11

2.3K 223 125
                                    

Capítulo 11

POV Jade


Traição, sem sombra de duvidas, é um dos sentimentos que mais causam dor no ser humano. Ela é cruel, devastadora.

Perrie não só me traiu: ela destruiu nosso relacionamento, acabou com minha autoestima. Indiretamente, me fez tomar atitudes que não estavam nos meus planos. Ter que sair da minha casa, era um deles.

Certa vez, me fizeram uma pergunta, e recordo-me que na época não soube responder. Aliás, lembro-me de ter ficado na dúvida. E hoje, posso responder a tal pergunta: Eu, Jade Thirlwall, não consigo lidar com a traição. É complicado perdoar uma traição.

Li uma vez que perdoar é esquecer, ou seja, se não há esquecimento, não há perdão. E foi baseado nisso que decidi terminar o relacionamento.

Gostaria de conseguir explicar a dor de uma traição. É como se a pessoa que você ama te enfiasse uma faca no peito e nas costas. A dor é insuportável e o pior, demora a passar. E o único sentimento que fica é o do que não foi capaz, que não foi o suficiente. A culpa.

- Jade, já arrumei o quarto. Fique a vontade. - Assenti forcando um sorriso. - Liza está terminando o jantar, logo mais comeremos.

- Obrigada, Demetria. Você não faz ideia de como está me ajudando me deixando ficar aqui. Prometo que será por pouco tempo.

- Já disse para não se preocupar com isso. Pode ficar o tempo que precisar. - Se sentou no sofá em frente ao que eu estou sentada. - Você se arrepende? - neguei. - Você sabe que pode voltar, passar uma borracha por cima disso tudo e manter seu casamento não sabe?

- Não conseguiria ficar ao lado de uma pessoa que me traiu. - juntei as mãos apertando-as tentando controlar o nervoso que sentia. - Sabe Demi, são tantos sentimentos misturados. Eu ainda a amo, mas ao mesmo tempo também a odeio. Sinto vontade de agredi-la devido a tantas mentiras.

- Você pode simplesmente tentar engolir essa situação toda.

- É difícil engolir que a mulher que você ama transou com outro.

Demetria abaixou a cabeça concordando com o que eu disse. Segundos depois, Selena, mulher de Demetria abriu a porta com o filho no colo. Fazia esforço para carregar o garoto, sua bolsa e a mochila da criança. Demetria levantou-se indo ajudar a esposa. Eu observa a cena de cabeça baixa. Ela pegou o filho do braços da esposa, selou os lábios com o de Sel e voltou até o sofá.

- Boa noite, Jade. - Veio até mim beijando meu rosto. - Demi me contou tudo, espero que esteja bem.

- Na medida do possível estou sim. Obrigada por me acolher na casa de vocês.

- Que isso, fique a vontade. Amor, você pode, por favor, esquentar o leite da mamadeira do Louis? A tia da creche disse que hoje ele teve febre na escolinha e não comeu. Vou checar a temperatura e tentar fazê-lo mamar.

- Quer ajuda? - Ofereci.

- Não, obrigada. - disse simpática. - O termômetro está aqui dentro da bolsa. - o pegou colocando na axila do menino. Louis tem 11 meses de vida, estava amuado no colo da mãe. - 37.9, parece que alguém vai ficar doentinho. Demetria, anda logo com essa mamadeira. - apressou a esposa.

- Calma, estou deixando o leite esfriar um pouco, esquentei demais.

Logo Demetria voltou com a mamadeira e, surpreendentemente, Louis aceitou o leite.

- Selena, tenho uma duvida e quero saber se você, como advogada, por me ajudar.

- Pode falar.

- Hoje de manhã quando ainda estávamos no trabalho - Me referi a eu e Demetria, já que somos enfermeiras de um mesmo hospital. - Estava decidida a sair de casa e acabei comentando com Demetria e com Marta que também trabalha conosco. E ela disse uma coisa que me deixou meio encabulada. Disse que eu não poderia deixar Perrie sozinha por ser menor de idade.

- Tudo quando envolve menor de idade é mais complicado. O que podemos é entrar em um acordo com ela, onde você ajuda ela financeiramente até que ela complete a maioridade e tenha condições de se manter. Ou então, entrarmos com um processo e a acusamos pela traição, o juíz pode entender o porquê de você ter a abandonado e deixá-la livre de qualquer punição que possa ocorrer.

O filho acabou de mamar, ela colocou a mamadeira na mesa de centro e o ninou, visto que ele já estava bem cansadinho por causa da febre.

- As chances de você sair ilesa é bem grande.

- Eu prefiro tentar o acordo. Apesar de estar bastante magoada com Perrie, eu penso na neném... - Selena assentiu.

- Certo. Vou providenciar alguns papéis para que ela possa assinar e depois marcar um dia para falar com ela. - Se levantou. - Já pensou no divórcio? Seria uma forma de você não ter ligação alguma mais com ela.

- Perrie acabou de dar a luz, quero poupá-la desse tipo de dor de cabeça por enquanto.

- Vou dar um antitérmico pra ele, e depois coloca-lo no berço. Já volto para jantarmos juntas. - saiu em direção ao quarto.

- Perrie não só te traiu, te tirou toda a alegria. Olho pra você e nem me parece aquela mulher alegre, brincalhona que me fazia rir o tempo todo.

- Com o tempo isso passa. Por enquanto ainda é uma ferida aberta, Demi. - sorri sem mostrar os dentes.

Selena voltou e fomos ate a sala de jantar onde Liza deixou tudo pronto a nossa espera. O casal se sentou lado a lado a minha frente. Elas conversavam sobre o filho que já havia sido medicado e eu só fazia mastigar alheia a toda aquela conversa.

- Jay... Jade? - Engoli o arroz e olhei para Demetria que me chamava. - Está pensativa, nem me ouviu chamar. Você se importa de ficar aqui sozinha enquanto levamos Louis ao pronto atendimento? Sel acha melhor consultar a pediatra.

- Fiquem a vontade. Vou terminar o jantar e descansar. Vou aproveitar que tenho a manhã livre amanhã e sair para tentar encontrar um cantinho.

- Mas sua folga não é no sábado?

- Marta precisou trocar. - suspirei. - Foi até bom, seria mais difícil tentar encontrar algo de final de semana.

*

Terminamos o jantar e um tempo depois, as duas saíram com o bebê. Tomei meu banho e deitei. Lembrei do celular e peguei-o.

16 ligações perdidas de Jessica. 10 mensagens.

Você é maluca?

Quando te vi saindo não achei que era pra sempre.

Jade?

Jade, você não me irrita não, hein. Volte aqui.

Vai fugir da responsabilidade nessa altura do campeonato?

Elas não podem ficar sozinha aqui.

Perrie não pode ficar sozinha com a neném.

Revirei os olhos pronta para começar a respondê-la.

Boa noite, Jessica. Creio eu que, já não é mais da minha conta se Perrie pode ou não ficar sozinha com a filha dela. Ao sair de casa, estive em uma conversa com ela onde expliquei os motivos de estar saindo de casa. Achei que falar com ela fosse o suficiente, se soubesse que devia ter falado com a advogada dela, no caso você, eu teria poupado todo esse transtorno.

Cliquei em enviar, Jessica visualizou e começou a digitar sem parar. Já imaginei que viria textão.

Tome vergonha na sua cara, volte aqui e cumpra a promessa que fez. Você tem noção de que está abandonando sua mulher menor de idade com um bebê? Sabe que isso pode te colocar atrás das grades, não sabe?

-

Realmente por ter vergonha na cara que sai de casa. Estarei aqui pronta para arcar com qualquer punição que vier inclusive ser presa por abandonar a mulher que me traiu e a filha dela, fruto dessa traição. Jessica, você realmente acha que tenho sangue de barata? Por algum momento já parou para pensar em como me sinto diante disso tudo? Sei que fiz a promessa e estou com a consciência tranquila por saber que cumpri até onde me cabia. E por favor, não quero que me atormente mais. E não se preocupe, não vou deixar Perrie desamparada financeiramente, já estou tomando algumas providências. Qualquer dúvida, devo procurar por ela ou diretamente você?

Após minha ironia desliguei o celular, precisava descansar e ficar discutindo por mensagem com Jessica não me ajudaria em nada.

Pequena Consequência | Jerrie Onde histórias criam vida. Descubra agora