Capítulo 6

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 Assim que pisei os pés na escadinha da entrada de casa, ouvi um barulho e alguém gritando. Com certeza era o Rafael e ele brigava com o Fernando. Com quem ele estava brigando a não ser o Fernando...?

– Você é um mesquinho, seu imbecil! – Fernando gritou apontando o dedo para o rosto dele e em seguida deu um tapa no rosto dele.

– Ei! Ei! Para com isso! Seu filho da mãe! – gritei e tentei separar os dois. O Fernando era mais forte que eu, mas ao me ver tentando tirar um de cima do outro, ele saiu por si mesmo.

– Esse desgraçado! Sua bicha desgraçada! – ele gritou.

– Para de brigar, vocês dois!

Olhei para o Rafael e ele estava com o rosto sangrando.

– Vai para o quarto, Rafa, eu vou ir lá daqui a pouco.

Assim que ele correu para o quarto, olhei para o Fernando com tanta raiva. Ele também estava com aquele sentimento, mas contra o Rafael.

– O Rafael está precisando de ajuda, não de um idiota pra socar a cara dele.

Mesmo antes dele começar a xingar, subi correndo para o quarto.

– Ei... – era uma das poucas vezes que a porta estava aberta – você tá bem?

Ele virou o rosto para minha direção, mas não me olhou.

– O que aconteceu?

– Eu não sei. Ele só me xingou e começou a falar um monte de coisas, depois me bateu, acho que estourei e disse algo que ele não gostou – ele mostrou as marcas na costela – não se preocupa com isso, eu não estou ligando. Vamos ir a algum lugar amanhã?

Estranhei a pergunta.

– Aonde você quer ir amanhã?

– Não sei, faz tanto tempo que não vou ao cinema. Será que tem algum filme interessante? Ou na biblioteca.

– Acho que sim. Podemos ir na biblioteca, depois no cinema. Eu fico bem por você está bem.

Ele sorriu, parecia realmente feliz.

Ele escolheu uma comédia romântica e eu, por ser seu irmão, fui obrigado a assistir com ele. Queria ver um de ficção que parecia ser legal, mas o segui. Qual era o problema? Ele ia escolher o de ficção, pelo eu achava que escolheria, ele gostava. Até que não foi tão ruim assim, era legal vê-lo dar risada do filme e as vezes comentar. Talvez ele tivesse realmente bem, mas tinha algo no fundo dos olhos que ainda me preocupava, mas conforme o tempo passava, ele ia se animando mais e eu estava gostando que ele conversasse com alguém de dentro daquela casa que se tornava um caos a cada dia que passava. Alessandra e Fernando estavam quase se separando, mamãe estava se envolvendo com outro cara e o Rafa estava com tanta raiva dela está substituindo o papai daquela forma. Ela estava tão feliz e o fato dela se sentir daquela maneira o magoava profundamente.

– Ela vai continuar vivendo a vida dela, infelizmente ela vai encontrar alguém. Você não pode se sentir assim.

– Você não entende? Ela tá substituindo o papai! Ele era nosso pai! Ela não pode fazer isso, ele nos amava.

– Mas isso não justifica! Ela se apaixonou, ela vai ficar com ele.

– Eu não quero que ela fique com ele! – ele disse. Estava tão irritado que até parei de falar para que ele não se sentisse culpado por começar uma briga e se machucar depois – desculpa – ele estremeceu.

– Tudo bem. O papai não está mais aqui, você precisa entender.

– Eu sei, mas não quero que seja assim. O papai era meu melhor amigo, meu cúmplice. Eu queria que a nossa família voltasse a ser o que era antes, nós éramos felizes, o papai, a mamãe, todos ali! Eu não quero – ele começou a chorar – eu não quero ver que tudo desmoronou! Eu amava a minha família como ela era antes! Você se lembra? Nós éramos felizes, Danilo! – ele olhou para mim com o rosto cheio de lágrimas – ele disse que não ia me abandonar e que tudo daria certo, isso não é justo, ele dizia que amava a mamãe também e ela faz isso...

Antes de você partir - conto LGBTOnde histórias criam vida. Descubra agora