Capítulo 9

883 33 0
                                    

Duas semanas tinham se passado desde o enterro de Ben. Nina e Isco ainda não haviam se visto, mas se falavam por mensagens ou ligações diárias. Além de ocupada com a doação das roupas e objetos de Ben, ela precisava de um tempo para si, para sentir o pesar da morte de seu melhor amigo. Muito mais do que, de certa forma, seu chefe, Ben era um pai, um mentor e conselheiro e se ver em um mundo sem ele, era voltar a vê-lo sem cor.
Catarina conhecia bem o processo da perda, mas nem por isso era mais fácil vivenciá-la. Precisava se recolher, aquietar seus pensamentos, sua dor e seu coração. Ao menos era o que ela acreditava ser a melhor forma de lidar com aquela sensação de abandono. Tinha certeza que se não fosse por Ella , não teria forças para se reerguer de mais um baque daquela proporção.

Isco, embora preocupado com Nina, apreciou o tempo em que não se viram. Precisava colocar os próprios pensamentos em ordem. Nunca imaginou que toda aquela dor que via escondida no olhar dela, fosse tão poderosa. Como ela mesmo tinha dito, tinha perdido o amor de sua vida. O jogador nunca tinha conhecido alguém que tivesse se tornado viuvo tão novo, ainda mais alguém por quem ele era perdidamente apaixonado.

Passara os dias se penalizando por ter ciúmes de alguém que já não estava mais entre eles, mas era impossível deixar de sentir um aperto em seu peito, na incerteza se Catarina um dia o amaria tanto quanto Carlos. Se o homem era o grande amor de sua vida, qual papel poderia ele preencher? Aquelas dúvidas o faziam se sentir egoísta, tinha vergonha de até mesmo tê-los, quanto mais verbalizá-los.

Agradeceu por ter uma profissão que o tirava da cama e o fazia esquecer de qualquer coisa que não fosse o futebol. Tinha certeza que estaria muito pior se não fossem os treinos, jogos e seus colegas de equipe. Esses o qual, mesmo sem perceber, o estavam ajudando muito além de suas palavras.

O encontro entre eles veio repentino, apaziguador e reconfortante. Francisco estava no portão da escola, esperando seu filho aparecer, quando sentiu seu coração bater mais forte e as palmas de sua mão começarem a suar. Riu de si mesmo, Catarina tinha um poder sobre ele que nenhuma mulher tinha tido antes, talvez fosse a certeza que sentia sempre que estavam juntos. A certeza que o carregava nos momentos de dúvida e dor.

O que ele mal sabia era que Nina se sentia da mesma forma. Quando colocava os olhos sobre ele, seus olhos tão cheios de amor, seu sorriso repleto de carinho e seu toque coberto de segurança, ela tinha certeza que não gostaria de estar em nenhum outro lugar.

Ela caminhava com Isco em seu colo e Ella em seu encalço, cantarolando uma canção. Estava conversando com a administração da escola quando o alarme soou e foi em direção a sala de aula dos pequenos e se surpreendeu quando Isco Jr. correu até ela a abraçando forte. Tinha sentido saudades, foi o que o pequeno dissera.

- Ei! – Nina sorriu largo para o homem e passou o filho para ele ao se aproximarem.
- Ei vocês! – o jogador retribuiu, beijando o rosto do filho, antes de fazer o mesmo com a mulher, a abraçando de forma desajeitada. – Como você está, pequena? – se direcionou a Ella , que agora segurava em sua mão livre.
- Eu tô bem, acertei o exercício hoje na aula.
- Uau, parabéns! – Isco se ajoelhou, colocando o filho no chão, ainda com o braço a sua volta e abraçou Fiorella com o lado livre. – E você, filho, acertou também?
- Eu acertei três. - disse mostrando o número com os dedos de forma adorável.
- Vocês dois são muito inteligentes mesmo - elogiou, fechando os braços, trazendo as crianças para um abraço triplo, gerando diversas risadinhas dos pequenos.

Nina observava aquela interação maravilhada, tinha certeza que quem os visse de fora perceberiam o quanto ela era apaixonada por aquele homem. Dulce apareceu com Juan e os três adultos conversaram brevemente, antes dela se despedir com um abraço forte em Nina, repetindo pela terceira vez o quanto sentia sobre Ben e sua total disponibilidade para conversar com Catarina, fosse por telefone ou ao vivo, a qualquer hora.

- Ela é um amor. – disse se virando para o homem – Foi bom nos encontrarmos hoje, eu ia mesmo te mandar uma mensagem saindo daqui.
- Pra? – Isco deu a mão as duas crianças e os quatro saíram do local a caminho do estacionamento.
- Te ver. Eu queria fazer um convite aliás, para vocês dois. – Nina olhou para pai e filho – Dependendo do seu calendário, gostariam de passar um final de semana a quatro?

Foi impossível para Catarina não rir da cara de Isco, conhecia bem a forma que ele adorava levar tudo com segundas intenções e sabia exatamente o que ele responderia se as crianças não estivessem juntos.

- Você sabe o que eu estou pensando? – perguntou com a sobrancelha erguida e um sorriso sedutor no rosto.
- Sei muito bem. – confirmou com o rosto levemente vermelho, para deleite do jogador.
- Eu quero, papá. Pode ser amanhã?
- Calma, campeão, o papai precisa ver o melhor dia. – disse para o filho e pegou Ella no colo, a colocando em sua cadeirinha e então se virou para Nina. – Chegando em casa eu te mando as datas?
- Combinado.
- Quer que eu busque vocês? - Nina franziu o cenho confusa e então sorriu doce para o jogador.
- Não, Isco, eu quero que você passe um final de semana com a gente... - encarou a filha, que retribuía o olhar animada. - Na nossa casa.
- Ah! - foi a única coisa que conseguiu proferir, tamanha sua surpresa. Podia sentir seu coração bater no peito. As coisas pareciam ter realmente mudado, Catarina estava se abrindo por completo com ele. - Eu adoraria.

Nobody Matters Like You | Isco AlarconOnde histórias criam vida. Descubra agora