1. Anomalia Tentadora

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A Rainha se esgueirou para fora de sua cama, se enrolando em uma capa preta para tampar sua nudez.

Não se incomodou em olhar para as duas mulheres nuas em sua cama, eram descartáveis depois de uma noite de sexo. Normani as tiraria dali antes de Lauren voltar do desjejum matinal.

Ela saiu do quarto e desceu as escadas, passou por sua sala de descanso e foi direto para a sala de jantar. Ali, na área privativa dela no castelo, não precisava se importar com roupas, ou bons modos. Só serviçais autorizados entravam ali e depois deles, só seu pai e Normani (as vezes Liam) eram autorizados.

Sentou à mesa já totalmente posta e serviu-se de vinho quente, pescou um bolo ainda bem quente do prato e comeu.

A Rainha tinha vários afazeres aquele dia, coisas realmente importantes para resolver sobre o reino e sua vida pessoal. Precisava se casar e precisava se casar com alguém que aceitasse suas condições.

Sendo sozinha por toda a vida, Lauren teve uma criação fechada, restringida de tudo, sendo ensinada à ser uma boa rainha para o seu povo. Então, há cinco anos atrás, seu pai começou a ter sérias falhas de memória e os conselheiros perceberam que o Rei Michael II não estava mais apto para ser rei.

Foi quando Lauren entrou em cena. Parecendo boa à todos os conselheiros, não demorou muito para ser coroada rainha de Starler. No começo, ela fez grandes mudanças no reino e no castelo. Tirou alguns conselheiros, trocou alguns generais, reduziu a comida no castelo para que sobrasse mais para o povo. Mesmo com tais mudanças radicais, todos estavam maravilhados com as atitudes perfeitas da nova rainha.

Então, houve um baile. Um baile de comemoração à coroação. Lauren nunca tivera muito contato com pessoas em geral, principalmente com homens. Mas o baile mudou tudo.

Ela se encantou por um soldado em especial. Um homem alto, negro, de sorriso fácil. Normani tinha a ajudado naquele dia. Colocou o homem em sua cama e o fez jurar que nunca contaria nada a ninguém. Ele foi amante de Lauren por um mês. Então ela se cansou e procurou por outros.

Logo tinha se tornado um ciclo vicioso conhecer todos os tipos de sexos. A Rainha se tornou pervertida, todas as noites uma pessoa diferente em sua cama, homem ou mulher, Lauren era encantada pelos dois. Tal novidade não foi bem aceita aos conselheiros, mas ela não se importou. Ela não importava com nada além do povo, ela era a Rainha, ela mandava em tudo.

Todos tentaram casá-la com príncipes e reis poderosos. Entretanto, Lauren era astuciosa. Ela fazia com que todos eles conhecessem sua fama, a odiassem, e logo todos estavam tomando o rumo de seus reinos, se negando a se unirem a tal rainha sem escrúpulos.

Lauren vagava seus pensamentos sobre tais tentativas de matrimônio, até rindo as vezes quando lembrava das palavras dos homens para ela, quando Normani entrou no cômodo.

A dama de companhia da Rainha estava em seus trajes rotineiros. Normani usava um longo vestido branco de mangas largas, com arabescos dourados desenhados na bainhas dos braços e das pernas. Era um tecido fino, esvoaçante,  de corte simples mas que deixavam a mulher deslumbrante. O branco destacando totalmente a pele negra da mulher.

Ela parou um pouco para respirar e a rainha percebeu que Normani tinha corrido até ali.

- Tem muito tempo que você está aqui, Lauren? - ela perguntou ainda bem ofegante.

- Não muito, por que a pressa? - Lauren perguntou.

- Vim lhe contar algo que com certeza vai interessar. - Lauren ergueu a sobrancelha, curiosa. Fez um gesto com a mão para que a dama se sentasse junto a ela. - Uma viajante chegou à cidade, acompanhada de uma amiga, ou serviçal, mas essa parte realmente não importa. - ela se serviu de vinho. - Uma prostituta.

Lauren deu uma risadinha, parecendo totalmente debochada. Uma prostituta? O que tinha de excepcional nisso? Ela já havia se deitado com tantas.

- E dai? - a Rainha perguntou, quase arrogante. - O que importa uma prostituta viajante?

- Bem - Normani fez uma expressão divertida, sugestiva. - O que importa é que ela não é uma simples prostituta viajante.

- E o que ela tem de especial? - a essa altura, Lauren já estava totalmente envolvida. Sua alma curiosa por qualquer oportunidade de um sexo diferente a fez ficar completamente interessada nessa prostituta.

- Ela não é uma mulher, e tampouco é um homem. - Normani sorriu ao ver a expressão de dúvida da rainha.

- O que ela é, então? E por que é chamada de "ela"? - a rainha questionou.

- Ela prefere assim. - a negra deu os ombros. - Agora deixe que eu te explique, minha Rainha. - Lauren fez uma careta para a formalidade. Odiava aquilo vindo de Mani, eram mais que Rainha e dama. Eram amigas. - Ela tem o que os homens tem.

- Arrogância? - Lauren perguntou, rindo.

Mani também deu uma risadinha, mas negou com a cabeça.

- Ela tem traços femininos, cabelos longos, seios. Sua voz é doce, como a nossa. Mas ela não tem o que temos no meio das pernas. - Lauren franziu o cenho. Como assim? - Ela tem... um pau, Majestade. Mas é mulher.

Lauren arregalou os grandes olhos verdes.

- Como é possível tal anomalia? Ela é uma aberração. - quem quer que ouvisse as palavras da Rainha, a acharia muito arrogante. Mas na verdade Lauren estava muito curiosa. Nunca tinha visto algo assim antes.

- Ela nasceu assim, Lauren. Algo sobre um parto difícil. Mas eu pensei que você ficaria tentada a conhecê-la. - Normani sugeriu.

Lauren pensou sobre. Era verdade, ela estava tentada, bastante. Como uma mulher poderia ter um pau? Aquilo era totalmente novo à Rainha. E ela pensava que tinha visto de tudo.

- Traga-a aqui esta noite, Normani. Eu quero conhecer essa mulher, ou homem. Quero conhecê-la.



A Concubina RealWhere stories live. Discover now