A formatura (parte 2)

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Não teve uma boa noite de sono afinal de contas, e tinha mais um novo espirito preso em seu machado, e o mais estranho, ele teve gosto por matar, agora sentado no sofá da sala limpava as gotas de sangue ainda presas eu seu machado, o gume estava afiadíssimo, mas ele lembrava poucas coisas da noite anterior, havia lua no céu, ele não sabia dizer, e como enxergou tão bem seu alvo no escuro, bastou um arremesso e mais um golpe no pescoço, a cabeça rolou, e tão depressa quanto tudo isso ele fugiu da cena do crime, mas seria um crime, a garota estava em perigo, foi assassinato e a sangue frio, Jeff, porém não sentia remorso algum. Uma mensagem de voz chegou de Cris: "então é hoje o grande dia, que horas vem me buscar". A cerimonia começaria as 20h00min, mas estas coisas sempre têm um atraso ou outro, "às 19h30min passo por ai vai estar pronta?" "sim sou muito pontual em meus compromissos, ainda mais com um amigo". Fora a ultima mensagem recebida de Cris, mas o que estava acontecendo estava além da compreensão de Jeff, ele precisava voltar ao terreiro e falar novamente com o pai de santo, era assim que todos os chamavam, Pai Celinho, um nome estranho, mas parecia ser confiável, ligou para o centro e marcou uma reunião para as 14h00min, suas roupas estavam manchadas de sangue, e ele esperava que fosse sangue culpado, mais um espirito preso no machado, aquilo não parecia se encaixar em nada do que Jeff já tinha vivido antes, mas era necessário, após limpar o machado e dar mais fio a ele tirou as roupas e banhou-se, sentiu-se melhor após isso, e queimou as roupas que estava usando no assassinado. Não tinha fome então bastou alguns goles de café para estar preparado para o dia. Entrou em seu carro, recém-habilitado, a carteira de motorista acabara de chegar pelo serviço postal, à foto não lhe agradara muito, o cabelo caia sobre a face quase a altura dos olhos, e então veio a indecisão, cortá-lo ou deixa crescer ainda mais um pouco, relógio apontava 11h00min da manha quando tinha finalizado de queimar a roupa manchada de sangue, vestiu-se rapidamente e saiu em seu carro, o centro não ficava longe nem o terreiro, mas antes passou pelo centro, desceu do carro e começou a fazer uma caminhada, usava novamente um capuz que cobria seus olhos, ele via tudo, mas seus olhos, ninguém mais via, a mente estava por um momento livre de paranoias até que passou em uma casa que vendia artigos de umbanda e santos, e sentiu impulso de entrar pela porta, assim o fez.

A decoração da loja trazia paz juntamente com os cheiros de incenso, mas incrivelmente ele não viu nenhum incensário acesso.

-Bom dia – disse o atendente – em que posso ajudá-lo?

Jeff começou a olhar as vitrines e viu uma capa com capuz totalmente preta, a capa da meia noite estava escrito nela, sem pensar mais de uma vez pediu para experimentá-la, em seu corpo ela caiu como um sobretudo, tinha umas abotoaduras por toda a roupa, e uma perto do pescoço, ajustou e vestiu o capuz, perfeito cobria quase que totalmente a face dele, e a capa podia ser fechada e usada como um sobretudo, decidiu por impulso comprar.

Mas não saiu vestindo esta roupa, afinal de contas não era para o dia a dia, passou em uma cafeteria e comeu um salgado para então seguir ao encontro com pai Celinho, chegou ao terreiro 15 minutos antes do combinado, adentrou pelas portas e viu enquanto pai Celinho estava de joelhos diante do altar, queimavam incensos pela casa trazendo paz. Jeff ficou em referencia até que pai Celinho fez o sinal da cruz e levantou-se diante do altar

- Sarava Jeff.

- Sarava pai Celinho.

- O que o traz nesta casa neste dia.

- Pai Celinho aconteceu algo de diferente ontem

- O que aconteceu?

- eu matei um homem.

- Culpado ou inocente?

- eu julguei culpado, mas vim para que o senhor em sua sabedoria me diga se estou errado.

- me dê o machado - Pai Celinho pegou o machado nas mãos e colocou próximo ao ouvido – Culpado, não se preocupe, conforme você for apreendendo o machado falara com você, o espirito não mente, muito menos o de sua mãe que esta sedento por vingança.

- Ela terá pai Celinho.

- se era só isso, vai em paz.

- eu trouxe uma capa, gostaria que você feito um trabalho nela, posso deixar e voltar buscar depois?

- Pode.

- Tem mais uma coisa, pai Celinho, Como vou saber quem é culpado e quem é inocente? – Jeff o olhou fixamente enquanto ele se levantava e fazia o sinal da cruz.

- O machado tem instinto assassino, sempre vai atrás da morte, você saberá os culpados pelo seu extinto e pelo espirito de sua mãe, mas vou colocar isso na capa também, você fara o que é certo na hora certa, e nunca deixe a vitima ver seus olhos, toda vez que matar alguém faça o sinal da cruz. Agora vá, eu tenho muito a fazer com esta capa.

Um abraço de despedida e Jeff já estava dentro do seu carro novamente a caminho de casa, banho roupa de gala e então buscar Cris, demorou um pouco pra escolher a gravata, optou por uma preta fina, e saiu já um pouco atrasado, ainda assim chegou no horário certo ao apartamento de Cris.

Foi difícil não ficar boquiaberto quando a garota apareceu na saída do prédio, a moça estava deslumbrante em um vestido longo azul, com um leve decote, os cabelos soltos caindo em Chanel parte sobre o rosto, a garota não estava usando seus óculos e aquele azul do olhar dela era capaz de hipnotizar alguém, os saltos altos a deixavam com uma postura opulente, Jeff não soube o que dizer, e gaguejou ao dizer "boa noite".

- Boa noite – Foi à resposta simplista da garota – Você esta muito bonito.

- Obri... Obrigado, mas não sei se estou à altura - disse ele fazendo uma breve pausa enquanto a beijava no rosto – você esta deslumbrante. – a viu corar.

Abriu a porta do carro para ela como um cavalheiro do século passado e entrou no carro, tinha vinte minutos para chegar ao lugar onde aconteceria o evento, colocar a beca e tirar algumas fotos com a turma, tudo correu dentro do tempo previsto, tirou as fotos com a turma e algumas com amigos separados, colegas na realidade, e algumas fotos com Cris, o momento que ele mais gostou até então.

Começou a cerimonia e toda aquela chatice que pareceu não ter mais fim até o momento do baile, e ele dançaria a valsa com ela, a garota mais linda da noite, disso não havia duvida, ela ofuscava até mesmo as formadas, foi difícil fazer o dois pra lá e o dois pra cá, ela riu ao ver o garota atrapalhado tentando acertar os passos e não pisar nos pés dela.

A noite correu bem, depois da valsa todos os convidados foram convidados a dançar juntos como é de lei, alguns outros garotos dançaram com Cris, Jeff não conseguiu esconder um pouco de ciúme, mas logo chegou ao lado dela novamente, para uma dança bem lenta.

- Você me daria à honra dessa dança? – Disse ele tentando ser galante

- Como não meu querido.

Ele a abraçou de leve, sem saber ao certo o que fazer, e lá foram novamente os dois pra lá e dois pra cá, tentando não pisar nos pés dela, e sentindo alguns olhos invejosos o olhando, ela acomodou o pescoço no ombro de Jeff "então é oficial, você é maior de idade e formado, e agora qual o próximo passo?" Disse ela ao pé do ouvido dele.

Ele afastando-se dela e a olhando nos olhos disse: "Conseguir uma namorada?".

- Bem isso não será difícil... – ela tentou falar mas ele a parou encostando os lábios nos dela, de leve no começo, mas quando correspondido a beijou com vontade, sedento por seus lábios, e como aquele beijo foi gostoso. A noite seguiu, poucas palavras, e ele não sabia se estava certo ou errado, estava nervoso, mas estava feliz... E assim foi até o fim do baile, até a ultima dança e outro beijo gostoso.

O maniaco do machadoOnde histórias criam vida. Descubra agora