06:00 da manhã o alarme do celular toca... contagem regressiva para a bomba explodir 10 9 8 7 6 5 4 3 2...
- Aaaah eu não aguento mais essas brincadeiras daquela bixa, vou tacar meu tamanco nela! - Me levanto em direção ao banheiro, dessa vez irei tomar um banho descente! Sinto o cheiro dos ovos mexidos que Nicreuda está preparando, tudo sairá perfeito. Me enrolo na toalha, entro no box e ligo o chuveiro, a água não sai.
- Mas que merdaa! Ah como eu odeio esse banheiro. Não, eu não acredito nisso!
Me enrolo na toalha novamente e desço os quinhentos e treze degraus até chegar na porta da Dona Begônia, a síndica do prédio.
- Bom dia Dona Begônia... é o meu chuveiro, ele não tá saindo água
- Sabe o que foi Frida? É que eu não paguei a conta de água esse mês
- E porque a senhora não pagou?
- Se eu pagasse a de água nós íamos ficar sem luz.
Respiro fundo pra não matar aquela 'véia' volto para a escada enfrentando os quinhentos e treze degraus. Me deparo com Seu Armindo idoso já de idade e seu cão-guia Flanelinha. O cachorro começa a cheirar minha toalha e começa a puxar com força.
- Ô seu Armindo... é, esse seu cachorro tá meio doido hoje né? Dá licença Flanelinha!!! - digo puxando a toalha da boca do cachorro
- Ele só age assim quando sente cheiro de carniça dona Frida - ri o velho sem a menor intenção de me humilhar.
Puxo a toalha de vez que se acaba rasgando- Aaaaah! Cachorro idiota! - grito pelada subindo as escadas.
Chego na porta muito desesperada, Nicreuda estava na cozinha mas com a gritaria correu logo para abrir a porta.- VIRGEM MARIA!... Ô dona Frida porque é que a 'sióra' tá 'peladona'?
- SAI DA FRENTE NICREUDA! 'ARRIÉGUA' MULHER!!! - digo correndo para o banheiro.
Nossa! Passei por um sufoco tremendo! Tomei banho de balde, da pia claro, mas pelo menos tomei né gente?Cheguei no trabalho totalmente diva e esplendorosa né 'mores'? Ok tudo bem, eu sou feia mas esse é o meu momento. Novamente fui recebida pela Senhorita Jana, somos íntimas meu bem!
- Bom dia Frida! Seja bem vinda a Bhenevenutto. Passe na sua sala, pegue alguns documentos e leve até o Senhor Bruno, ok?
- Bom dia... espera aí, eu tenho a minha própria sala? - Pergunto eu ainda não acreditando no que ela havia dito.
- Sim! mas sua sala fica lá em baixo no segundo andar.
*estávamos no vigésimo quinto andar daque prédio
- Ok, já estou indo! - falo entusiasmada com a noticia.
Até aí né gente estava tudo ótimo! Mas andando pelos enormes corredores da empresa, finalmente encontrei o elevador. Porém...
- Olá, bom dia eu sou nova por aqui, prazer me chamo Frida Gomes e eu sou a nova secretária do senhor Bruno - digo a um funcionário que está arrumando o sistema do elevador. - Esse elevador está funcionando? - eu pergunto.
- Não senhora! Tem que usar a escadaria - diz ele fuçando no painel do elevador.
- O QUÊ? Não acredito Jesus! Escada de novo não, de novo não! Eu só posso ter maltratado os cães de Lázaro, 'afemaria'.
Realmente, eu não já não aguentava mais. Desci vinte e três andares naqueles malditos degraus.
Finalmente cheguei. A sala tinha o número 13, então obviamente comecei a procurar e no fundo de um corredor escuro 'beeeeem' lá no fundo, encontrei a sala Cristo do céu! Mais apertada que lata de sardinha. Cheia de caixa, papel e tudo que se possa imaginar.
Peguei uma pasta enorme com meu nome escrito e voltei para a escadaria.
Cada degrau era uma lágrima, não tinha forças nem para respirar naquele prédio. Quando cheguei no vigésimo quinto andar, encontrei o mesmo funcionário que estava arrumando o elevador e sabem o que o desgraçado disse?- Ô moça, a senhora desceu pelas escadas mas têm dois elevadores bem ali ó! - disse ele apontando para um corredor próximo.
- Oh sério? Que cabeça a minha! Da próxima vez eu os uso.
*Meu subconsciente: tomara que você morra igual aqueles lá do Premonição 2! 'aaaaaah' como eu te 'odeiooo'
Depois de azarar de todas as formas possíveis o Felisberto (sim, esse era o nome do indivíduo) me dirigi a sala do senhor Bruno para entregar aquela papelada.
- Com licença, bom dia senhor Bruno eu venho lhe entregar esses documentos...
- Quem é você?
- Sou Frida... a sua nova secretária... o senhor não lembra de mim?
- Não, mas já que está aqui deixe esses papéis aqui e me faça um favor.
- Claro! O que o senhor precisar.
- O meu filho mais jovem vai sair daqui a pouco da escola e eu quero que você vá buscá-lo.
- Espera aí, o senhor tem um filho mais jovem que o senhor Tarcisio?... mas tudo bem eu vou sim, só preciso do endereço da escola. - disse eu observando o velho anotar algo num pequeno papel.
Eu apenas fiz o que ele pediu apesar de não ter nada a ver com o meu emprego.Enfim gente, cheguei na escola (particular óbvio) e encontrei o menino. Se chamava Mauro e estava muito constrangido por conta de algo que tinha acontecido.
- Oi, você é o Mauro?- perguntei.
- Sou, agora vamos embora daqui que eu não aguento mais essa escola! - disse ele já sabendo quem eu era.
Rapidamente um outro garoto apareceu rodeado de outros alunos que juntos riram do Mauro. Um desses meninos disse:
- Olha só galera! O 'viadinho' também tem babá hahaha! - disse ele ainda afrontando.
- Do que eles estão falando Mauro? - eu perguntei
- Eles só estão brincando agora vamos embora!
- Ah nossa! Além de baitola é covarde também kkk
Na verdade, Mauro virou motivo de chacota por ter beijado um outro menino da escola e com isso todos os alunos começaram a caçoar dele. Eu decidi então falar:
- Escutem todos, se ele beijou ou deixou de beijar um menino, não é problema de ninguém aqui. Vocês como alunos devem respeitar uns aos outros! Eu tenho um amigo gay e eu sei das dificuldades e preconceitos que ele sofre. Vocês deviam rir mesmo é de vocês próprios, seus palhaços! Bando de gente mimada do caramba!... vem Maurinho 'vambora' daqui.
Ai gente, nessa hora me senti uma heroína! Bem plena puxei o Maurinho daquela confusão e o levei para a sua casa.
Depois retornei à Bhenevenutto, onde encontrei uma pilha de documentos para ler. Me sentia tão viva, tão útil.
Já era tarde da noite quando voltei para casa, de 'busão' 'pra' variar.
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A Vida Sofrida de Frida
RastgeleFrida sempre quis morar longe dos pais. Com 21 anos ela consegue o que tanto quer e muda de cidade. Porém sua vida vira de cabeça pra baixo e ela terá que enfrentar os problemas do dia a dia com o amigo gay Vitinho e a empregada Nicreuda. Atenção...