Montmartre

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Olá pessoal, mais um capítulo fresquinho aqui. Desculpem a demora, estava muito ocupada esses últimos dias e quis demorar um pouco mais para fazer um capítulo mais completo pra vocês. Ficou um pouquinho extenso rs... Espero que gostem e comentem. 

Não esqueçam do voto ★ !!! 

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Um presente?.. Eu?.. O que ela pensa que eu sou?.. Um objeto qualquer para servir de barganha, ainda que seja entre reis?!... Se todos os meus instintos nesse momento não me mandassem abaixar a cabeça a acatar sua ordem, eu juro que diria umas verdades na cara dela. Se bem que isso iria acabar piorando minha situação, afinal eu não sou uma pessoa indispensável. Ela bem que poderia mandar outra pessoa para Montmartre. Mas por que eu então?... Isso me incomoda, ela não me daria de presente assim depois de permitir que eu ficasse tantos anos vivendo sob seu teto, certo?! Nossa... Dar-me de presente ?! A que ponto cheguei... No entanto, deve haver algo a mais por trás disso tudo.

"Você já pode voltar para seus afazeres!", disse a mulher de olhar gélido a minha frente.

"Com sua licença, vossa Majestade", fiz uma leve mesura e saí do grande salão em direção a cozinha, ainda processando o que acabara de me acontecer. 

O que vou fazer agora?!... Logo agora que eu já estava acostumada a minha vida aqui. Tudo bem que não é a vida com a qual sonhei para mim, e tenho certeza que também não era o desejo de meus amados pais que eu passasse o resto de minha vida cozinhando, limpando e lavando como uma escrava em um castelo. Eu tinha sonhos quando criança, eu queria ser médica, cuidar das pessoas. Sempre me pareceu algo tão corajoso e tão altruísta, doar-se para o bem-estar do próximo, achei que um dia eu conseguiria estudar e me formar para dar uma vida melhor a minha família. Antes é claro, de eles terem sido arrancados de mim daquela forma tão brutal. Meu pai costumava dizer que nós éramos especiais, que éramos nobres, mas acho que isso era mais uma das muitas histórias que ele contava para me distrair durante nossas viagens, em nossas dezenas de mudanças, para lá e para cá. Afinal como poderíamos ser nobres?! Não tínhamos um tostão sequer. Meu pai sempre foi muito trabalhador e minha mãe também, ela costumava vender jóias e outros artigos raros que achava durante nossas viagens para senhoras ricas dos reinos, que sempre pagavam uma miséria, diga-se de passagem. Contudo, não era de todo ruim viver transitando de um lugar para outro, acho que posso dizer que já vi mais lugares e conheci mais pessoas em minha vida do que muitos, apesar de ser tão nova. Mas isso em minha infância, e essas memórias estão cada vez mais distantes, como em um sonho, em que vejo os rostos dos meus pais.

"E então, o que ela queria com você?!", perguntou Yumi me tirando de meus devaneios assim que sentei-me à mesa da cozinha.

"Ela vai me dar de presente!", falei distraidamente pegando a faca e uma batata. Odeio descascá-las, mas felizmente sou boa nisso, então nunca demoro muito.

 "O quê???!!!", a voz de Yumi soou exaltada dessa vez.

"Ela quer me dar de presente ao rei de Montmartre pela recente coroação dele, disse que faz parte da tradição dar presentes nessas ocasiões. Então eu serei a criada dele, se passar em uma espécie de seleção ou algo do tipo...", permaneci concentrada em meu serviço enquanto Yumi parou de mexer a panela que estava ao fogo.

"Ela só pode estar louca!!!", exclamou sentando-se ao meu lado.

"Shiii!!! Você está doida?.. Quer que te escutem?.. Você seria castigada!", falei olhando em volta para me certificar que estávamos a sós.

"Ela não pode te mandar embora Jennie... V-você é minha menina..", falou enquanto lágrimas desciam por sua face. Meu coração se apertou no peito.

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