Capítulo 6 - Explode the body

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Donna Collins

Kaya não tinha ido à faculdade naquele dia, ou seja, passei a maior parte do tempo sozinha. Não que eu não tivesse outros amigos ou fosse antissocial, mas nunca me aproximava muito das outras pessoas que eu não tinha uma convivência maior. Na verdade, eu nunca tive muito tempo para socializar, minha vida era à base de estudos e trabalho, só havia ficado amiga de Kaya porque ela começou a puxar assunto, então acabamos tendo uma afinidade, mesmo que nós fôssemos completamente distintas uma da outra.

Claro que eu conversei com outros colegas, porém na maior parte do tempo eu estava sozinha, estudando como sempre. O contato que tive com os outros foi de poucas palavras e, mesmo assim, por obrigação ou porque eles mesmos vieram falar comigo. Eu preferia ficar conversando com eles, mas, por conta do trabalho, meu tempo para estudar em casa era mínimo, então tinha que aproveitar ao máximo os minutos que tinha.

O dia demorou a passar sem Kaya fazendo piadas e rindo comigo, no entanto foi tranquilizante, fazia muito tempo que eu não me sentia tão leve, mesmo com livros em minha frente. Acho que eu só precisava de um pouco de silêncio e paz, pois o tempo todo estava muito sobrecarregada.

E então chegou a hora de ir embora. Eu já estava no estacionamento, entrando em meu carro, quando meu celular começou a tocar. Deixei minhas coisas no banco do carona e o atendi, recostando-me no banco, sem nem ver quem estava fazendo a ligação.

— Alô?! — disse de forma calma, acho que eu estava tranquila até demais.

— Filha! — ouvi a doce voz de minha mãe do outro lado da linha, fazendo meus olhos se encherem de lágrimas apenas por estar falando com ela.

Fazia séculos que não nos víamos e as ligações eram raras, pois eu nunca tinha tempo para fazê-las ou recebê-las.

— Mãe! Ah meu Deus, nem acredito que finalmente estamos nos falando.

— Nem eu, querida. Tenho tantas coisas para perguntar, já deve fazer meses que não nos falamos.

— Sim, eu peço perdão por isso, mas está tudo muito corrido e puxado.

— Tudo bem, eu entendo isso. Mas me conte as novidades, vamos aproveitar esse tempo. Como está a faculdade?

— Tudo indo muito bem, estou exausta, mas feliz em realizar meu sonho — abri um sorriso bobo, mesmo que ela não estivesse vendo.

— Fico tão feliz por você — eu jurava conseguir ouvir o choro entalado em sua garganta. — E a viagem pra Miami? Vai conseguir fazer?

— Dei uma olhada em minha conta esses dias, vou conseguir sim — sorri, imaginando como seria. — E também terei a ajuda de Kaya, com duas pessoas fica mais fácil dividir as contas.

— Estou com saudades — ela disse baixinho. — Todos nós estamos.

— Eu também, mãe — deixei cair uma lágrima, vendo o horário no relógio do carro. — Preciso ir, tenho que trabalhar — disse relutante.

— Tudo bem, não se atrase por minha causa. Eu te amo, filha.

— Também te amo, mãe — falei, encerrando a ligação logo em seguida.

Sequei meu rosto e guardei o celular em minha bolsa. Comecei a tirar meu carro do estacionamento, mas meus pensamentos estavam longe. Às vezes eu tinha vontade de largar tudo só para estar perto de minha família novamente. Mas o que seria de nós se eu fizesse isso? Eu era a única da família que havia conseguido chegar até a faculdade, eu precisava continuar, precisava dar uma vida melhor para mim e para eles.

Estava tão distraída enquanto dirigia, que só fui voltar para a vida real quando acabei quase atropelando uma pessoa na rua. Foi o tempo exato de frear o carro e impedir que uma tragédia acontecesse.

Hell In NightmareOnde histórias criam vida. Descubra agora