Cap 1 ❄️

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Brooke Catherine

2 meses atrás

Silêncio.

Nunca achei que iria desejar tanto uma coisa que a um ano atrás me deixava fora de mim. 'Silêncio é uma coisa vazia, depressiva, triste.' era minha conclusão sobre o silêncio e sua definição. Eu não estava nada errada. Eu só não era o tipo de pessoa que naquele momento apreciava e entendia bem aquele significado. Eu não era o tipo de pessoa depressiva, triste. Hoje eu mais do que entendo o significado daquilo que eu tanto julgava, hoje eu vivêncio 'essa coisa vazia' que é o silêncio. Me arrependo amargamente pelas vezes que critiquei as pessoas que vivem no silêncio. Do mesmo jeito que antigamente meu prazer era ficar feliz, o prazer delas era o mesmo, só que num estado que eu tanto estranhava e desprezava e hoje estou habituada.
Minha respiração pesada é o único som que me agrada no momento e faço o possível para que esse seja o único som que eu realmente consiga ouvir agora, mas os gritos vindo de fora do quarto me atormentam mais do que tudo. Decido me levar e protestar pelo direito do silêncio que tenho. Minha cama range enquanto eu tento me levantar. Caminhei pesadamente até minha porta imaginando qual seria o motivo da discussão dessa vez. Mais um motivo ridiculo eu posso ter certeza que é. Caminhei pelo estreito corredor até chegar a porta do quarto da minha mãe podendo ouvir os gritos cada vez mais intensos. Levantei meu braço com o intuito de bater a porta para alguém abrir, mas George já fez esse favor por mim. Assim que vi o homem que frequenta nossa casa a apenas 3 semanas sair do quarto com olhos cheios de fúria retirei meu corpo da passagem para que ele passasse.

"Bom dia, Brooke." pelo menos por cima de toda a fúria sua educação continua intacta.

"Não tão bom, George." respondi revirando os olhos e entrando para dentro do quarto. E lá estava ela, sentada na beirada da cama com o corpo virado de costas para a porta, apreciando a vista da janela. Minha mãe. Pela minha cabeça passou a ideia de me aproximar, como eu sempre fazia, mas deixei esses pensamentos de lado. O que eu preciso agora é apenas saber se ela está bem. Caminhei levemente para próximo da cama visto que ainda estava parada a porta. Eu escutava os soluços que saiam de sua boca, e por cima de tudo que eu sentia, lá no fundo ainda havia um pouco de pena.

"Mãe?" sussurrei com um pouco de receio me sentando do outro lado da cama com o rosto virado para a porta, de modo que eu não conseguisse olhar para ela.

"Oh, Brooke." Ouvi os soluços diminuírem e deduzi que ela só estava os segurando, querendo demonstrar força. Fechei os olhos e pude imaginar ela passando as mãos por cima das bochechas tentando espantar as lágrimas já escorridas, como ela sempre fazia ao chorar. "Esta tudo bem, filha?" Ela perguntou e senti a cama atrás de mim se afundar um pouco. Ainda de olhos fechados soltei um longo suspiro. Eu estou bem? Há muito tempo não sei exatamente como estou. Mas, a questão aqui não sou eu, é ela.

"Mãe, a questão aqui é se você está bem." perguntei com firmeza na voz ao pronunciar o "você".

"Não quero falar sobre isso Brooke. Já lhe disse que esses assuntos não são motivo de discussão." ela falou elevando um pouco o tom da voz, limpando as lágrimas novamente e no mesmo instante me arrependi completamente de ter saído do meu quarto para vir aqui assistir a mesma merda acontecer.

"Sabe, as vezes eu tento ajudar. Não sei se você percebe. " abri meus olhos e me levantei da cama olhando para ela. "Mas para mim, tanto faz. Eu não suporto olhar para você nesses momentos, Louise. Por que? Por que eu só vejo coisas ruins nos seus olhos." nesse momento as lágrimas nos meus olhos já eram incontroláveis. Eu não gosto de a tratar assim, ou de a ver desse jeito, nenhum filho gosta de ver a mãe sofrer. "Antes... antes eu tentava mudar as coisas. Eu queria tirar esses demônios de você. Mas acho que acabei contaminada e meus olhos se transformaram e estão piores do que os seus. Não aguento isso mais!" gritei a última parte e sai do quarto com as mãos na cabeça.
Assim que a porta do quarto se fechou atrás de mim, olhei para o fim do corredor e pude ver 3 pares de olhos verdes brilhando. Caminhei em direção a eles devagar e pude ouvir novamente soluços, mas dessa vez vindo de três pequeninas bocas. Me agachei e dei lhes a cada uma um beijo na testa antes de as levar para cama e sussurrar um "está tudo bem". Apaguei as luzes depois de acomodar os pelucias em seus devidos lugares, segundo as gêmeas, e voltei para meu quarto. Fechei a porta atrás de mim e pude sentir o silêncio. Me joguei na cama mais uma vez e voltei a minha posição de apreciar o branco do meu teto. Minha mão tateou a gaveta aberta ao lado da cama, retirando de lá um maço de cigarro. Meu isqueiro já pairava sobre o criado junto das cinzas. Acendi o cigarro e deixei que aquela fumaça possuisse meu pulmão me causando tranquilidade. Tossi um pouco pelo fato de ainda não ser experiente no ato e senti lágrimas se formando em meus olhos. Minha vida se tornou uma tempestade.

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