Desalmada [CONCLUÍDA]

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Finalmente o tratamento de amadurecimento dos óvulos de Andrea estava chegando ao fim. Podia ver o quanto seus olhos enchiam de lágrimas após a aplicação de cada uma das injeções mas logo depois o olhar dela era totalmente preenchido por um brilho na qual jamais vi. 

A Penúltima aplicação acabara de ser feita e depois de um longo banho e de jantarmos apenas nós duas, decidimos por simplesmente ficar na cama, fazer algo tão simples mas que a tanto tempo não acontecia. Ficamos uma de frente para outra, Andrea com uma das pernas jogadas em minha cintura enquanto eu desenhava círculos preguiçosos em sua coxa. Porém um arrepio pareceu formar em seu corpo, uma onda apoderando-se do corpo dela enquanto fechava os olhos e tentava não deixar o ritmo de sua respiração alterado. 

Acabou que minutos mais tarde as roupas já estavam perdidas pelo quarto, nossas bocas já estavam perdida uma na outra e eu mais uma vez estava também perdida nos braços dela. Nenhuma pele igual a sua, nenhum cheiro como o seu, nenhum amor tão grande como o que sentia por ela. 

Na manhã seguinte quando meus olhos imploravam por despertar, a primeira coisa que encontraram ao abrir foi uma Andrea bastante apreensiva frente a eles. 

-Bom dia... -sussurrou ainda com a voz rouca, porém com aquele cheiro clássico de pasta de dente saindo de seus lábios. Eu apenas me movi, lhe sorri brevemente e então moldei seu corpo com o meu. 

-Logo logo serei uma mulher grávida, aproveite bastante para fazer isso. -murmurou em meu pescoço. 

-Sem expectativas... -adverti. 

-Eu sei, eu sei... -disse quase temerosa -Mas é impossível não ficar apreensiva, e feliz, e ansiosa, e desesperada, e... com expectativas quando daqui algumas horas isso pode realmente acontecer.

Não tive como não me afastar, como não olhar naquelas pupilas dilatadas e não ficar também de certa forma ansiosa. 

Levantamos da cama, tomei um longo banho e depois de me preparar para descer fui até o quarto de hóspedes onde a enfermeira do centro de fertilidade já preparava a ampola com medicação. Fiquei ao lado de Andrea durante a aplicação e depois de confirmar o horário na clínica com a moça ruiva, fomos direto para o café da manhã. Fizemos nosso desjejum em um quase silêncio, trocando poucas palavras porém muitos olhares e sorrisos. 

Minha garota ansiosa ficou em casa arrumando suas coisas e focando em estar mais ansiosa ainda enquanto eu fui para a revista. Lá, desmarquei toda minha agenda da tarde, queria ficar com Andrea depois da inseminação. Almocei com Irv, voltei para o escritório apenas para pegar bolsa e casaco e então fui buscar a ansiedade em pessoa. 

Quando o carro parou frente a nossa casa, sequer precisei descer. Andrea veio em direção ao carro com passos largos, adentrou o veículo rapidamente e então me beijou depressa. 

-Oi... -sussurrei depois de nosso rápido mas caloroso encontro. -Tudo pronto?

-Tudo mais que pronto. -disse com um sorriso largo e realmente feliz. 

O trajeto até a clínica foi rápido e assim que entramos lá Andrea foi encaminhada para trocar de roupa e acomodar-se a sala de fecundação. Poucos minutos depois fui chamada, fazendo o procedimento de limpeza necessário e entrando na sala com ela. Minha amada estava deitada em uma mesa de cirurgia com a pernas para o alto e me sorriu quando nossos olhos se encontraram. A doutora e sua equipe entrou ali também e explicou mais uma vez como seria o procedimento de inseminação. Diante da aparente ansiedade de Andrea, ela tentou de todas as formas possíveis acalma-la e quando seus batimentos cardíacos diminuíram a velocidade no monitor, o processo se iniciou. 
Vi os olhos de minha garota encherem-se de lágrimas diversas vezes durante o processo mas diante de seu sorriso tão amplo não consegui distinguir se era certo incômodo, felicidade, ou os dois.  O procedimento foi rápido, Andrea deixou que as lágrimas saíssem de seus olhos e me mantive ali o tempo inteiro ao seu lado.