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Ok, me desculpem, vai ter textão antes do capítulo...
Hoje não é dia de postagem, mas... Devo confessar que estou passando por um dos piores momentos da minha vida. Com isso, um pouco de felicidade é bom (como esse capítulo)...
Queria na verdade deixar aqui também o quanto somos especiais... Sim, todos nós.
Não sou a pessoa mais tranquila do mundo e com certeza tenho tantos problemas como cada um de vocês... O que muda é como você reage a isso.
Eu já agi de maneiras nada agradáveis e não foi bom, não me fez bem a longo prazo e o que posso afirmar é que não importa o tamanho da sua dor, você não está sozinho e as coisas podem ser diferentes sim... Afinal, já vencemos em 100% de todos os nossos piores momentos, não é?
BUSQUEM PAZ, BUSQUEM FELICIDADE, NÃO ACEITEM MENOS DO QUE VCS MERECEM, NÃO ACEITEM FALTA DE RESPEITO, NÃO ACEITEM MAGOAS E NÃO ACEITEM MENOS QUE RECIPROCIDADE DE TUDO O QUE VOCÊ DÁ DE MELHOR.
"Isso é tudo..."

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Depois daquele dia no apartamento de Andrea muita coisa mudou. Até poderíamos afirmar que minha vida inteira mudou. Já fazia um ano desde o nosso beijo, seis meses que estávamos juntas oficialmente para amigos próximos e família. Mas... por incrível que pareça... eu queria mais, precisava de mais. E não era um mais de precisar de mais alguém, de precisar trabalhar mais ou qualquer outra coisa, eu precisava mais de nós duas, precisava de espaço para nossos toques, precisava de liberdade para tocá-la onde quer que seja, de beijá-la sem me importar com o que vão dizer ou pensar.
A Ideia ficou sorrateira em minha cabeça por toda a semana, não podia evitar de pensar naquilo. Andrea dormiu em minha casa na quarta-feira e sentir seu corpo com o meu depois de mais uma vez ter a amado e concluído que ela era absolutamente tudo o que mais desejava, já não existiam mais dúvidas ou incertezas.
Na quinta pela manhã me isolei em minha sala, pedi que ela trabalhasse fora da revista para que eu tivesse tempo de preparar tudo e consegui. Passava das 10 da manhã quando liguei para a casa dos pais de Andrea. Sua mãe atendeu e depois de todas as formalidades despejei meu desejo contido:
-Senhora Sachs, gostaria de pedir a Andrea em casamento.
Tão clichê... tão algo que eu achava banal e agora parecia tão essencial...
Ela riu ao telefone, depois murmurou um “uau, é mesmo sério?” Confirmei que sim, que era sério e que na verdade eu havia ligado para informa-la e não pedir algo, afinal a Andrea é bastante grandinha. Ela riu outra vez mais, disse que se essa era a vontade da filha também eles que não iriam se opor.
Assim que encerramos o telefonema, pedi que Emily enviasse todo o necessário para os pais de Andrea, passagens, embarque... hospedagem, tudo. Dias antes, depois de uma crise de ciúmes de minha parte (sim, isso aconteceu...) acabei contando para Emily sobre meu relacionamento. A garota ficou pasma, disse desconfiar que ambas estavam em um relacionamento mas jamais imaginou que fosse juntas. Foi a minha vez de rir. O bom com isso tudo era que agora eu tinha uma cúmplice.
Naquela noite Andrea e eu iríamos jantar mas acabei inventando uma reunião qualquer para que o jantar fosse cancelado. Ela me conhecendo tão bem quanto conhece, perceberia que algo estava errado. Percebi tristeza em sua voz com o cancelar, mas sabia que no dia seguinte ela entenderia.
Emily e Nígel ficaram responsáveis por convidar nossos amigos, enviar os convites feitos as pressas e realizar todos os telefonemas possíveis. Também encaminharam todo o possível pra o vestido dela, meu e das meninas. Emily milagrosamente conseguiu inventar a desculpa de um evento da revista para conseguir as medidas dela novamente. Reservei o restaurante favorito de Andrea apenas para aquela ocasião, pedi todas as flores favoritas dela para a decoração, escolhi cada detalhe daquilo durante a madrugada daquela noite, descansando menos do que deveria ao final de tudo.  Queria tudo o mais perfeito possível.
Meus casamentos sempre foram aquela coisa de “Acho que deveríamos nos casar” e aconteceu. Nunca foi algo que eu realmente queria, não como quero isso tudo com Andrea.
Consegui achar pretextos para que ela ficasse o dia todo o mais longe possível de minha sala. No fim do dia, enquanto nervosamente revisava o livro ela entrou em minha sala um tanto pálida e parecia nervosa.
-Está tudo bem, querida? -perguntei tentando soar o mais tranquila possível. Ela entrou, fechou a porta e as persianas. Logo não precisaremos mais disso... pensei.
-Sim, e com você? -murmurou sentando-se em minha frente. Larguei o que fazia e voltei total minha atenção a ela.
-Claro, por qual motivo não estaria?
Ela deu de ombros, pareceu suspirar e então se colocou a falar.
-Ontem não jantamos juntas como o habitual e... fiquei preocupada. -pronunciou.
-Está tudo bem, apenas muito trabalho, você sabe como fico exaltada quando trabalho demais, achei preferível cancelar o jantar e não lhe preocupar, mas pelo visto você se preocupou igual...
-Miranda... -respirou fundo. -Estou com você por te amar, e amar envolve tudo, não só coisas boas... você sabe que pode dividir o que for comigo, não sabe?
Meu coração pareceu inchar de tanto sentimento naquele instante.
-Desculpe meu bem, não foi intencional e eu sei que envolve tudo.
Ela concordou e então se levantou pronta para sair da sala mas travou.
-Vamos nos ver hoje? -sussurrou.
Merda.
-Não sei, querida. Vá para casa, tome um banho daqueles que sei você gostar e se tudo der certo nos veremos sim.
Ela sorriu, mas um sorriso vazio e nada parecido com a alegria que eu adorava ver ali. Fiquei inquieta com tal ato, mas sabia que seria para o bem de nós duas.
Assim que ela saiu, Nigel me informou que os pais dela já estavam no hotel e que nossos convidados haviam confirmado a presença.
Não demorei a sair da Revista também, fui para casa me arrumar e ansiar frente ao relógio para o tal momento.
Tinha acabado de sair do banho quando meu celular tocou e era ela. Atendi tentando ficar calma.
-Oi, querida.
-Miranda, o que está acontecendo? -perguntou e eu pude já notar que sua voz estava mais tranquila.
-Ah, sim! Ia lhe ligar, mas fiquei presa na revista... -menti, por um bom motivo. -Emily já chegou?
-Sim, está aqui.
-Então meu bem, terá um jantar com os editores da revista, preciso que você vá, já que não poderei ir.
Ela suspirou, pareceu bastante frustrada mas acabou concordando.
Terminei de me arrumar, coloquei o vestido, fiz a maquiagem e todo o necessário e não demorei a apressar as garotas e irmos para o restaurante.
Meu coração parecia querer saltar do peito, aquilo só podia ser o amor querendo me matar. Ri com tal pensamento enquanto as luzes da cidade pareciam passar por nós.
-Está nervosa, mamãe? -Perguntou Caroline.
Mal consegui falar, apenas concordei. Em minha bolsa, o anel escolhido parecia pesar mais que todos os meus ossos. Não era só uma joia, era o encerramento de uma etapa a caminho de uma muito melhor, era o trajeto entre nós e tudo aquilo que acreditei não existir e Andrea me fazia sentir, espalhando amor incondicional em casa passo.
Quando chegamos ao restaurante, cumprimentei cada uma das pessoas o mais rápido que pude, fiz questão de conferir se tudo estava como o planejado e estava mesmo.
Nígel veio em minha direção com passos largos e ali percebi que o momento havia chegado. Todos os convidados se sentaram, esperamos o som das portas do restaurante ecoar no silêncio.
Foi tudo perfeito. Eu só sabia sentir e ansiar por ver seus olhos. Quando a figura dela se encontrou com a minha dentre os rostos tão conhecidos a música começou a tocar e mesmo de longe pude ver os olhos dela marejando.
Andrea sorriu confusa para as pessoas, achei que ia desmaiar quando viu seus pais mas não deixou de caminhar em minha direção. Fui até seu encontro, seu rosto tão lindo com um ponto de interrogação gigante clamava por respostas.
-Miranda o que está acontecendo, por...
-Querida... -sussurrei a acalmando, tocando sua mão com a minha e não pude conter meu sorriso. O Contato de nossas peles parecia incendiar todos os meus poros. -Talvez seja precoce, talvez estejamos no momento correto... eu não sei, não sei de todas as coisas dessa vida como você acredita. -Sorri para ela que retribuiu imediatamente.
-Porém, já faz um tempo que essa questão me ronda e não há nada melhor do que perguntar, não é?
Ela concordou, seus olhos nos meus, nossas mãos enlaçadas enquanto minha mão livre parecia amassar a caixa do anel tamanho nervosismo.
-Nesse tempo junto de ti, descobri coisas que acreditava não serem reais. -Confessei. -Você me ensinou a sorrir sem motivos, a querer mais das coisas, a comer sanduíches com pasta de amendoim... -O riso foi solto nessa parte. -Mas acima de qualquer coisa, você me ensinou a amar.
Andrea chorava, as lágrimas corriam por seu rosto sem controle e eu agradeci os fabricantes de rímel a prova d’agua lhe sorrindo com amor.
-Andrea, você... -Soltei sua mão, segurei a caixinha para que ela a visse e então a abri, revelando o anel. -aceita casar comigo?
-Oh Meu Deus! -Ela praticamente gritou, parecia extasiada. -Isso é sério? -Questionou me encarando e olhando para algumas pessoas logo depois.
-Extremamente sério. -sussurrei tentando manter meu coração dentro do peito. Tudo parecia cristalino, tudo parecia não ter brilho enquanto ela me iluminava com todas as suas cores, manhas e amores. Aquilo era mais que sério.
-Ah Miranda... -disse entre um soluço. -É claro que aceito!
Alivio. Esse era o sentimento inicial. Depois, fui tomada por uma euforia, uma felicidade nunca sentida e só o que queria era tê-la pra sempre me chamando de sua.
Segurei o anel entre meus dedos, entreguei a caixinha para a mãe de Andrea que estava próxima e então agarrei sua mão, colocando suavemente a joia em seu dedo anelar.
Aquilo simbolizava muito mais que um noivado, pedido de casamento... sei lá, aquilo era toda a minha não crença no amor e em momentos assim verdadeiros se voltando contra mim. Não tinha como não sorrir.
-Eu posso beijar você, aqui, assim? -perguntou segurando minhas mãos, seus olhos me encarando e logo depois observando algumas pessoas.
-De hoje em diante essa pergunta não vai mais existir... -Lhe disse ganhando em troca o sorriso mais lindo do mundo e consequentemente aquele beijo que tanto amava.

Desalmada  [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora