× 23 ×

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× Capítulo 23 ×

Christian saiu da empresa tarde naquela quinta, ele estava assim nas últimas semanas. Ele fazia tudo no automático, e tentava sempre fazer demais para na hora de dormir apenas capotar. Provavelmente a Grey Enterprise nunca teve maior desempenho como naqueles dias, Christian estava imbatível. E se ele não descansava, ninguém mais descansava. O homem estava arisco, nenhum funcionário ousava correr o risco de errar ou até mesmo fazer perguntado idiotas, a sala de reuniões estava sempre ocupada assim como a agenda de Christian. Era possível ver o quanto ele estava se esforçando, e até mesmo Taylor - seu segurança pessoal - estava preocupado.

A verdade era que Christian apenas não queria pensar em sua vida, ele não queria parar, porque se parasse...

Deus, se ele parasse sequer um segundo, ele desconfiava que tudo desabaria.

Ele não visitou mais Anastacia, desde que seus pais decidiram o que fazer. E também não quis pensar no que achava da decisão deles, ele não quis descobrir se era egoísta ao ponto de querer deixar sua irmã morrer para salvar uma desconhecida, ou egoísta ao ponto de deixar uma desconhecida morrer pelo benefício da dúvida em deixar sua irmã viver.

Droga, por que essas coisas tinham que acontecer?

Christian percebeu que digitou tudo errado no computador e empurrou o teclado com força.

Ele apenas queria sua vida de volta, uma parte sua queria nunca ter entrado naquela sala do CTI.

Mas era estranho, ele tinha a impressão de que não adiantava o que ele fizesse, ainda assim iria conhecer Ana. Era como se sua vida não fosse sua vida se ele visse o sorriso dela e ouvisse sua voz meiga pelo menos uma vez na vida.

Não, ele não iria pensar nela.

Ela estava bem agora, estava em casa, se recuperando, ele não tinha mais nada que ficar pensando nela.

Não tinha mesmo, mesmo que sua mãe inocentemente ficasse lhe falando sobre ela por horas e horas.

Ele sabia que Elliot não queria nem ouvir o nome da garota, o irmão parecia acreditar que ela era a culpada. E Carrick também queria ficar longe. Apenas Grace queria ficar tão perto dela quanto possível, e também queria falar dela. E o único que não se opunha em ouvir era Christian.

Mas era difícil para ele também.

Muitas vezes ele se via saindo da empresa e indo direto a sua casa - que ele já sabia de cor o endereço - e pedindo desculpas por simplesmente ter desaparecido, mas logo ele percebia a besteira que faria e desistia.

A porta de sua sala foi aberta sem aviso, e o mesmo preparou um grande esporro para dar em quem que fosse, mas os saltos tilintando no chão de mármore branco denunciou que era Grace.

O homem levantou a cabeça e mirou a mãe apressada em sua direção, ela parecia nervosa e inquieta. O mesmo se levantou automaticamente.

_ O que houve? - disparou.

Grace se sentou no sofá de canto e balançou a cabeça.

_ Eu fiz uma coisa horrível, meu filho - Grace murmurou, a voz embargada pelo nó na garganta.

Christian se sentou ao seu lado e segurou sua mão.

_ Mãe, fala logo - disse ele.

Grace fungou e então respirou fundo antes de encarar o filho.

_ Eu não consigo - suspirou.

Christian se levantou e foi até o frigobar no canto de sua sala, pegou uma garrafinha d'água e um copo, logo voltando para a mãe.

Coração que CuraOnde histórias criam vida. Descubra agora