Hell In Nightmare

Prólogo

Donna acordava no avião com alguém lhe chamando, balançando levemente seu ombro. A garota dos olhos azuis levantou as pálpebras e focou sua visão em um único ponto, até que ficasse nítida. Olhou para o lado e viu sua amiga, Kaya, lhe encarando com um sorriso divertido.

— Chega de dormir, queridinha. Coloque os cintos, logo estaremos pousando. — A loira disse enquanto sorria com ansiedade. — Serão as melhores férias!

— Eu espero mesmo que seja, não juntei dinheiro o ano todo para ter uma péssima viagem. — Donna resmungou enquanto se ajeitava no banco e prendia o cinto.

— Cara, você apagou. São apenas seis horas de voo, como conseguiu dormir? — Kaya estava tão animada que chegava a impressionar a amiga. Donna também estava empolgada, porém preferia não demonstrar, sempre fora uma garota fechada.

— Trabalhei o ano inteiro para poder fazer essa viagem, finalmente estamos livres da faculdade. — Suspirou. — Tinha que descansar pelo menos um pouco, pois não pretendo fazer isso durante a viagem.

— É assim que se fala, garota. — Kaya comemorou.

Após alguns minutos, o avião finalmente pousou. Donna estava animada, porém se continha. Kaya tagarelava sobre as praias de Miami, dizendo que deveriam ser maravilhosas e ter muitos garotos bonitos. Donna apenas sorria e concordava.

A amizade das duas era um tanto quanto estranha. Kaya era chamativa e faladeira, adorava festas e a cada dia estava com um garoto diferente. Donna era exatamente o oposto. Tímida, quieta e teve apenas um relacionamento sério em toda sua vida; que durou apenas dois anos. No entanto, elas decidiram fazer a mesma faculdade: administração. Foi então que a amizade começou. Kaya tentava fazer com que sua amiga se divertisse mais, porém Donna não estava muito interessada.

— Temos que pegar um táxi até o hotel. — A loira de olhos azuis disse.

— O aeroporto está cheio, vamos torcer para conseguirmos achar um vago. — Kaya, que tinha os olhos verdes, respondeu.

Após pegarem suas malas, foram atrás de um táxi. Tiveram que esperar por duas horas, mas tinham tempo. Enquanto Kaya continuava falando no caminho para o hotel, Donna olhava pela janela, admirando a bela Miami. Ela sempre teve o sonho de conhecer a cidade, via muito pela televisão e em revistas, então decidiu que, quando terminasse a faculdade, a primeira coisa que faria seria sua viagem. Por terem convivido durante cinco anos, Donna compartilhou a ideia com Kaya e a chamou para fazer parte de sua viagem; a loira aceitou de imediato.

Chegando ao hotel, foram logo para o quarto, que elas dividiriam; os custos seriam menores se fizessem aquilo. Não era nada muito luxuoso, porém bastante confortável. Duas camas de solteiro, um guarda-roupa que seria o suficiente para as duas, e um banheiro de tamanho mediano, fora alguns outros móveis.

— Estou exausta. — Kaya se jogou em uma das camas, enquanto sua amiga olhava pela janela, que tinha vista para a praia de Key West.

— Eu não. — Donna deu ombros. — Por isso foi bom dormir no avião.

— Preciso dormir antes de fazermos alguma coisa.

— Tudo bem, vou dar uma volta pela praia.

— Não se perca. — Kaya riu.

— Farei o possível.

Enquanto Kaya pegava no sono, Donna trocou de roupa, colocando algo mais confortável; short jeans, camiseta e chinelo. Pegou também seus óculos escuros, já que o sol da cidade era forte e radiante. Saiu do quarto, pegou o elevador e esperou calmamente que chegasse ao térreo. Não estava levando nada além do celular e dinheiro, pois queria apenas passear pela areia e observar o mar.

Quando já estava perto da praia, tirou os chinelos e os segurou em mãos, colocando os pés na areia e sentindo a gostosa e relaxante sensação. Em Los Angeles, onde morava, havia praias, mas nada como as de Miami; fora o fato de que ela tinha pouquíssimo tempo em seu dia a dia.

Continuou caminhando e pensando em coisas aleatórias, sorrindo sozinha e observando os banhistas. Quando se deu conta das coisas, já tinha se afastado consideravelmente da área popular. O lugar onde estava era deserto, ninguém caminhava por ali, Donna estava sozinha. Ela podia ter sentido medo ou insegurança, mas achou interessante aquela parte da praia, então continuou seguindo em frente.

De repente, a garota avistou uma pequena casa, era feita de madeira e alguns galhos estavam espalhados ao redor. Percebeu que tinha algumas poucas árvores por ali. Ao chegar mais perto, viu que a porta estava quebrada, assim como o piso da pequena varanda.

Uma espécie de cabana abandonada.

Decidiu entrar, a curiosidade já tomava conta de si. Por dentro, o local tinha móveis quebrados e revirados, objetos pelo chão e muita poeira. Bem no canto de uma parede, escondido atrás de uma poltrona, havia um papel no chão. Donna foi até lá e se abaixou para pegar, vendo a foto de um garotinho. Franziu a testa, então deixou a foto em cima de um sofá.

A garota começou a se sentir cansada, já sentindo os olhos pesarem. Estranhou tal sensação tão de repente, mas continuou olhando a cabana.

Ao parar em um quarto, viu uma cama. Donna já quase não conseguia se manter de pé. Que mal poderia haver em se deitar um pouco e descansar? Nenhum, pensou. Então foi exatamente o que fez, deitou-se na cama desconhecida e pegou no sono rapidamente.