paulistanos

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seu mundo vai queimar
toda vez que eu passar
nossos laços vão romper
toda vez que eu renascer.

talvez você perceba..

eu sou tão descartável
quanto os panfletos
que vão te entregar.

nossa aproximação é como um assalto
dessa vez eu consigo disparar?

pestaneja o sinal vermelho
seguimos em frente indecisos
sem olhar para os lados... tem sentido?

me desculpe por chocar
com a sua filha
sem me machucar.

o meu genitor quer me afundar
em oceanos cheios da poluição
que agora é o meu ar.

posso ouvir
as ameaças ao telefone
conheço as sirenes
sem saber o seu nome.

minha carne está crua
quero te ver nua
me chame pra ver a lua.

lábios engatilhados
atiro à queima-roupa.

mesmo que apague a sua escultura
ainda conseguirei ver a tinta
que escorria de suas retinas.

talvez eu me esqueça..

o amor existe em todos nossos risos
nas possibilidades de você me beijar
mas nós dois somos paulistanos
e nos falta tempo para amar.

(escrito em 19/09/18)

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