Só 11 centímetros?

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Pois bem 'abigos' continuei fazendo as entregas. Dessa vez sabem aonde eu fui parar? Isso mesmo a Bhenevenutto! A encomenda era pra um cara estranho do departamento de contabilidade, enfim entrei meio envergonhada e procurei por um tal de Renato. A sua sala era no mesmo andar da do Senhor Bruno.
Bati na porta e ele logo abriu.

- Oi... eu sou a moça da entrega, você é o Renato não é mesmo?

- Sim sou eu... espera aí, eu acho que te conheço!

- Sim, eu eu trabalhei aqui como secretária do senhor Bruno. Agora me passa o dinheiro que eu tô me mandando!

Sem mais delongas, ele me deu a merreca e sem querer passei pela sala do senhor Bruno. Estava apenas encostada, foi quando saiu uma moça negra de lá. Foi aí que eu escutei:

- Você está louca Janaína?... trazer uma preta pra ser a minha secretária? Essa gente fede a macaco! - disse o senhor Bruno olhando ferozmente para Jana.

- Mas senhor, ela é super inteligente, educada e culta. Ela é a melhor candidata que nós temos!

- Não importa! Preto pra mim só trafica droga! Mas já que ela é tão boa assim, ela fica no seu lugar então! 

- Não, não por favor senhor Bruno, eu tenho um filho pequeno para criar!

- ENTÃO ME ARRUME ALGUÉM MELHOR!... E você, já ligou para os donos da grife Gusttanccio?

- Sim senhor, eles chegarão amanhã para o acordo com a Bhenevenutto.

- ÓTIMO!

É muito preconceito pra uma pessoa só! Fui embora com tanta raiva daquele velho!
Me controlei o máximo para não invadir aquela sala. Voltei para a bicicletinha para entregar mais encomendas.   

As horas foram passando e já era o meu horário de almoço. Aproveitei pra ir com o Vitinho no Hospital buscar a coitada da Nicreuda que acabou quebrando as duas pernas no banheiro do hospital. 

- Creudinha pelo amor de Maddona! O que aconteceu contigo viada? - perguntou Vitinho vendo a coitada com os braços e pernas quebrados.

- Aí 'Vitium' eu fui defecar merda e acabei escapulindo no chão.

- Vamos Nicreuda, eu vou te tirar daqui. Contratei uma pessoa pra te vigiar enquanto eu trabalho.

- Obrigado dona Frida! 

E assim fomos. Porém, os quinhentos e treze degraus daquele prédio se tornaram um problema, afinal ela estava na cadeira de rodas!
Com muito sufoco! (Até que eu me exercitei puxando a gorda da Nicreuda) chegamos em casa.

- Nicreuda, eu quero te apresentar a pessoa que vai cuidar de você... essa aqui é a Malandriely, eu a conheci lá no morro da Lacraia.

A cara de desgosto da Nicreuda já dizia tudo.
Ah foi só a primeira impressão, afinal Malandriely tinha quatorze anos, três tatuagens e aceitou ser paga com coxinha e empada. Ela era muito legal, apesar de ter duas passagens pela polícia. - Ela vai cuidar de você durante toda a manhã porque a tarde ela estuda.

- Tu faz que série... Malandriely?- perguntou Nicreuda

- Assim tia, eu 'merma' assim tipo, faço o quarto ano 'morô'? Maiis foi tudo culpa da minha 'pofressora' 'qui' num quis me passar tá ligado? Aí meus mano 'foro' lá e 'atiraro' nela. Maas fé no pai que de lá eu 'sai'!

*Subconsciente da Nicreuda: Tô vendo que é hoje que eu morro! 

- Pois bem meninas eu tenho que voltar para o trabalho... tchau e cuide da minha amiga hein Malandriely! 

- Pode 'pá' Frida!...Ô Nicreuda, tu gosta de ouvir funk?

- Pra falar a verdade minha jovem, eu estou com um pouco de dor de cab...

- Ah mas não tem 'poblema' dizem que "quem escuta funk os males espanta" 

- Tudo... bem então... - disse Nicreuda morrendo de medo observando a garota ligar a caixa de som.

PODE CHEGAR PODE CHEGAR QUE A FESTA VAI COMEÇAR SABE AONDE VOCÊ TÁ? NAQUELE LUGAR... 

Enquanto Nicreuda se "divertia à bessa" com a Malandriely, eu fazia as minhas entregas, aproveitei pra passar no Sex Shop do Fredo, e ele estava lá! Entrei na loja dessa vez, sem muita vergonha.

- Oi...

- Oi... veio comprar alguma coisa? Eu... eu não te liguei antes porque roubaram meu celular no dia que você me deu seu número. 

- Ah sério?... que pena! Na verdade eu queria ver... aqueles... aqueles - disse eu apontando para vários pipis na parede.

- AQUELES PÊNIS DE SILICONE ALI?  

- Cê tá maluco? Fala mais baixo pelo amor de Deus!

- Desculpa! Eu vou pegar pra você... ó tá aqui esse é o maior que nós temos! 25 centímetros!

- Aposto que o seu é maior que esse!

- É...não!

- Como assim "não" ?

- Na verdade o meu só tem 11 centímetros.

- Mole?

- Duro! 

*Vitinho no meu subconsciente: Miga, cancela que esse daí não tem o que a gente gosta: tamaaanho.

- Ah mas não tem problema... e o nosso encontro domingo tá de pé? - perguntei

- Tá sim!  

- Então eu já tô indo, sabe como é né trabalho muito! Fui.  

Não, não, não! Sério gente? 11 centímetros? Só? Poxa o boy é tão lindo! Mas... é amor que importa.

*Meu subconsciente: mentirosa! O que importa é a piroca! 

Depois desse tombo, voltei pra lanchonete, estava exausta mega cansada! estava lá o Cisinho.

- Ô Frida... vai atender aqueles ali ó! - disse a Bujão

- Aaa dona Valdéia eu cheguei agora e tô super cansada! Deixe eu respirar um pouquinho!

- Escuta aqui garota... o meu estabelecimento é de alta categoria e vai logo atender aquele ali senão eu vou tirar é do teu salário!

- Tudo bem... eae Tarcisio, pensei que você fosse rico demais pra vir comer aqui, bem no meio da favela. O seu pai sabe disso? - perguntei sendo a mais irônica possível.

- Fri, eu sei que meu pai te tratou muito mal mas... eu não sou igual a ele!

- Ok então garotão! Não está mais aqui quem falou... vai querer o que?

- Me vê esse pastel de presunto! - disse ele apontando para o cardápio. 

- Posso te dizer uma coisa?... não é presunto, é mortadela... ninguém daqui sabe diferenciar!

- Sério? Então me vê essa coxinha de carne.

- Eu não comeria essa coxinha...

- Porquê? 

- O pastel pode até ter carne... mas é carne louca!

- Meu Deus! O que tem de "normal" nessa lanchonete?

- Só água! E ainda é da biqueira!

- Eu... sabe o que é? Eu tô muito atarefado com uns negócios lá na empresa então eu já vou indo viu fica bem, amiga!  

- Tchau viado! É cada uma viu! Vou te contar aff!

Claro que depois desse atendimento digno de um Óscar eu fui comer né? Estava varada de fome mesmo.





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