Capítulo 2

1.3K 62 3
                                    

- Não, não, não. - Nina olhava o horário na tela do celular se odiando, estava muito mais do que atrasada para buscar Fiorella na escola e nem teve tempo de ligar para avisar que demoraria a chegar.


Como teve Ella quando ainda era muito nova, Catarina não teve chances de terminar a faculdade que começara e na busca por um emprego que pagasse as contas, mas que também a permitisse participar do crescimento da filha, acabou conhecendo Cora, filha de um senhor adorável chamado Benjamin e há três anos cuidava dele todos os dias enquanto a filha estava na escolinha. Quando ela estava indo embora chegava a enfermeira, que passava a noite com o senhorzinho, já que ele precisava de cuidados mais específicos para dormir.


Sabia que não era nenhuma profissão que poderia ficar rica e que muitas mães na escola torciam o nariz para ela por conta disso, mas se orgulhava de poder manter o próprio apartamento e pagar todas as contas sem precisar pedir a ajuda do pai, que já fazia o bastante pagando a mensalidade de Fiorella.


- Mama! - a pequena gritou em alegria ao ver a mãe cruzar os portões do playground.
- Oi, meu amor, me perdoa, o vovô Ben não estava se sentindo muito bem e a mamãe teve que ficar lá esperando o médico chegar. – disse, olhando Ella com cuidado para ver se a menina tinha chorado.
- Não tem poblema mama, o tio Isco cuidou de mim. - disse toda alegre e Catarina arregalou os olhos para o que a menina tinha falado.
- Oi, Nina. - a mulher se levantou rapidamente, girando o corpo para dar de cara com Isco a olhando divertido.
- Isco! Vo...você ficou me esperando? Eu atrasei muito hoje! - disse consciente que devia estar horrível, passou as mãos nos cabelos, tentando ajeitá-los enquanto olhava para as roupas que vestia; Era oficial, estava morrendo de vergonha de estar daquela forma ao lado do jogador.
- Eu te devia uma, está tudo bem? Você parece agitada.
- Sim, está. - sorriu tentando disfarçar e deu a mão para Ella, dando um oi para Isco Jr. que já estava de mãos dadas com o pai. - Tive alguns problemas no trabalho e acabei atrasando, mas nunca aconteceu isso antes, quer dizer, só uma vez.
- Fiquei sabendo, "mamãe do ano" - disse dando uma cotovelada de leve na mulher lhe tirando uma risada - Elas disseram que algo de muito grave deveria ter acontecido para você atrasar assim sem avisar, fiquei preocupado com a Ella e decidi esperar.
- Obrigada, de verdade, Isco. - falou enquanto caminhavam para fora do playground num silêncio confortável - Jogador de futebol, huh? - dessa vez foi Catarina quem lhe deu uma cotovelada de leve.
- Me stalkeando? - o jogador disse contente por ela ter falado alguma coisa.
- Achei que depois de ser acusada de querer alguns minutos de fama eu deveria descobrir que fama era essa - falou brincando com o jogador.
- Me desculpa por aquilo. - disse olhando para o chão um pouco nervoso - Não seria a primeira vez, sabe? E o Isco...
- Não precisa falar nada, eu sou mãe também... Foi apenas uma enorme coincidência.
- Bota enorme nisso.
- Eu vou indo, ainda preciso saber se está tudo bem no trabalho. - falou chamando Ella, que andava na frente com o menino. - Nos vemos por aí?
- Ei, Nina, podemos trocar telefone? Você sabe, se alguma coisa acontecer...
- Sei. - disse desconfiada, mas anotou seu número mesmo assim no celular dele. - Obrigada de novo, Isco.
- Tchau, Super-Ella. - Isco disse fazendo continência para a menina que deu uma gargalhada fofa, tirando outra dos adultos.


Naquela tarde, em ambos os carros, seus ocupantes sorriam sozinhos lembrando de uma certa tarde numa cama de hotel.


💙💙💙



- Eu não acredito que estamos assim de novo. - Catarina estava deitada de lado, encarando Isco. Tinha apenas o lençol cobrindo seu corpo nú.
- Eu não acredito que demorou tanto para te ver assim de novo, isso sim. - falou dando um beijo demorado na boca da mulher, mordendo seu lábio inferior.
- Qual sua fixação com a minha boca? - perguntou divertida, colocando um tanto do cabelo do homem atrás de sua orelha, embora fosse quase em vão.
- Você já se olhou no espelho? - disse passando o dedão nos lábios da mulher - Essa boca, eu quero pra mim. - falou antes de puxar a mulher para si e a beijar pela centésima vez naquela manhã.
- Do jeito que está indo vou ter que deixar ela com você e comprar outra. - comentou brincando ao ter seu lábio puxado mais uma vez e se virou para ver o horário.
- Não estamos atrasados dessa vez. - Isco disse dando risada. - Ainda é cedo.
- Eu sei, é que eu preciso visitar um amigo no hospital antes de buscar a Ella e estou calculando quanto tempo ainda posso ficar aqui. - Catarina estava acostumada a ser vista como inferior por muitos quando contava o que fazia da vida e não queria que Isco fosse mais um a tratá-la diferente.
- Eu sinto muito, Nina, espero que esse seu amigo melhore.
- Obrigada. E você, vai fazer o que hoje?
- Concentração. - falou animado - Busco o Isco, levo ele pra casa da mãe e vou pra Valdebebas, amanhã tem jogo no Bernabéu. Você gosta de futebol? - perguntou ansioso para que a resposta fosse positiva, mas notou Nina fechar o sorriso e desviar o olhar do seu por um segundo.
- Só de ver os jogadores sem camisa. - a mulher o encarou novamente, abrindo o sorriso que o havia conquistado algumas semanas atrás. - Principalmente um tal de Isco. - Nina riu se deitando sob o corpo do jogador. - De começo ele até pode achar que você está atrás da fama dele, mas depois percebe que você só quer abusar do corpo dele mesmo.
- Você é linda. - o jogador disse abraçando a mulher, sentindo sua respiração bater em seu pescoço - Eu já tinha visto a Fiorella algumas vezes e ficava me perguntando quem seriam os pais dela, provavelmente um casal de modelos, e vendo vocês duas juntas não tem nem como negar que não é sua. Ela tem algum traço do pai?

Nobody Matters Like You | Isco AlarconOnde histórias criam vida. Descubra agora