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Um mês se passou desde do banimento dos irmãos. As coisas não poderiam estar mais perfeitas para eles. Alfheim era um lugar incrível, as fadas não os julgavam e eram extremamente amigáveis. Loki havia começado à se abrir emocionalmente, contando algumas de suas ambições e frustações à Thor, que por sua vez ficava realmente feliz pelo avanço que havia feito com o mais novo. O casal estava mais do que bem, estavam felizes, animados e finalmente em paz. Porém, as coisas em Asgard iam de mal à pior. Odin adoeceu, seus poderes haviam fraquejado e ele já não conseguia mais adiar o inevitável. Ela estrava chegando, conseguira se libertar de seu exílio e sua sede por morte e destruição só aumentava.

Odin não tinha mais à quem recorrer, teria que chama-los. O destino de Asgard estava nas mãos de seus filhos. Escreveu uma carta e entregou para um soldado, pedindo para que levasse até Alfheim e entregasse pessoalmente para seu filho Thor. Frigga estava preocupada, não tinha notícias de seus amados filhos à dias, a última notícia que teve, foi de que os irmãos haviam conseguido uma casa boa e estavam se dando muito bem. Agora que o inevitável estava se aproximando, tinha medo do que aconteceria, tinha medo de que seus filhos morressem. Não era de se negar que era uma verdadeira mãe.

Enquanto o rei de Asgard morria aos poucos em sua cama, Loki lia um livro sentado abaixo da sombra de uma árvore imensa. Seus cabelos balançavam com a brisa gostosa da tarde. Thor estava deitado com a cabeça em sua coxa, dormindo sereno e aproveitando algumas carícias que o irmão fazia com a mão livre. Tudo estava calmo, algumas crianças brincavam à alguns metros dali, mas o barulho não incomodava, na verdade era bem gostoso. Mas, como nada é perfeito, um barulho se fez presente junto à uma forte luz colorida que sumiu tão rápido quanto apareceu. O moreno ergueu o olhar singelamente e avistou Frandal. Ele segurava um pedaço de pergaminho enrolado, isso despertou a curiosidade de Loki.

- Príncipe Loki? – O sorriso enorme no rosto do loiro entregava sua felicidade explícita em ver o seu secreto amado. – É bom te ver. – Caminhou calmamente em direção à ele e segurou sua mão livre, dando-lhe um beijo suave e se ajoelhando à sua frente.

- Frandal, meu querido amigo. O que faz aqui? – Loki levou sua mão de volta às madeixas recém cortadas do irmão e continuou a acaricia-lo.

- Vim à pedido de seu pai, tenho que entregar isso ao Thor. – Mostrou o pergaminho e sorriu.

- Odin? O que ele... Não importa, acordarei meu irmão e você pode entregar seja lá o que isto for. – O moreno acariciou a face de Thor e começou a movimenta-lo cuidadosamente para acordar. – Querido... Acorde. – Sussurrou rouco no ouvido do outro que abriu os olhos lentamente. – Nunca foi tão fácil acorda-lo. – Olhou para Frandal e riu.

- Loki, o que? – Thor se sentou sonolento e avistou o outro loiro ali. – Frandal, o que faz aqui?

- Vim à pedido de Odin, ele mandou que eu entregasse isto. – Estendeu a mão e entregou o pergaminho que foi aberto imediatamente pelo loiro. Na carta dizia:

“Meus filhos, eu sei que errei com vocês. Eu sempre achei que soubesse sempre o que fazer e o que era melhor para vocês e para Asgard, mas me enganei. Eu estou morrendo, e foi preciso que eu estivesse nesse estado para perceber que errei. Peço perdão por ter feito vocês sofrerem. Loki, meu filho querido, sei que deve estar lendo isto junto ao seu irmão. Por isso quero que saiba, que eu te amo. Não fui o melhor pai, admito, mas não quero que guarde rancor de mim. Você é inteligente e Frigga se orgulha de você e sua magia, eu também, embora desejasse que se tornasse um guerreiro. Eu quero que continue ao lado de Thor, seja como irmão ou namorado, sei que vocês se amam e nada os impedirá.

Thor, meu garoto. Você se tornou mais forte do que eu, ficou até mais inteligente e sinto que já está preparado para se tornar rei. Eu quero que você fique com o trono junto à seu irmão, sei que dará um jeito de ambos governarem. Filho, eu te amo e preciso que vocês voltem. Está sobre nós, o Ragnarok.

- Odin”

Thor leu a carta atentamente duas vezes, entregando à mesma para que Loki pudesse ler. Assim que o moreno terminou, olhou para Thor assustado e engoliu à seco.

- O Ragnarok? Loki, o que é isso? – O deus do trovão olhou para o namorado um tanto confuso e esperou sua resposta.

- Ragnarok é morte profetizada de todo o nosso povo, a destruição de Asgard. – Ambos se levantaram num pulo e como num passe de mágica, suas vestes mudaram das casuais para as de batalha.

Frandal sorriu e olhou para cima, avisando Heimdall que já poderia abrir à Bifrost. O que não demorou, pois em questão de segundos, ao três se encontravam no caminho de arco-íris e logo na entrada da Bifrost. Correram para o palácio, trombando com algumas pessoas curiosas. Todos queriam saber o que aconteceu para que os príncipes retornassem, haviam sido banidos eternamente, mas agora estavam aqui.

- Thor! – Loki gritou após ver à sala do trono estava vazia. O loiro ainda estava um pouco longe já que o moreno era mais rápido na corrida. – Odin deve estar no quarto! – Puxou o loiro consigo e correu para os aposentos reais.

Abriram a porta e se depararam com Frigga sentada ao lado da cama do marido, que descansava num sono profundo. Ela sorriu ao ve-los e correu de encontro aos dois, os abraçando fortemente e deixando um selar molhado em cada uma das testas. Eles a acolheram num abraço coletivo, demonstrando todo seu amor por ela, afinal ela era a mãe deles.

- Senti saudades, achei que nunca mais fosse ver meus meninos. – Disse a bela senhora de madeixas acastanhadas. – Seu pai está cansado, mas pediu para que quando chegassem o acordasse.- Seu tom de voz era triste, ela sabia que aquela era a ultima vez que o marido acordaria. Levou dois dedos à sua testa e sussurrou algo, fazendo com que o velho Odin abrisse os olhos lentamente. – Eles estão aqui. – E com os olhinhos cheios de lágrimas, deixou um selar singelo nos lábios dele, logo se levantando e saindo do quarto.

Os dois se sentaram um de cada lado da cama, segurando as mãos do homem deitado. Eles se entreolhavam, não sabiam por onde começar e por isso não disseram nada, mas não foi preciso pois Odin se pronunciou, mesmo que fraco sorriu e os olhou.

- Não tenho muito tempo, este é o meu fim. – Suspirou cansado e continuou.- Os chamei por que o destino de Asgard depende de vocês. O Ragnarok começou, minha vida era o que a mantinha longe, mas eu não aguento mais. Ela está vindo.

- Ela? Me perdoe pai, mas está falando de quem? – Thor perguntou obviamente confuso, não estava entendendo. Dessa vez, nem mesmo Loki sabia do que ele estava falando.

- Hela, a deusa da morte. Minha primogênita. Sua irmã. – Olhou para o lado do loiro e parou de falar por um breve minuto. – Ela está sedenta, sua ambição superou à minha e eu a bani, a deixei trancada em Helheim. Ela extrai seu poder de Asgard, se chegar até aqui, seu poder será ilimitado. É por isso que vocês devem detê-la e impedir a destruição do nosso mundo e de todos os reinos. – Aos poucos a respiração do velho foi ficando mais suave.- Eu os amo, meus filhos. – E seus olhos se fecharam. O corpo dele começou a se desfazer e virar uma espécie de poeira cósmica. Odin estava morto.

Os príncipes tentaram não chorar, mas as lágrimas escorreram involuntariamente. Thor abraçou Loki e o apertou tentando se desfazer de sua dor, mas não passava. Era uma dor completamente diferente.

- Hela... Temos que detê-la... – Loki sussurrou secando as lágrimas do irmão e se levantando para sair do quarto.

Agora o destino de todos os reinos estavam nas mãos deles. Hela não destruiria somente Asgard, ela destruiria todo o cosmo se pudesse. Estava tudo nas mãos deles.

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