Hope Sanders.
Tic tac.
O relógio batia não tão alto, mas eu focava apenas em escutar aquele som irritante. Qualquer coisa era melhor do que a voz da mulher a minha frente. Era minha segunda, terceira, ou não sei quantas vezes ali, e sempre tinha que escutar as mesmas coisas.
— Você terá quinze minutos para usar o telefone, duas vezes na semana. — Ela parecia atrapalhada ao olhar o papel em sua mão.
— Você é nova aqui? — A mulher me encarou, era a primeira vez que eu trocava uma palavra desde que cheguei. Ela assentiu.— Está explicado! Se olhar no meu relatório pode ver que não é minha primeira vez aqui, agora, pode me dar a chave do meu quarto?
Ela parecia tentar não transparecer a aparência de assustada ao ler que era minha terceira vez naquele lugar. E algo me diz que não será a última, julgando pelos meus atos e pela cara da minha mãe ao meu lado.
— Dessa vez a estadia dela vai ser maior. — A mais velha ao meu lado falou firmemente.— E se quiser tirar o benefício da ligação.
— Primeira vez: vender drogas nos corredores da escola. — A mulher a minha frente disse olhando o relatório.— Segunda vez: Se envolveu com gangues e roubos.
Sorri. Eu não podia mudar o que eu tinha feito, eu só queria saber o motivo de eu estar aqui, pela terceira vez, aliás, não foi nada demais.
— Tenho que relatar a terceira vez. — Cruzei os braços encarando minha mãe, esperando uma boa resposta não só para a mulher, mas para mim também.
— Resolvo isso com o diretor depois. — Minha mãe se levantou pegando a chave e uma caixa com algumas coisas para eu usar, que provavelmente seria o uniforme.
Sabemos o jeito que ela irá 'resolver' com o diretor depois. Sentia pena do meu pai, ele fazia de tudo pra encobrir minhas burradas -talvez seja pra não manchar sua imagem- e recebia uma traição de presente.
Me levantei abrindo a porta, tirei um chiclete do meu bolso colocando na boca. Minha mãe falava algumas regras enquanto eu andava pelos corredores a procura de Amber. A menina era filha da mulher que cuida dos documentos e da biblioteca, então ela estudava aqui e dormia aqui, das outras duas vezes que eu vim pra cá ela foi uma das poucas que fiz amizade.
Mas ao invés disso...
— Steve! Como você tá bonito — Minha mãe o bajulou e eu revirei os olhos. — Seu pai está?
— Sempre fui. E sim, ele acabou de chegar.
Ele me encarou de cima a baixo e eu senti repulsa. De todas as vezes que eu vim aqui, Steve sempre tentava algo comigo, ele era simplesmente o maior babaca, que não encosta nem em uma mosca e só está aqui por ser filho do dono, apenas isso. Se gabava de ter uma vida perfeita, que eu poderia destruir em um minuto, com apenas algumas palavras: Seu pai trai a sua mãe com a minha.
— O bom filho à casa torna. Faz o que, dois meses que saiu daqui? — Ele cruzou os braços e eu sorri falso.— Como está Bryan?
— Ótimo, aliás, chegou mais da sua injeção caso queira.
Seu sorriso se desfez, minha mãe me encarou incrédula e eu mantinha meu sorriso no rosto. A mais velha me puxou pelos braços, caminhando pelos corredores enormes e sem cor.
— O que você estava pensando, Hope? E se Bernard aparecesse na hora? — Ela parou assim que chegamos na porta do meu quarto. Que por incrível que pareça era o mesmo das outras vezes.
— Ele iria saber que o filho dele injeta drogas em si mesmo quando está sozinho, pra curar o vazio que tem na vida dele. — Falei simples e ela colocou a mão no rosto respirando fundo.
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Rumors - Nick Mara;
FanfictionHope Sanders se encontra perdida após uma série de acontecimento assustadores no internato. Agora ela tem que decidir em qual versão acreditará, nos rumores ou na possível inocência de Nick Mara.