Capítulo 7

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Catarina olhava a TV ainda sem acreditar no que estava assistindo, parecia uma brincadeira sem graça do destino. Seus olhos focavam na tela, mas era inevitável que as memórias a levassem para semanas atrás, aumentando a dor em seu peito que parecia ser uma nova constante em sua vida. Uma dor que tinha levado tanto tempo para superar e que havia voltado como se nunca tivesse ido embora. Embora o causador fosse outro, a intensidade era surpreendentemente a mesma.


Seu pai tinha ido passar o sábado com ela e Fiorella, como fazia todos os meses, e ao notar a filha mais pra baixo que o normal, ao invés de ir embora logo após o almoço, resolveu ficar e fazer companhia para as duas até o fim da noite. Nina adorava como seu pai cuidava dela como se ela ainda fosse uma garotinha da idade de Ella, mas justo naquele dia ela preferia que ele não tivesse ficado.


O jogo na TV era a lembrança de sua covardia, nem ela entendia o que a impedia de contar tudo de uma vez para Isco, não o culpava por ter perdido a paciência com ela. Talvez se fosse o oposto ela teria feito a mesma coisa, mas vê-lo jogar era apenas mais um lembrete do que ela tinha deixado ir.


- Esse menino ainda vai longe. - seu pai comentou ao ver a filha com os olhos fixos na TV.
- Quem? - perguntou nervosa, sentindo as batidas de seu coração aumentar.
- O Isco, o que marcou o gol. - Catarina assentiu, sem saber o que responder.
- O tio Isco? - Ella que brincava de lego no chão com o avô, olhou pra TV. - Ele é o namorado da mamá, vovô.
- Como?!
- Ella!! - pai e filha pronunciaram as duas palavras juntos e se encararam a tempo do mais velho ver lágrimas se formarem nos olhos da filha.
- É ele? - Gonzalo olhava pra filha, mas a neta estava agora com a cara na TV, procurando pelo jogador, confirmando a resposta que buscava.
- Cadê ele, vovô? Eu to com saudadi, faz um tempão que a gente não vê eles, né, mamá?
- É que o tio Isco anda ocupado com esses jogos, mas tenho certeza que ele também tá com saudade. - Nina conversava com a filha, sabendo que seu pai a encarava curioso. Agora mais do que nunca o mais velho não sairia dali tão cedo.
- Mamá você também sente saudade?
- Está um pouco tarde pra senhorita estar acordada, dá boa noite pro vovô e vai colocar o pijama que eu já vou ler uma história pra você, tá?
- Mas o Tio Isco tá na TV!
- Amanhã a gente liga pra ele, que tal?
- Tá bom. - disse mais animada, indo abraçar o avô.


Catarina deu um beijo no rosto da filha, que tinha adormecido pouco após se deitar, seu dia tinha sido cheio de aventuras e o cansaço apareceu assim que a pequena deitou na cama. A mulher prolongou o máximo que pode os passos até a sala, sabia que seu pai iria querer saber mais sobre aquela história. Sorriu ao encontrá-lo lavando a louça do jantar.


- Você sabe que não precisa, não é? - disse abraçando o senhor de lado.
- Sei, mas faço questão, meu amor. - o mais velho respondeu enxugando as mãos e encarando a filha - Eu não te via sorrindo da forma que você tem feito nos últimos meses há muito tempo. O que deu errado?
- Eu não consegui contar e ele cansou, só isso. - deu de ombros, tentando dar muito menos importância ao fato do que ele tinha de verdade.
- E, por que não? Você acha que ele não entenderia? - Gonzalo duvidava que era esse o motivo.
- Eu fico esperando a oportunidade perfeita surgir e acabo perdendo a coragem. Gosto de pensar que estou pronta e que mereço ser feliz de novo, mas acontece isso e já começo a duvidar de tudo novamente.
- Princesa, para esse tipo de coisa não tem melhor momento. Por que não o convida pra vir aqui e deixe que tudo simplesmente aconteça?
- E se for tarde demais?
- Se ele é tão determinado na vida como é no futebol eu tenho certeza que ele não vai desistir tão fácil da mulher que ele ama.
- E como você sabe que ele me ama?
- Porque eu te conheço como ninguém e sei que é impossível não te amar, filha.
- Você é o meu pai, tem obrigação de falar isso.
- Tenho, mas se ele fez tudo que fez por você e pela Ella em tão pouco tempo, podendo encontrar qualquer garota solteira, sem um passado doloroso... Se isso não é amor, é o quê?!
- Você é o melhor pai do mundo!! - Catarina abraçou o pai deixando que as lágrimas finalmente caíssem - Ele disse para eu procurá-lo quando estivesse pronta. Eu acho que o senhor está certo, eu só preciso chamá-lo para vir aqui.
- Eu não acredito que você vai me fazer criar um carinho pelo Real Madrid.

Nobody Matters Like You | Isco AlarconOnde histórias criam vida. Descubra agora