eu achava que você tinha lido todos os livros disponíveis nesse lugar pelo menos umas 3 vezes. - Respondeu ela, confusa.
-Eu também! - Exclamou irritado. - Mas aparentemente não!
Por um momento ninguém disse nada. Rã olhou para Jason, depois para o livro, e então voltou a olhar para Jason. O sapo pensou em pedir desculpas por gritar (não por que ele se sentia culpado, mas por que o silêncio desconfortável havia se tornado praticamente tangível e ele estava começando a ficar desesperado) mas antes que ele conseguisse abrir a boca, a perereca voltou a falar.
-Eu posso estar errada, mas você já reparou que você compensa sua falta de controle na vida sendo super neurótico no trabalho? Isso não pode ser saudável - Não era segredo para ninguém que Jason era fraco e impotente, isso ficava bem claro da sua postura até sua voz, mas nada no tom de Rã indicava que sua intenção era diminuí-lo. Ela era apenas brutalmente honesta, uma característica que ele considerava polarizante.
-Obrigada pela sessão de terapia amadora - Disse revirando os olhos - Mas não acho que esse seja o caso.
-Então abre o livro ai - Sugeriu ela - Se o desconhecido não te incomoda, vamos ver o que está escrito!
Jason fechou os olhos e respirou fundo, por mais que não concordasse com a teoria de Rã sobre ele, algo ainda o deixava inseguro em relação tudo isso.
-Está bem - Falou incerto - Vamos abrir.
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A História de Jason, o Sapo - Releitura infantilizada por Sythia Lyi
FantasiJason é um sapo. Mas tipo, ele fala, tem um emprego e paga impostos e tals. Coisas acontecem com ele. É bem legal eu diria, se eu fosse você eu dava aquela lida hein. "É impossível não se apaixonar por Jason e Rã." - Late Couto, autor de o "O Reino...